
Brasil e Brasília - Brasília – O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar qualquer tentativa de golpe de Estado, poucos dias após depor como réu no Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que investiga uma suposta trama para romper a ordem democrática em 2022. Em publicação feita na rede social X, na sexta-feira (13), Bolsonaro classificou a investigação como uma “farsa” e afirmou tratar-se de “uma caça às bruxas contra mim e contra os milhões de brasileiros que eu represento”. Segundo ele, o processo judicial seria “movido por vingança, não por verdade”.
A manifestação ocorre na esteira de uma reportagem publicada pela revista Veja, que aponta que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e colaborador da Justiça, teria mentido ao STF durante seu acordo de delação premiada. De acordo com a revista, Cid utilizou um perfil não oficial (@gabrielar702) para se comunicar em redes sociais, contrariando medidas restritivas impostas pelo ministro Alexandre de Moraes no contexto da colaboração judicial.
A Farsa
Na avaliação do ex-presidente, o conteúdo das mensagens atribuídas a Mauro Cid reforça que o processo em curso está baseado em falsidades. “As mensagens escancaram o que sempre dissemos: a ‘trama golpista’ é uma farsa fabricada em cima de mentiras. Um enredo montado para perseguir adversários políticos e calar quem ousa se opor à esquerda”, escreveu Bolsonaro.
Ele destacou, ainda, trechos das supostas mensagens de Cid, nas quais o ex-ajudante afirmaria que “Bolsonaro não ia fazer nada”, que “não precisa de prova, só de narrativa” e que “a sentença já está escrita”. Para Bolsonaro, esses trechos demonstrariam que a delação foi feita sob coação, o que, segundo ele, comprometeria sua validade e justificaria sua anulação.
Tom elevado
Diferentemente da postura adotada durante o depoimento ao STF, quando chegou a pedir desculpas por ataques anteriores ao ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro elevou o tom em sua publicação nas redes sociais. Reafirmou que a delação de Mauro Cid deve ser anulada e cobrou a libertação dos civis e militares detidos após os atos de 8 de Janeiro, incluindo o general Walter Braga Netto, seu ex-candidato a vice em 2022.
“Esse processo político disfarçado de ação penal precisa ser interrompido antes que cause danos irreversíveis ao Estado de Direito em nosso país”, afirmou. Ele ainda fez um apelo: “Reflitam sobre o preço dessa escalada autoritária. Chega dessa farsa. Não se constrói um país sobre mentiras, vingança e arbítrio.”
Conversas Sigilosas e Implicações
Conversas sigilosas
As conversas que apontariam violações por parte de Mauro Cid teriam ocorrido entre janeiro e março de 2024, cerca de cinco meses após a formalização de seu acordo de colaboração. Segundo a Veja, nas mensagens Cid chega a afirmar que Alexandre de Moraes já teria uma “sentença definida” e demonstra expectativa quanto a uma possível vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA como fator favorável aos réus.
Em um dos trechos revelados, Cid diz: “Eu acho que já perdemos… Os Cel PM (coronéis da Polícia Militar do DF) vão pegar 30 anos… E depois vem para a gente”.
Datafolha: Comparativo Lula vs. Bolsonaro
Datafolha: Lula é pior que Bolsonaro
Levantamento realizado pelo Instituto Datafolha mostra que o presidente Lula (PT) é percebido como tendo desempenho inferior ao do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em áreas sensíveis como combate à inflação e segurança pública. A pesquisa, realizada nos dias 10 e 11 de junho com 2.004 eleitores, comparou a atuação dos dois presidentes em oito temas.
Lula foi superado de forma significativa em segurança e no controle da inflação — área em que enfrenta seu maior desgaste. Segundo o levantamento, 50% dos entrevistados consideram que Bolsonaro teve melhor desempenho no controle de preços, especialmente de alimentos, enquanto apenas 29% avaliam Lula como superior. Outros 17% enxergam ambos com desempenho equivalente.
Mesmo em áreas nas quais Lula baseou fortemente sua campanha, como saúde, meio ambiente e combate à pobreza, os resultados mostram empate técnico. O petista leva vantagem em habitação, educação e geração de empregos, mas com margens estreitas.