CARACAS ? Os presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniram nesta quinta-feira em território venezuelano para analisar a situação da fronteira binacional. Há quase um ano, Caracas fechou a fronteira alegando que esta seria uma medida para combater a falta de segurança na região.
No encontro, os mandatários revisaram um relatório das suas equipes. Em seguida, deverão anunciar uma série de decisões para a normalização das suas relações fronteiriças.
? Estamos recibendo o relatório do trabalho feio durante toda esta semana e com a vontade de fortalecer nossas relações integrais entre governos e nossos povos da Colômbia e da Venezuela ? declarou Maduro em Puerto Ordaz.
Por sua vez, Santos indicou que o documento contém os acordos alcançados pelos ministros para manter a normalidade na fronteira, trazendo benefícios a todos ? e não problemas, em suas palavras.
? A decisão que tomamos há algumas semanas é estudar a forma de ir normalizando a situação de forma gradual e ordenada ? disse o presidente colombiano.
As passagens fronteiriças foram fechadas por decisão da Venezuela gradativamente desde 19 de agosto de 2015. A medida veio após um ataque de supostos paramilitares colombianos contra uma patrulha militar venezuelana.
Em 4 de agosto, em Caracas, as chanceleres da Venezuela, Delcy Rodríguez, e da Colômbia, María Ángela Holguín, avaliaram as condições para a reabertura da fronteira comum de 2.219 km.
? Vamos fazer uma abertura paulatina da fronteira, os presidentes tomarão a decisão assim que se reunirem ? afirmou, então, Holghín.
No encontro entre as chanceleres, do qual também participou Maduro, foi decidida a criação de uma cédula de identidade especial para os residentes da fronteira. Os controles de segurança deverão ser reforçados, uma medida de luta conjunta contra o contrabando de gasolina, o tráfico de drogas e o crime organizado.
No fim de junho passado, os ministros da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, e da Colômbia, Luis Carlos Villegas, acordaram em Caracas reviver a cooperação binacional na área da segurança. Esta colaboração tinha ficado em suspenso após a ordem de Maduro de fechar as passagens fronteiriças.
Apesar do fechamento da fronteira, após uma autorização temporária de Caracas, 150 mil venezuelanos passaram para a Colômbia em julho em três ocasiões. Eles foram ao país vizinho comprar produtos básicos e medicamentos que não conseguem por conta da grave escassez em seu país.
A Venezuela vive uma forte crise política e social, com escassez de 80% dos alimentos, além de produtos básicos e remédios. A inflação mais alta do mundo chegou a 180,9% em 2015 e, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), pode alcançar 720% em 2016.