Cotidiano

Moro aceita Dilma como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht

SÃO PAULO. O juiz Sérgio Moro aceitou a indicação da presidente afastada Dilma Rousseff como testemunha de defesa do ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht. Moro se manifestou nesta sexta-feira em um dos processos a que Odebrecht responde na primeira instância da Justiça Federal. A solicitação de arrolar Dilma como testemunha havia sido feita pela defesa do empresário, preso há quase um ano (dia 19 de junho) na Operação Lava-Jato.

Moro determinou, em despacho, que seja enviado um ofício informando Dilma sobre a convocação dela como testemunha. Ela poderá responder se prefere ser ouvida em audiência na Justiça Federal, ou se prefere responder a perguntas enviadas por escrito.

“Oficie-se, desde logo, em ofício a ser subscrito pelo Juízo, à Exma. Sra. Presidente informando que foi arrolada como testemunha de defesa pelo acusado Marcelo Bahia Odebrecht e indagando se prefere ser ouvida em audiência ou que lhe sejam encaminhadas perguntas a serem respondidas por escrito (…) Solicite-se resposta, se possível, em cinco dias, já que a ação penal conta com acusados presos”, disse Moro.

A decisão de Moro ocorre em um momento considerado crucial da Operação Lava-Jato. Marcelo Odebrecht está negociando acordo de delação premiada; os investigadores esperam que o empreiteiro revele detalhes sobre financiamento da campanha da petista em 2010 e em 2014.

A prerrogativa de decidir como responder aos questionamentos decorre de artigo do Código de Processo Penal que determina que o presidente, assim como o vice e os presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal (STF) podem optar por prestar depoimentos por escrito.

Esta não é a primeira vez que Dilma Rousseff é arrolada como testemunha de defesa de um réu na Lava Jato. Em janeiro de 2015, a defesa do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró fez um pedido para ouvir a então presidente, mas depois desistiu do pedido.