Cotidiano

Pro Criança Cardíaca atende 120 menores carentes por mês

RIO – Há 20 anos, motivada pelo apelo de mães pobres que não conseguiam tratamento na rede pública para os filhos com problemas no coração, a médica Rosa Celia Pimentel — especialista em cardiologia pediátrica — decidiu criar o Pro Criança Cardíaca, instituição médica sem fins lucrativos.

Ela comenta que, no início, achava que o projeto seria algo relativamente pequeno, já que não tinha muitos recursos financeiros. Mas, de lá para cá, com a ajuda de pessoas e empresas, a iniciativa tomou grandes dimensões: já foram mais de 24 mil atendimentos ambulatoriais e 1.200 procedimentos invasivos (cirurgias cardíacas e cateterismos).

— Trabalhei durante décadas na rede pública, e quando me aposentei continuei recebendo muitos pedidos de ajuda de pessoas carentes. As consultas, eu tinha condições de fazer por conta própria no meu consultório, mas os procedimentos cirúrgicos exigiam um suporte maior, de que sozinha eu não dispunha. Foi aí que a ideia nasceu — lembra Rosa.

Nos primeiros 11 anos, o projeto funcionou como uma ala de pediatria do Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo. Mas, em 2007, Rosa recebeu a notícia de que a área seria desativada. A partir daí, iniciou uma corrida contra o tempo para conseguir um hospital próprio para a instituição.

— Muitas pessoas diziam que eu teria que sair de Botafogo, já que é uma área de alto valor imobiliário. Mas, como a sede fica no bairro, ir para longe seria muito ruim — lembra Rosa.

A médica conseguiu mobilizar personalidades de diferentes setores na batalha pela construção do hospital próprio. Entre elas, nomes como Caetano Veloso, Maria Bethânia , Roberto Carlos e Eike Batista (por conta da ajuda do empresário, a unidade foi batizada com o nome de sua mãe, Jutta Batista, que era enfermeira).

Com sete andares e 69 leitos (13 em UTI e 46 em apartamentos), o hospital custou R$ 80 milhões e foi inaugurado em 2014, na Rua Dona Mariana, em Botafogo. O dinheiro foi arrecadado por meio de doações, shows e eventos beneficentes.

— Vemos tantas notícias ruins que às vezes esquecemos da bondade humana. A construção da unidade é um ótimo exemplo de que ela existe e está presente entre nós — afirma Rosa.

No ambulatório, são atendidas mensalmente cerca de 120 crianças, indicadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Durante o tratamento, o paciente e sua família recebem todo o suporte: medicamentos, alimentos, livros, roupas e brinquedos, além da atenção dos médicos.

— O hospital se mantém, em parte, com recursos próprios, já que fazemos também procedimentos por meio de convênios. No entanto, lá dentro não há diferenciação entre classes sociais, tanto que muitas vezes a equipe nem sabe se se trata de um paciente do plano de saúde ou não — explica a médica, ressaltando que as doações ainda são fundamentais para a manutenção do projeto.

As informações sobre como fazer doações para o Pro Criança Cardíaca estão disponíveis na página . Em caso de dúvidas, o telefone de contato é 3239-4500.