Policial

Fraude em licitações deixou rombo de cerca de R$ 600 mil

Os secretários de Saúde e de Finanças foram detidos pelo Gaeco

Cascavel – Dois secretários de Santa Tereza do Oeste e dois empresários de Cascavel foram presos na terça-feira (26), durante a quarta fase da Operação Panaceia, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) para combater fraudes em licitações de medicamentos na região. O Ministério Público estima que R$ 600 mil tenham sido desviados dos cofres da Prefeitura desde 2013.

Foram presos os secretários Fernando Prado (Saúde) e Júlio Cezar Valdomeri (Finanças) e os empresários Márcio José Veiga e Joe Henrique Franz, sócios da empresa Hospilab. Outra empresa de Cascavel, que não teve o nome revelado, também foi alvo do Gaeco nesta fase da operação. As empresas Fernamed e Gralha Azul, investigadas desde o início da Panaceia, também participaram do esquema em Santa Tereza.

De acordo com o delegado Thiago Nóbrega, as fraudes começavam já no processo licitatório, inclusive com a participação do secretário de Finanças. As empresas faziam um jogo de “cartas marcadas” para vencer a concorrência e depois dividiam os valores com os demais envolvidos.

“Eram entregues quantidades bem inferiores do que as contratadas. Muitas vezes eram entregues produtos diversos daqueles contratados. Estas fraudes iniciaram em 2013 e ainda estavam ocorrendo em relação a uma das empresas envolvidas. Por isso os empresários foram presos. As outras empresas praticaram as fraudes, mas, atualmente, não as realizavam mais”, comentou Nóbrega.

Nos contratos analisados durante a investigação foram encontrados indícios de fraude em cerca de 30 processos licitatórios. Conforme o delegado, os donos das empresas investigadas e funcionários da Prefeitura de Santa Tereza do Oeste serão ouvidos pelo Gaeco.

Desvios chegaram a 40% do contratado

Durante a quarta fase da Operação Panaceia foram cumpridos quatro mandados de prisão, seis de condução coercitiva e nove de busca e apreensão nas secretarias de Saúde e de Finanças de Santa Tereza do Oeste e em empresas de Cascavel. Na casa de um dos sócios da também Hospilab foram apreendidas armas e munições.

No gabinete do secretário de Saúde foram encontrados R$ 6 mil em espécie. Segundo Thiago Nóbrega, Fernando Prado não soube explicar a origem do dinheiro. Ainda de acordo com o delegado, não há dúvidas da participação deste no esquema de fraudes.

“Temos comprovantes em nome do secretario de Saúde, mostrando que uma das empresas fazia depósitos em uma conta no próprio nome dele. Não há prova mais clara do que esta”, ressaltou.

O delegado afirmou que não há como precisar quanto cada um dos envolvidos recebeu durante o período em que a fraude foi realizada. Entretanto, as investigações apontam que o secretário de Saúde recebia, apenas de uma das empresas, R$ 2,5 mil por mês, em média. Os desvios chegavam a atingir 40% do valor da licitação.

Nóbrega disse ainda que não há provas do envolvimento do prefeito Amarildo Rigolin no esquema. A reportagem de O Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Santa Tereza, mas as ligações telefônicas não foram atendidas. Também foi tentado contato direto com o prefeito, igualmente sem sucesso.