Só faltou Freddie Mercury para a festa se tornar um épico. Mesmo assim, as mais de 70 mil pessoas que subiram ao topo da colina de Montjuic para celebrar a Abertura dos XXV Jogos de 1992, deixando a capital catalã iluminada a seus pés, saíram de lá em estado de graça. E cantarolando ?Barcelona!?, o arrebatador hino oficial de boas- vindas que o celebrado ídolo, morto oito meses antes, deveria ter apresentado ao vivo em dueto com a mezzo-soprano Montserrat Caballé.
Por sorte existia a belíssima versão original de 1987 (vale conferir no YouTube ? é preciosa). Foi ela que sacudiu a cerimônia de abertura como roteiro musical de apresentação da cidade, e pontuou o espírito arrojado da edição inteira dos Jogos. (E condenou ao merecido esquecimento o banal e meloso tema de despedida ?Amigos para siempre?, de Andrew Lloyd Weber.).
Do mascote Cobi, o hilário cãozinho cubista, à descolada população local, passando pelo encantador idioma catalão que tanto desconcerta brasileiros, os Jocs Olímpics revelaram uma Barcelona orgulhosa, madura e saída das amarras autoritárias do Estado espanhol. Vale frisar que ao contrário do mito criado por interessados profissionais, o embrião do processo de transformação da cidade precedeu sua escolha como sede olímpica. A Barcelona moderna de 1992 havia incorporado o projeto olímpico ao que a cidade se propunha ser, e não vice-versa. Daí a simbiose ter dado tão certo.
Pela primeira vez em três décadas não houve boicotes para esvaziar as competições. Mas a geopolítica mundial tinha passado por uma reviravolta tão colossal ? a queda do Muro de Berlim em 1989 e o subsequente desmembramento do império socialista ? que no desfile de abertura muitos dos próprios atletas mal reconheciam suas novas bandeiras. E jornalistas que faltaram às aulas de geografia tiveram de fazer um intensivo relâmpago para identificar bandeiras e nomes de países ressuscitados.
Nominalmente, a temida superpotência olímpica União Soviética deixara de existir. Sua sigla URSS fora substituída por outra, CEI, que aglutinava a recém formada Comunidade de Estados Independentes composta por doze nações do antigo bloco. Mas o poderio esportivo por trás da identidade troncha não mudou: encerradas as 257 provas dos 24 esportes disputados, a CEI saiu de Barcelona conquistando o maior número de medalhas, à frente dos Estados Unidos. Dorrit Harazim, a série
Os países bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), por seu lado, se desgarraram do espólio socialista e desfilaram de forma independente pela primeira vez em mais de meio século. A Iugoslávia havia se desmembrado em quatro enquanto as duas Alemanhas haviam se fundido em uma. E a África do Sul, tendo banido o apartheid, se reintegrava à comunidade olímpica pela primeira vez desde 1960 ? a ovação recebida pelo líder negro Nelson Mandela foi do tamanho do seu sorriso.
Da arquibancada real, Juan Carlos I da Espanha a tudo assistia satisfeito. Sobretudo ao desfile da garbosa equipe de seus súditos, que tinha como porta-bandeira o filho iatista, Don Felipe de Borbón, príncipe das Astúrias (hoje Felipe VI, seu sucessor no trono). Foi quando se deu a constrangedora debandada.
Uma parte dos atletas espanhóis desmancharam a impecável coreografia do desfile e trataram de buscar o troféu que valia ouro: um autógrafo das majestades mais idolatradas no estádio naquela cerimônia de abertura. O Dream Team, time de sonhos do basquete profissional dos Estados Unidos, desembarcara em Barcelona como um país à parte. O magnético Michael Jordan, o bailarino Magic Johnson, o falastrão Charlie Barkley, o parceiro Scottie Pippen, o veterano Larry Bird , o gigante Patrick Ewing, o sóbrio Karl Malone e outros cinco integrantes da equipe foram os deuses do olimpo de 1992.
Um gigantesco painel publicitário de 30 metros de altura com a imagem de Jordan em pleno voo rumo à cesta, da Nike, foi o emblema dos Jogos. O Dream Team mal cabia na Olimpíada e ainda menos na Vila dos Atletas, onde teria sido impossível que as estrelas dessem um passo sequer. Ademais, com rendimentos somados de quase 73 milhões de dólares à época, eles jamais cogitaram se misturar. ?Para mim, o espírito olímpico é vir aqui e derrotar todos os outros times do mundo, e não vir aqui e morar durante duas semanas com eles?, explicou sem rodeios o menos assediado John Stockton.
Enquanto permaneciam encastelados no Hotel Ambassador, com uma sala de jogos exclusiva de 300 metros à disposição, cortesia da Nintendo, os Jogos propriamente ditos prosseguiam sem solavancos. Nos dias em que davam um rolé pelas Ramblas ou se apresentavam na quadra Palau d?Esport de Badalona, embaralhavam o resto. No jogo contra o Brasil, o premiadíssimo tenista Boris Becker e o peso pesado Evander Holyfield enfrentavam a mesma impossibilidade de obter ingresso que o catalão comum. Cambistas cobravam U$ 2500 do felizardo que pudesse comprar uma lembrança única da história do esporte ? aquela formação de craques jamais viria a se repetir.
Não que as partidas do Dream Team fossem propriamente eletrizantes. Contra todos os adversários eles marcaram mais de 100 pontos e o confronto mais apertado foi contra a Croácia (103 a 70). O Brasil perdeu de 127 a 83. Ainda assim eram espetáculos à parte, com tietagem explícita inclusive dos oponentes. ??Às vezes me pergunto se não estou administrando um grupo de rock?, constatava o técnico da equipe Chuck Daly.
A única disputa feroz que preocupou o Dream Team, e chegou a tumultuar a subida ao pódio do time, ocorreu fora da quadra. A Reebok, segundo maior fabricante de material esportivo à época, era a patrocinadora oficial do time americano. Havia desembolsado U$ 160 milhões para ter sua logomarca no peito da delegação na olimpíada que entronizou a comercialização do esporte mundial. ?Todo atleta que não estiver usando o uniforme oficial não sobe ao pódio?, avisara o presidente do comitê dos Estados Unidos.
Só que Michael Jordan, sozinho, embolsava U$ 21,5 milhões para reluzir na premiação com o logo Nike no agasalho. ?Jogo pelos Estados Unidos, mas o meu país não é dono da minha imagem?, fincou pé o nome maior do Dream Team. Havia outros contratados da Nike no time, mas era Jordan a mina de ouro mais valiosa da empresa. A multinacional chegara a criar 28 modelos diferentes de tênis com o seu nome e não era à toa que desde 1985 ela fechara um contrato vitalício com o camisa 23 do Chicago Bulls.
A questão foi resolvida pelos próprios atletas, entre agentes estressados e dirigentes à beira de um ataque de nervos. Ao subirem no pódio para receber o ouro, os membros Nike do Dream Team, como que tomados por um surto de patriotismo, enrolaram-se na bandeira dos Estados Unidos e encobriram a marca Reebok dos agasalhos. Para os quase 3,5 bilhões de telespectadores foi apenas uma linda imagem.
Toda Olimpíada resulta numa fantástica vitrine de inovações tecnológicas ? seja de materiais esportivos, medição de tempo, apuração de resultados, efeitos especiais. Em Barcelona não foi diferente e uma das marcas mais notáveis foi a quebra do eterno paredão preto de câmeras e lentes zoom Nikon, apontadas pelos dos fotógrafos profissionais para um mesmo alvo. Esse reinado analógico foi rompido com a invasão do paredão preto pela cavalaria branca das máquinas digitais da Cannon. Começara a revolução que desembocaria nas selfies de hoje.
Foi a tecnologia, também, que salvou o arqueiro hemiplégico Antonio Rebollo, designado para acender a pira olímpica com um certeiro tiro na cerimônia de abertura. Ele havia ensaiado com afinco mais de 950 vezes nos meses anteriores mas por via das dúvidas fora montado um dispositivo eletrônico alternativo. Funcionou. Não fosse por um cinegrafista amador, ninguém saberia até hoje que o arqueiro errara o alvo. Foi o dispositivo que acendeu a chama quando a flecha incendiária passou por ela, da mesma forma como se aciona o acendimento automático de um fogão a gás.
Situação inversa, só que com um grau de dramaticidade máximo, ocorreria três dias depois. Perante os quase 11 mil espectadores que apinhavam o ginásio aquático Bernat Picornell o sistema oficial de som passou a repetir uma mesma frase em inglês e espanhol, as duas línguas oficiais daqueles Jogos, junto com o catalão: ?Rogamos ao nadador Gustavo Borges que venha à cerimônia de entrega de medalhas?. Pouco antes, com um atraso inexplicável de doze intermináveis minutos, o painel eletrônico finalmente passara a mostrar o resultado final dos 100 metros nado livre, a prova considerada mais nobre da natação. Era a terceira versão diferente a aparecer no painel.
A maluquice de um atleta medalhado ter de ser caçado por alto-falante para subir ao pódio apenas refletia o pandemônio que envolvera o resultado da prova. E que levara o estreante olímpico de 19 anos e 2m03 de altura, jeitão doce e caseiro, a sequer ouvir o chamado. Gustavo estava encolhido sozinho com sua toalha ainda molhada, uniforme do Brasil e touca de competição, num canto da piscina coberta de aquecimento, ao lado da piscina principal. Dali não conseguia ouvir o chamado.
Na primeira versão do resultado final, o painel indicara Gustavo como lanterninha, em oitavo lugar ? inicialmente com traço, sem tempo cronometrado, depois com um tempo completamente fora da realidade (1min02s04). Desnorteado pela certeza de ter chegado entre os três primeiros, Gustavo foi o último a sair da piscina. Sumiu dali cabisbaixo, perplexo. Fora uma falha do sensor numa das placas de chegada, que não registrara o toque do nadador.
Surgiu então uma segunda versão no placar, junto com a informação ao público de que os juízes haviam revisto o vídeo da prova: o brasileiro saltara para quarto lugar, empatado com o americano Matt Biondi. Mesmo assim a premiação continuava parada e era óbvio que alguma batalha de bastidor se desenrolava fora d?água. Segundo a regra da Federação Internacional de Esportes Aquáticos (Fina), toda delegação tem até trinta minutos para apresentar um protesto se quiser que o caso seja julgado ainda a tempo de pegar a premiação. Depois desse prazo, se houver alteração no resultado, o eventual medalhado recebe seu prêmio em separado, longe dos holofotes. Ou seja, sem plateia, sem aplausos, sem bandeira ou hino, sem registro memorável para o álbum de família.
Assim teria sido fosse outro o chefe da equipe de natação do Brasil em 1992. Coaracy Nunes, então com 54 anos e até hoje presidente da confederação nacional dos esportes aquáticos, levou segundos para suspeitar que a alardeada fenomenal tecnologia Seiko devia ter falhado tanto quanto costumava falhar a da piscina Julio Delamare no Rio. Saltou da arquibancada e foi arrombando caminho até a sala dos juízes, de acesso proibido a dirigentes. Exatado e falando sem parar em português, língua presa e tudo, estava em ebulição pela certeza de que Gustavo chegara em segundo ou terceiro lugar. Conseguiu ser domado por dois juízes estrangeiros de quem era amigo, após obter que nova revisão da prova fosse feita.
Na confusão perdeu os óculos mas ganhou a parada e o resultado definitivo pode ser oficializado: ouro para o novo imperador da prova, o russo Alexander Popov. Prata para Gustavo Borges, paulista de Ituverava, primeiro velocista da natação brasileira a figurar entre os grandes de sua geração. Bronze para Stephan Caron, da França. Quando o atleta paulista finalmente entrou na antessala de premiações onde os medalhados dão uma rápida penteada no cabelo e se aprumam, estava abraçado a Coaracy. Recebeu acoladas da dezena de outros olimpianos que aguardavam a premiação por outras provas e pode degustar seu triunfo.
Nesse caso, a primeira falha fora mecânica e a segunda , humana – teorias conspiratórias à parte, o juiz fora induzido ao erro pelos técnicos e conferira o vídeo de segurança da raia 6, do americano Biodi, no lugar do da raia 5, na qual nadara Gustavo. Felizmente, quando máquinas não se corrigem sozinhas, ainda há utilidade para o homem.
DOIS OUROS PARA O BRASIL
O Brasil, que enviara a maior equipe olímpica de sua história a Barcelona (195 atletas) de lá voltou com dois ouros. Um , individual, foi totalmente inesperado ? o do judoca Rogério Sampaio, que saltou do anonimato à glória em 17 minutos e 53 segundos (o tempo de suas cinco lutas na categoria leio-leve). O outro, coletivo, da equipe masculina de vôlei, estava entalado na garganta desde os Jogos de Los Angeles, em 1984, quando a gloriosa seleção de Bernard, o inventor do saque ?Jornada nas Estrelas?, de William e Montanaro, perdeu a final para os Estados Unidos em três sets de 15-6,15-6,15-7 e voltou para casa com a prata.
Desta vez, embalado por uma torcida bancada com ajuda oficial, mas que no decorrer dos Jogos cresceu de forma espontânea e errática, a geração de jogadores que pisou na quadra do ginásio Saint Jordi estava madura para derrotar qualquer adversário. ?Um, dois, três, quatro mil, quem manda em Barcelona é a torcida do Brasil…? A torcida da camiseta amarelona tornou-se um fenômeno sem igual nos ginásios, quadras, estádios e arenas da cidade olímpica. Dependendo do ponto de vista, ela considerada irritante, estupenda, contagiosa, hilária ou criminosa, mas sempre ensurdecedora.
Mas não foi ela que levou os atores Jack Nicholson e Michael Douglas ao desespero na semifinal contra os Estados Unidos, franco favorito ao trono em Barcelona. E sim a vitória brasileira por 3 sets a 1, que escancarou o o caminho final para o ouro. O vôlei masculino brasileiro chegara à maturidade plena consagrando o mais jovem integrante do time, Marcelo Negrão , de 19 anos, como o mais potente atacante do mundo.
Foi uma trajetória lenta , trabalhada e persistenterumo ao profissionalismo. Ela começou nos Jogos de 1984 em Moscou quando o empresário brasileiro fissurado em esportes Antonio Carlos de Almeida Braga, o Braguinha, empolgou-se com o quinto lugar da já criativa seleção de Bernard, Amauri, Xandó, Renan e Montanaro. Braguinha perguntou ao então presidente da confederação Carlos Nuzman do que ele precisava, além de uniformes decentes para o time, para um resultado de sucesso a longo prazo. Deu nasceu a máquina de conquistar títulos e vitórias que vigora até hoje, abarca o vôlei feminino, se esparrama pelo vôlei de praia e virou paixão nacional.
Por mais que se aprecie a vitória esperada de um favorito inconteste, é o azarão que costuma arrebatar arquibancadas por uma característica irresistível ? o público fica com a sensação de ser ele o underdog que saiu do nada e está ali entre os bacanas.
Algo mais ou menos assim ocorreu com a torcida brasileira e relação a Clodoaldo Lopes do Carmo, primeiro atleta nacional a conseguir se classificar para uma final na demoníaca prova dos 3000 metros com obstáculos.
Os demais competidores brasileiros já haviam sido varridos do Estádio de Montjuic nas provas de pista e campo. Alguns, como o velocista Robson Robson Caetano nos 200 metros e Zequinha Barbosa nos 800 metros, além da equipe de revezamento 4 x 100 metros, com sólidos quartos lugares , porém sem medalhas. Os demais foram sendo eliminados ou na primeira ou segunda fases, ou nas semifinais.
De um dia para outro restava apenas Clodoaldo, camiseta número 146, para disputar uma das duas semifinais de uma prova sem qualquer tradição no país. Já por isso boa parte dos jornalistas brasileiros em Barcelona, inclusive eu, não havia investido nem uma hora de trabalho prévio no atleta ? o que é um erro sem remendo a posteriori.
Pois eis que nosso Clodoaldo zarpa com folga à frente dos demais, faz o melhor tempo da carreira , o segundo melhor tempo olímpico dos Jogos , bate o recorde sul-americano e se classifica de forma soberba para a final do dia seguinte. Um espanto e um sufoco para quem teria de escrever toneladas sobre ele sem jamais tê-lo visto de perto e à paisana.
Consegui estar plantada à porta do alojamento dos atletas brasileiros na manhãzinha seguinte, acompanhada do fotógrafo Antônio Milena, na esperança de que ele saísse antes de ir para o estádio. Caso saísse, tentaria abordá-lo apesar de saber o tamanho da impertinência de só procurar o atleta no momento mais crucial de sua carreira. É algo que não se faz , ponto, mas lá estava eu escudada pela licenciosidade da profissão.
Clodoaldo foi de uma cortesia desarmada quando me viu e aceitou responder a algumas perguntas. ?Estou saindo para treinar um pouco. Venha comigo, a gente vai conversando?, sugeriu , pondo-se a correr. O colega Mileninha, apesar do pesado equipamento fotográfico, ainda aguentou segui-lo por uns 200 metros. Eu parei nos primeiros 100 sem ter conseguido formular uma única pergunta.
Aguardamos sentados o retorno do atleta de um treino que me pareceu interminável. Mesmo assim, Clodoaldo ainda sentou conosco para honrar a promessa. Estava com 28 anos e nascera em Cosmópolis, interior paulista. Quando mencionou a filha pequena que fazia aniversário naqueles dias e teve o olhar marejado ao mostrar a foto da menina, percebi que já dera o máximo de si em Barcelona. Não tinha as emoções blindadas para encarar uma final olímpica. Chegou em penúltimo lugar na colocação final. Até hoje é a melhor colocação de um brasileiro numa prova em que os competidores dão sete voltas na pista de 400 metros, saltam 28 vezes num obstáculo fixo e pisam correndo em sete tanques de água dos quais saem com as sapatilhas encharcadas.
Um mesmo país ocupou os três degraus do pódio da prova o Quênia. Também abocanhou ouro e prata nos 800 metros, prata nos 5000 e 10000 metros, e bronze nos 400 metros masculinos. Só que a nação africana, até então celeiro dos melhores corredores de fundo, e que em 1992 demonstrava fôlego para expandir seus domínios a outras distâncias, parece ter ido ao pote com voracidade demasiada. Atualmente, junto com o atletismo da Rússia, é a delegação mais ameaçada de ser excluída dos Jogos do Rio por suspeita de doping.
Saí de Barcelona seduzida não só pelos traços eslavos, o nariz aquilino, a boca sensual de Alexander Popov. O talento e soberba infernais daquele que viria a se ser apelidado de Principe da Velocidade, ao deslizar nas provas de 50 m e 100m nado livre era viciante. Estava na cara que o reinado do russo estava apenas começando. E que em Atlanta o espetáculo poderia vir a ser ainda melhor.