O agronegócio e as exportações devem ajudar a economia estadual nesse ano, de acordo com projeção do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes). A previsão de safra agrícola recorde, bom desempenho do setor de carnes e das vendas externas devem dar um alento aos efeitos da crise econômica.
A expectativa do Ipardes é que 2017 seja mais favorável do que 2016, ano ainda bastante marcado pelos efeitos da recessão. Ainda não será uma retomada vigorosa, mas de acordo com o instituto, é grande a chance de a economia do Paraná interromper a trajetória de queda do PIB e registrar crescimento.
Em termos nacionais, a última projeção do Banco Central, divulgada em 22 de dezembro, previa um avanço de 0,8% no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2017. Em 2016, o Brasil deve ter registrado uma retração de 3,4% na sua economia.
EXPORTAÇÕES Um dos fatores que devem contribuir para um desempenho melhor da economia é a elevação dos juros nos Estados Unidos e a consequente valorização do dólar. Com a moeda americana valorizada, a tendência é que os produtos brasileiros fiquem mais baratos no exterior. E as vendas externas têm um peso na economia estadual maior do que na média do Brasil. No Paraná, elas representam 12% do PIB, contra uma média de 10% no País, diz Julio Suzuki Júnior, diretor presidente do Ipardes.
Alguns sinais positivos já começam a aparecer do lado das exportações, principalmente para a Argentina. As vendas do Paraná para o País cresceram 33% de janeiro a novembro (último dado disponível), para US$ 1,36 bilhão. As maiores altas vieram das vendas de automóveis, caminhões e tratores. No acumulado de janeiro a novembro, as exportações totais do Paraná somaram US$ 13,9 bilhões, 1,06% acima do mesmo período do ano passado.
CAMPO FAVORÁVEL – No campo, a previsão, se mantido o clima favorável, é que o Paraná tenha uma safra de verão recorde 2016/2017, com a produção, somente de soja, de 18,3 milhões de toneladas – 11% mais do que na safra 2015/2016, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. A produção de soja deve crescer, mesmo com a redução de 1% na área, que deve ficar m 5,23 milhões de hectares.
AVICULTURA – Outro segmento de forte participação na economia do Estado, a produção de frango também deve continuar a trajetória de crescimento. Mesmo com a crise, a produção seguiu com bom resultado.
Maior produtor e exportador do País, o Paraná acumulava, até novembro, 1,61 bilhão de cabeças abatidas de frango. O valor é aproximadamente 5% superior ao mesmo período de 2015, quando 1,53 bilhão de cabeças foram abatidas, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).
A expectativa é que o setor no Paraná tenha fechado 2016 com crescimento de 5% a 7%, de acordo com o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins. Foi um ano difícil, com alta de custos e insumos, recessão e, mesmo assim, conseguimos aumentar a produção e a exportação. Acredito que 2017, com a boa produção agrícola e o câmbio vamos ter um desempenho bom, afirma.
O Paraná exporta frango para mais de 160 países e responde por 35% dos embarques do produto no País. De janeiro a novembro, ao todo 1,43 milhão de toneladas foram exportadas pelo estado até novembro deste ano, 5% mais do que os 1,35 milhão de toneladas durante o mesmo período de 2915, de acordo com levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)
COOPERATIVAS Mesmo com a crise econômica, as cooperativas agropecuárias preveem, para 2017, um crescimento de, no mínimo, 15% no faturamento, embalado pela boa safra e pelo resultado das exportações. No ano passado, as cooperativas estimavam fechar com crescimento de 17% no faturamento, para R$ 70 bilhões.
Foi um ano desafiador tanto política como economicamente. Conseguimos aumentar as receitas, mas tivemos alta de juros no crédito rural e aumento de custos com logística, diz Robson Mafioletti, superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). As cooperativas fecharam 2016 com 85 mil empregados e a previsão é aumentar em 15% esse volume em 2017.
De acordo com ele, a previsão para 2017 é de bons preços para a soja, milho e trigo. E se o clima ajudar teremos uma safra muito boa, diz.
CONFIANÇA Mesmo na indústria, um dos setores mais afetados pela crise econômica, a previsão é de um 2017 um pouco melhor do que seu antecessor. Uma pesquisa divulgada pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostra que 55,11% dos empresários possuem expectativas favoráveis para 2017. Apesar de ser o segundo menor índice da série histórica, iniciada em 1996, apresenta um avanço em relação à sondagem para o ano anterior. Em 2015, apenas 32,89% dos entrevistados estavam otimistas em relação a 2016.
AJUSTE FISCAL Para o presidente do Ipardes, apesar de a crise econômica ter afetado a todos os Estados, o Paraná ainda teve um ano menos pior, graças ao ajuste fiscal, que permitiu equilibrar as contas públicas e que deu maior estabilidade na atração de investimentos. No caso do desemprego, por exemplo, a taxa no Paraná está em 8,5%, abaixo dos 12% registrados pelo Brasil, diz.
O ajuste nas contas públicas também fez com que o Paraná fosse o único Estado a aumentar investimentos em 2016, com R$ 6 bilhões aplicados.
Para 2017, a previsão é investir mais R$ 7,6 bilhões, sendo R$ 2,3 bilhões em pavimentação, restauração e conservação de rodovias estaduais.