Cotidiano

Cascavel: Políticas diferenciadas separam pessoas em situação de rua de ‘infiltrados’

Cascavel: Políticas diferenciadas separam pessoas em situação de rua de ‘infiltrados’

Cascavel – Reunião com vários setores ligados à Segurança Pública e Ação Social de Cascavel, na última semana, conduzida pelo prefeito Leonaldo Paranhos, teve como tema central pessoas em situação de rua que estão sendo alvos de criminosos “infiltrados”. Durante o encontro, foi decidido pela criação de duas câmaras técnicas, uma vinculada ao Conseg (Conselho de Segurança) e outra à política de Assistência Social. As duas câmaras técnicas terão a função de estudar ações e criar protocolos para separar pessoas em vulnerabilidade social de criminosos.
Paranhos disse que a convocação para a reunião foi feita porque é necessária uma reação conjunta. É que muitos criminosos acabaram se infiltrando no meio de pessoas em situação de rua para praticar crimes na região central de Cascavel. “Nós sempre tivemos um controle absoluto das pessoas vulneráveis em situação de rua, fazendo o acolhimento, oportunizando a recuperação daqueles dependentes, encaminhando para os nossos programas sociais, inclusive de capacitação, treinamento”, detalhou o prefeito.
Segundo Paranhos, “o que nós vivemos hoje não é mais essa realidade. Nós tivemos um aumento do número de pessoas na rua, mas que não são pessoas em situação de rua. Nós estamos falando de delinquentes, bandidos, criminosos, inclusive sendo usados pelo narcotráfico, e isso tem tirado a paz da nossa cidade, dos trabalhadores, das empresas”.
O prefeito enfatiza, ainda, que é preciso diferenciar pessoas em vulnerabilidade social de criminosos. “Nós temos que tratar as pessoas em situação de rua com oportunidade, e tratar bandidos, malandros, pessoas que não querem trabalhar, mas querem incomodar a vida da nossa cidade, como uma questão de segurança pública”, ressaltou.

Atendimento
A Seaso (Secretaria de Assistência Social) atendeu neste ano cerca de 3 mil pessoas em abordagens sociais, no Centro Pop, Casa Pop e Albergue Noturno, o que demonstra o potencial e alcance de atendimento a esse público. “Nosso grande desafio, que foi colocado nessa pauta, junto com outros órgãos, como por exemplo o Ministério Público, forças de segurança e entidades, é estarmos distinguindo este público de pessoas em situação de rua. Infelizmente, nós temos, sim, um público que precisa do atendimento da área social, precisa de ajuda, mas temos camuflado junto a esse público pessoas que estão ali para cometer crimes, fazer tráfico, roubo, vandalismo. Quem tem sofrido é a sociedade, os empresários, pessoas físicas, que infelizmente sofrem”, afirmou o secretário.

Questão complexa
O tenente-coronel Cícero Tenório, comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar (BPM), confirmou que há muitos marginais “fingindo” serem pessoas em situação de rua. Ele ressaltou que esse trabalho em conjunto é importante para levar ao Poder Judiciário essas pessoas que praticam crimes. “Muitas dessas pessoas que a gente tem prendido na rua hoje, que estão praticando crimes, elas são reincidentes. Essa demanda é uma demanda que afeta todo mundo e que a gente precisa de união”, diz o oficial da PM.
O defensor público André Ferreria disse que a questão é complexa e que precisa levar em consideração três momentos de vida da pessoa em situação de rua. “Como que a pessoa para na rua, medidas que têm que ser tomadas enquanto ela está na rua, de garantia de direitos e como ela pode sair da rua”, observa. A promotora de Justiça Larissa Vitorassi Batistin ressaltou o cuidado que é preciso ter para não estigmatizar as pessoas em situação de rua como criminosas.
“Existem pessoas que estão na rua por diversas circunstâncias de vulnerabilidade social e essas devem ser atendidas. Agora, no meio dessas pessoas, existem pessoas que têm moradia, têm residência e estão na rua para práticas de crime. E com relação a essas, deve-se atuar coibindo a criminalidade. A gente precisa criar um comitê e alguém predica nos diagnosticar essa questão aqui em Cascavel, verificar quem são as pessoas que precisam realmente de encaminhamentos sociais e também se somar a esse comitê as forças de segurança para que seja tratada com efetividade a questão da criminalidade na rua”, declara.