Cotidiano

Risco de epidemia: Zika avança no Paraná e tem 84 confirmações

No Estado são mais de 7,3 mil casos de dengue; Oeste tem cinco casos de Zika

Capitão Leônidas Marques – O boletim da Secretaria Estadual da Saúde, divulgado na terça-feira (23), confirmou 84 casos de zika vírus no Paraná, 32 autóctones, 38 importados e 14 em investigação de origem. Cinco deles estão no Oeste, entre os municípios de Cascavel, Toledo, Assis Chateaubriand, Santa Helena e Tupãssi. Há ainda no Paraná 430 casos suspeitos, 135 na região.

O risco de epidemia de zika é iminente, conforme o chefe da Vigilância Epidemiológica da 10ª Regional de Saúde de Cascavel, Daniel Loss, já que o período é propício para esse tipo de enfrentamento, por conta do clima úmido e quente.

Ele relata que, apesar dos avanços em pesquisas para a formulação de vacinas capazes de controlar a dengue e o vírus da zika, é necessário manter constantemente os esforços convencionais que evitam a proliferação do mosquito.

“Hoje, o que dá resultado no controle das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti é a eliminação de qualquer recipiente que possa acumular água”, explica.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou recentemente a continuidade de testes clínicos para a vacina contra a dengue, que deve ser liberada até o fim do ano no País. Segundo Loss, a imunização é mais uma forma de combate à doença, e não a única. Estudos com mosquitos transgênicos, estéreis e bactérias resistentes ao vírus estão em fase de elaboração e servem, caso comprovada sua eficiência, para eliminar o vetor.

“No entanto, não podemos descuidar das ações diárias”, diz ele. 

O acesso à vacina contra o zika vírus deve demorar um pouco mais. Isso porque os estudos devem ser finalizados em até três anos, conforme Loss.

“Em um primeiro momento, as doses da vacina da dengue e da zika devem ser ofertadas por meio da saúde pública a apenas um grupo específico, que ainda não foi definido”, acrescenta Daniel Loss.

Crítico

Loss ressalta que o momento em relação à dengue é crítico, principalmente na região, que tem característica endêmica. No Oeste, foram confirmados 1.872 casos da doença, 1.524 autóctones e 348 importados. As cidades de Santa Terezinha de Itaipu e Serranópolis do Iguaçu enfrentam uma epidemia. Por sua vez, Capitão Leônidas Marques, Cafelândia, Santa Helena e São Miguel do Iguaçu estão na escala dos municípios com surto epidêmico.

Em Capitão, a situação é ainda mais grave, já que apenas dez novos casos já resultariam em epidemia. Um dos episódios mais recentes de dengue ocorreu em uma unidade de saúde, quando uma agente de endemias foi diagnosticada com a doença, totalizando 31 confirmações, conforme o boletim. No Paraná já são mais de 7,3 mil casos de dengue e 11 óbitos.

Transmissão

O deslocamento dos moradores da região a outros estados foi o que provocou, até o momento, a circulação do vírus da zika no Oeste, já que todos os casos positivos são importados. Conforme Daniel Loss, apesar de em laboratório o vírus da zika ter sido encontrado em amostras de urina e saliva, a forma de contágio ocorre somente pela picada do Aedes aegypti.

“Encontrar o vírus nessas amostras não quer dizer que tem capacidade de transmitir por esses meios. Por enquanto não há estudos que apontem isso”, esclarece.