À primeira vista, a foto que abre esta reportagem pode dar a impressão de mostrar um grupo de mexicanos no Estádio de Remo da Lagoa. Mas trata-se da família do arquiteto José Cristóvão Dantas, de 58 anos, morador de Barra do Piraí, no Sul Fluminense. O motivo para uso de chapéus estilo sombreiro, tradicional no México, vem do alto: o sol escaldante do Rio de Janeiro, que incide livremente sobre os torcedores nas arquibancadas e até sobre os jornalistas nas tribunas de imprensa da Lagoa.
? Na verdade, uso esse chapéu para cuidar do jardim. Ainda bem que tive a ideia de trazê-lo, porque o sol está bem forte ? constatou José.
A temperatura neste sábado, primeiro dia das provas de remo nos Jogos do Rio, chegou à casa dos 30º C por volta das 10h, segundo o site do Climatempo. Isso, vale lembrar, porque é inverno na cidade. Como o Estádio de Remo não tem qualquer cobertura em seus quatro setores de arquibancadas, o público tinha que usar a criatividade para acompanhar as provas, que começaram 8h30m e foram até 13h30m, invadindo boa parte da faixa horária com maior incidência de raios ultravioleta.
Os pequenos Giovanna, Henrique, Yuri e Igor, todos de 9 anos, não se deixavam desanimar pelo sol escaldante durante as primeiras regatas. Giovanna, filha da analista judiciária Glaucia Rangel, de 35 anos, dividia um guarda-chuva com Igor, filho do psicólogo Vitor Abramovitz, de 31 anos.
? Dá vontade até de mergulhar na Lagoa com esse calor ? atestou Giovanna, sendo imediatamente alertada por Igor:
– A gente aprendeu na escola que a água deve ser inodora, insípida e sem cor. Não acho que a Lagoa seja tudo isso. A gente precisa preservar a nossa água, parar de poluir. Está anotando isso? – perguntou Igor, que ainda teve fôlego para revelar sua predileção por esgrima e admiração por Yane Marques, do pentatlo moderno, antes de finalmente ser vencido pelo sol:
? Não aguento mais esse calor ? afirmou, soltando um suspiro, e se calando em seguida.
Quem não tinha algum item à mão para criar sombra precisava se adaptar. Esta era a situação do casal de biólogos Juliana e Julio Amaral, de 37 e 35 anos, respectivamente. Ambos haviam comprado ingresso para o setor 4, que tem visão para quase toda a raia, mas decidiram ficar de pé no gramado próximo à linha de chegada, acompanhando a prova apenas pelo telão. Tudo para aproveitar uma fresta de sombra gerada pela arquibancada provisória que formava o setor 1.
? Eu já fui atleta de remo, estou acostumado com o calor. Ela que não está – afirmou Julio, apontando para a pequena Marina, de apenas 10 meses, no colo da mãe. ? Deveriam ter previsto isso e colocado uma cobertura nas arquibancadas.
O engenheiro e também remador Vinicius Rabelo, de 62 anos, tinha opinião um pouco diferente.
? O sol é forte mesmo. Mas não sei como fariam para colocar a cobertura, porque aqui também venta bastante. Teria que ser algo bem reforçado, e aí não sei se vale o gasto ? ponderou.
Para quem pretende seguir as regatas na Lagoa até o dia 13 de agosto, quando está programado o fim das competições olímpicas de remo, vale seguir a regra número 1 para exposições prolongadas ao sol, independentemente da criatividade: levar (e usar) protetor solar.