RIO – O Brasil não deve ter medo dos efeitos colaterais do ajuste fiscal, na avaliação de Eduardo Loyo, economista-chefe do banco BTG Pactual e ex-diretor do Banco Central. Para Loyo, o país não corre o risco de cometer um “austericídio”, um termo normalmente usado para se referir à crise gerada em países como a Grécia por causa do desequilíbrio fiscal. O economista defende que, com juros altos, o país tem instrumentos para reequilibrar a atividade econômica.
? Tenho ouvido muita preocupação, principalmente de interlocutores estrangeiros. “Como o Brasil pode fazer um ajuste fiscal contracionista?” As pessoas são muito rápidas de se lembrar de lições anticrise, a palavra que vem à mente é o austericídio: ?Vejam só o exemplo da Grécia!?. Não vamos transplantar para o Brasil toda a má vontade com políticas de austeridade em ambientes que falta o que não nos falta. Com o ajuste fiscal efetivamente implementado e tendo os efeitos contracionistas, que a política monetária faça o ajuste necessário para compensar ? afirmou Loyo, durante o Seminário de Metas de Inflação do Banco Central, no Rio.
Analisando o cenário internacional. o economista acredita que o Brasil e outras economias emergentes podem se beneficiar mais dos juros baixos no resto do mundo. Nos últimos anos, devido ao crescimento baixo global, países como os EUA e algumas nações da Europa têm mantidos juros baixos – e em alguns casos até taxas negativas. A estratégia é uma forma de estimular o consumo e elevar a inflação, que quando está muito baixa indica ritmo fraco de crescimento.
? Temos uma agenda muito pesada de sacrifícios que teremos que fazer. Com uma agenda dessa na mão, não seria bem-vinda a complicação adicional da mudança nas condições externas. Para nós, a permanência (dos juros baixos) por mais tempo do que se imaginava foi e ainda continua sendo uma boa notícia ? afirmou Loyo.