Cascavel Não são poucos os excessos que ajudam a explicar a crise que atinge boa parte dos estados e repartições públicas em todo o Brasil. Mesmo com carga tributária superior aos 38% do PIB, uma das maiores do mundo, os governos mal têm dinheiro para cobrir as folhas de salários. E isso precisa mudar, entende o presidente da CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil), George Teixeira Pinheiro. É raro encontrar servidor que ganhe o mesmo, em função idêntica, que um funcionário da iniciativa privada. Pelo contrário, o setor público inflaciona os salários, que chegam a ser em média cinco vezes maiores que os pagos pelo mercado.
George concorda que os servidores precisam ser valorizados, mas não é justo pagar tanto diante de retornos tão pífios. Há muito pesquisas de institutos respeitados apontam que, avaliando a qualidade dos serviços públicos, o Brasil é dono da maior carga tributária proporcional do mundo. Há países desenvolvidos que cobram mais, no entanto lá a saúde, a educação e a segurança pública são de elevada qualidade. A infraestrutura é de fazer inveja e o nível de burocracia é muito inferior que o brasileiro, que simplesmente anula investimentos e condena o empreendedorismo. O Brasil não reúne as mínimas condições para fabricar um Bill Gates ou um Steve Jobs, lamenta o presidente da CACB.
Populismo
Aumentos nos salários de parte dos servidores, muito acima dos índices da inflação, têm conexão com excessos praticados historicamente pelos próprios homens públicos. Por conta, eles se atribuem índices de reajustes e aumentos salariais absurdos. Até recentemente, parlamentares tinham 14º e 15º. Além disso, mesmo que deputado, senador ou governador não seja profissão, eles decidiram que têm direito a aposentadoria. Além de conseguidas em tempo diminuto, de até oito anos em caso de senadores, elas são integrais e pesam demasiadamente na folha de compromissos do Estado.
A síndrome dos supersalários pagos aos servidores públicos ocorre em todo o País. E alcançam os mais diferentes ofícios. Alguns dos melhores exemplos vêm do próprio Congresso, onde copeiras, telefonistas, motoristas e auxiliares chegam a ganhar mais de R$ 10 mil por mês. No setor privado, dificilmente ganhariam mais de R$ 2 mil. Não é que não queremos pagar, simplesmente não há como suportar folhas tão pesadas, encargos e tributos são elevados, diz George. O piso do jornalista gira na casa de R$ 3 mil por mês, mas em algumas instituições, a exemplo de universidades, há casos de salários próximos dos R$ 20 mil mensais.
Reformas são urgentes
Em encontro semana passada com empresários em Cascavel, George Teixeira Pinheiro informou que as reformas são urgentes e necessárias para tirar o Brasil da crise. Não é mais possível, afirmou ele, que as regras que dão suporte a decisões no campo do trabalho sejam as mesmas de 70 anos atrás. Estão obsoletas e engessam as empresas e a economia.
A CACB defende também mudanças na Previdência, com o pagamento de valores justos e razoáveis, de mudanças na política fiscal, com a simplificação e a redução de impostos e, principalmente, com profunda reforma política. Não há como governar um país com quase 40 partidos. Isso é um balcão de negócios e precisamos enfrentar esses limitadores com coragem e serenidade se quisermos recuperar o Brasil, afirmou George.