Cotidiano

Bill Clinton é arma secreta de Hillary para a economia

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WASHINGTON – Hillary Clinton está tendo uma tarefa dupla ? lutar com Bernie Sanders pela indicação democrata e enfrentar os ataques de Donald Trump, virtual candidato republicano. Para isso, vem usando cada vez mais um apoio de peso: seu marido, o ex-presidente Bill Clinton. Hillary, favorita no partido para disputar a Casa Branca em novembro, tem destacado o nome do eventual ?primeiro-cavalheiro? da política americana para tentar reforçar sua imagem nos debates sobre a economia, além de pedir que ele a represente em alguns eventos.

? Bill Clinton vai ajudar a revitalizar a economia, porque, como vocês sabem, ele sabe como fazê-lo ? disse Hillary Clinton num comício, domingo, quando afirmou que o marido é especialista em ?cidades do interior?. ? Ele tem que sair da aposentadoria e estar no comando.

Na segunda-feira, contudo, questionada se Clinton faria parte do Gabinete, Hillary foi concisa, respondendo apenas ?não?, indicando que ele pode atuar como conselheiro especial, ou outra função ainda não detalhada. Segundo publicações especializadas, o marido deverá se concentrar em pontos-chave de algumas regiões deprimidas do país, mas não na formulação de políticas em geral, para não passar a imagem aos eleitores de que Hillary estaria ?terceirizando? o governo ao marido.

O uso do nome do ex-presidente vem a calhar num momento em que as pesquisas indicam que Hillary é mais mal avaliada que Donald Trump em assuntos econômicos ? e este pode ser o grande tema na disputa pela Casa Branca. Ao usar o nome de Clinton, volta à memória dos eleitores um dos últimos períodos prósperos do país, quando os EUA viveram um superávit orçamentário, criaram 23 milhões de empregos e retiraram 7,7 milhões de pessoas da pobreza. Por outro lado, Trump tem acusado a política de Clinton de ter ?aberto? demais o país, permitindo que empresas americanas levassem suas produções para o exterior, sobretudo para o México. Este ponto tem apelo junto aos eleitores mais jovens, que não se lembram do período de bonança de Clinton.

Trump pode usar traição com Lewinsky

Nos últimos dias, o ex-presidente fez uma série de comícios no Oregon, enquanto Hillary se concentrava no Kentucky. Clinton também cumpriu agenda em Porto Rico, que realiza primárias democratas no dia 5 de junho e definirá até 67 delegados, ou 2,8% dos 2.383 necessários para a nomeação.

Analistas acreditam que Clinton ainda pode adotar o papel de ?tira mau? e ser encarregado dos ataques mais pesados contra Trump, evitando que Hillary tenha que baixar o nível das críticas para atingir o republicano. Isto, de certa forma, já ocorreu na pré-campanha de 2008, quando Hillary disputou a nomeação do partido contra Barack Obama. Na época, alguns analistas afirmaram que o ex-presidente, algumas vezes, tinha ?errado no tom? contra o companheiro de partido.

A presença de Clinton na campanha, contudo, pode dar mais margem para que Trump faça ataques pessoais contra o casal. Ele já usou o episódio da traição com Monica Lewinsky ? que levou o então presidente a enfrentar um processo de impeachment, arquivado ? para atacar Hillary, dizendo que ela ?agiu muito mal? com as ?amantes? do marido no período, tentando reduzir o apoio que a ex-primeira-dama tem com o eleitorado feminino. Trump vai tentar manchar a reputação da rival.

O dia de ontem foi de mais tensão entre os democratas, antes mesmo dos resultados das primárias. Líderes partidários acusaram os apoiadores de Bernie Sanders de terem iniciado uma confusão na convenção do partido em Nevada, no sábado. O evento, em Las Vegas, chegou a ser interrompido. Políticos do partido se preocupam que o episódio possa se repetir na convenção nacional da legenda, em julho, em Filadélfia, e que isso gere dificuldades para Hillary ? se ela de fato garantir a nomeação ? unificar o partido. ?Se o Partido Democrata quer ser bem-sucedido em novembro, é imperativo que todos tratem nossos apoiadores com a justiça e o respeito que eles merecem. Infelizmente isso não aconteceu em Nevada?, contra-argumentou Sanders, em comunicado. A campanha de Hillary não se pronunciou sobre o tema ontem.