RIO ? Palco de encontros inéditos e da maior diversidade musical do Rock in Rio, o Sunset anuncia suas primeiras atrações para a edição 2017 do festival, que acontece entre os dias 15 e 24 de setembro, na Cidade do Rock (dentro do Parque Olímpico). No dia 23, ele recebe o cantor americano CeeLo Green, que em 2006 estourou mundialmente com a música ?Crazy? (do projeto Gnarls Barkley, que ele tinha com o produtor Danger Mouse) e que em 2010 voltou às paradas internacionais solo com o desabafo em forma de soul ?Fuck you? (?Forget you?, na versão clean). Já no dia 22 (quando o Bon Jovi ocupa o palco Mundo), o Sunset terá Ney Matogrosso se juntando à Nação Zumbi (leia texto abaixo).
? Eu sou provavelmente mais um vocalista de rock do que qualquer outra coisa, apesar de meu estilo vocal ter também muito a ver com o soul. Fui criado no gospel, e o rock foi o meu primeiro amor. Ouvi muito Mötley Crüe, Judas Priest, Black Sabbath, Iron Maiden… E Kiss, é claro! ? discorre, em entrevista ao GLOBO, o astro nascido Thomas DeCarlo Callaway, há 42 anos, em Atlanta, no estado sulista da Geórgia. ? O meu sentido de espetáculo vem das coisas que essas bandas faziam, que eram maiores que a vida, acima do topo.
Diretor artístico do Sunset, Zé Ricardo revela que estava tentando trazer CeeLo Green desde o último Rock in Rio, mas o astro nunca tinha agenda:
? O CeeLo é algo entre um rapper e um cantor de soul music, uma coisa indefinida que é a cara do Sunset, e também um artista que faz pop com personalidade. Sugeri duas cantoras brasileiras, uma nova e outra que está aí há algum tempo, para que eles pudessem fazer algo juntos, numas duas ou três músicas do show.
Mesmo sem conhecer muito sobre o festival, CeeLo Green demonstra ter feito o dever de casa (?O Rock in Rio acontece desde 1985, não é? É um feito que exista há tanto tempo!?, elogia). Ele diz recordar-se de quando esteve em São Paulo: em 2012, no Sónar Festival.
? Foi uma experiência maravilhosa, uma plateia cheia de energia. Eu sabia que ia ser a primeira de muitas vezes que eu iria ao Brasil ? jura o americano, que costuma associar o país a ?gente bonita, carnaval, felicidade, amor e diversão?, além de uma música muito particular. ? A música brasileira é orgânica, vem da lama. Os tambores, os cânticos, as danças, tudo é muito natural, difícil de descrever. É uma música que traz dor, beleza, sexualidade e espiritualidade.Gnarls Barkley
Oriundo do grupo Goodie Mob (que estreou em álbum em 1995 com o aclamado ?Soul food? e foi um dos destaques do movimento sulista de rap, junto ao Outkast), CeeLo Green lançou em 2015 seu último álbum solo, o oitentista ?Heart blanche?. Desde então, vem se dedicando ao Gnarly Davidson, uma espécie de alter ego, com o qual lançou em dezembro a música ?Fuck me I?m famous? ? isso, depois de ter deixado seus fãs preocupados por causa de um vídeo de câmeras de segurança de um estúdio no qual seu celular explodia enquanto ele falava. Logo se revelou: era um vídeo encenado, feito para promover o novo projeto.
? Foi bom você mencionar ?Fuck me I?m famous? ? observa o cantor, que produziu um clipe tão polêmico quanto para embalar a canção, cujo som é bem menos retrô que de costume. ? Muitas vezes usamos de humor, sarcasmo e audácia e somos vistos como algo ridículo. Mas acho que esse é o futuro da música. Digamos que eu seja um fã do Gnarly Davidson, mas ele não seja exatamente um fã meu.
CeeLo Green conta que tem muitas músicas novas gravadas e estocadas (?Tudo que preciso é que haja uma atenção sobre o meu trabalho, acredito que ainda dê para que minhas canções voltarem a rodar pelo mundo?) e informa que o Gnarly Davidson é um primeiro passo para uma eventual volta do Gnarls Barkley:
? Se nós (ele e o Danger Mouse) decidirmos voltar, temos a internet, nada vai nos impedir.
Mais de uma década depois de lançar ?Crazy?, que levou o álbum ?St. Elsewhere? a vender mais de um milhão de cópias só nos Estados Unidos (e que foi aclamada como uma das maiores canções da década pop de 2000), o cantor ainda não conseguiu decifrar a fórmula do sucesso da composição:
? Mas acho que tudo isso aconteceu porque ?Crazy? é transparente, honesta em termos da expressão. Isso acabou transcendendo quem a fez, já que ela passou a ser parte das vidas dos que a ouviram. É muito gratificante ver que essa canção diz coisas para tantas pessoas.