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Rival de Usain Bolt, Justin Gatlin disputa desafio no Rio

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ROMA – Justin Gatlin deu uma volta ao mundo no último mês antes de desembarcar no Brasil para o Desafio Mano a Mano, que acontece neste domingo, a partir das 11 horas, em pista montada sob um lago na Quinta da Boa Vista. Entre os dias 8 de maio e 2 de junho, o americano de 34 anos percorreu um total de 29.893km ? considerando que seus voos foram diretos, sem conexões ? para vencer quatro provas de 100m entre Japão, China, Estados Unidos e Itália. Neste domingo, ele terá como rivais os brasileiros José Carlos Gomes Moreira e Vitor Hugo dos Santos, além de Richard Thompson, de Trinidad e Tobago. O evento terá ainda um desafio paralímpico e outro feminino.

A jornada de Gatlin começou no japonês Golden Grand Prix de Kawazaki, em 8 de maio, quando venceu com 10s02. Foi a única vez que ele não correu na casa dos nove segundos nesse período.

Seis dias depois, fez o voo mais curto nessa jornada para ganhar a etapa de abertura da Liga Diamante, em Xangai, na China. Com 9s94, bateu o nigeriano Femi Ogunode (10s07), até então, o dono da melhor marca do ano (9s91).

Gatlin superou o tempo de Femi no dia 28, após cruzar o mundo de volta para os EUA. Em Eugene (Oregon), a segunda prova de 100m na Liga foi considerada a mais forte da distância antes dos Jogos do Rio, já que reuniu Femi, o jamaicano Asafa Powell e o também americano Tyson Gay.

Gatlin venceu com 9s88, exatos seis centésimos de segundo à frente de Asafa.

Cinco dias após Eugene, na última quinta-feira, Gatlin venceu o Golden Gala (apesar de ser também uma etapa da Liga, a prova de 100m era uma disputa à parte), em Roma, com 9s93. Da cidade italiana, voou para o Rio.

Em todas essas etapas ? seja durante as refeições com os demais atletas ou nas entrevistas antes e após as vitórias ?, o americano jamais perdeu o bom humor. Mesmo quando foi perguntado, na entrevista coletiva na véspera da prova romana, o que achava de ver parte da imprensa europeia o tratando como o ?moço mau” que tenta derrotar o ?moço bom?, Usain Bolt.

? Entendo que essas histórias fazem parte da mídia. Muitos jornais gostam de sensacionalismo. Eu acho isso chato, mas tento não me importar ? afirmou. ? Prefiro pensar nos fãs. Todas as vezes que venho a Europa, recebo um carinho muito grande do público. Para mim, isso é o mais importante.

Gatlin foi pego no antidoping duas vezes (2001 e 2006) e ficou suspenso por quatro anos. Curiosamente, suas melhores marcas vieram a partir de 2010, ano em que voltou a competir. Essa mancha no currículo, no entanto, não parece ser um problema. Entre os atletas, ele é querido. Não é raro vê-lo distribuindo palavras de incentivo ou brincando após as provas.

Sua escolha para disputar o Mano a Mano, entretanto, foi uma surpresa. No início do ano, a organização do evento tinha certeza que Usain Bolt correria pela quarta vez no evento carioca. O jamaicano, inclusive, já havia opinado sobre os adversários ? ele não corre nenhuma prova promocional, em nenhum lugar do mundo, sem que tenha esse poder de escolha.

Especula-se que o principal motivo da desistência tenha sido a lesão na coxa esquerda, que vem incomodando-o desde o Mundial de Pequim, em agosto de 2015.

ESTRATÉGIAS DISTINTAS

Na reta final de preparação para os Jogos, Bolt e Gatlin têm utilizado estratégias bem diferentes. Enquanto o americano corre todas as competições que aparece, Bolt fez apenas duas provas de 100m nesta temporada: nas Ilhas Cayman, no último dia 14, e na República Tcheca, seis dias depois. Ele venceu ambas com respectivos 10s05 e 9s98.

Sua próxima prova será no no dia 11, na Jamaica. Já Gatlin irá investir firme nos treinos de velocidade após evento no Rio para chegar bem no pré-olímpico dos EUA, a partir de 1º de julho, que é seu primeiro grande objetivo neste ano. Na ocasião, pela primeira vez na temporada, ele correrá os 200m.

* O repórter viaja a convite da IAAF