A Seleção Feminina se prepara para mais um duelo. Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (1) ao lado da técnica Pia Sundhage, Marta compartilhou reflexões sobre sua carreira, a evolução do futebol feminino e também comentou sobre a partida decisiva contra a Jamaica, marcada para amanhã (2), às 7h (horário de Brasília), no Estádio Retangular de Melbourne, na Austrália.
O retrospecto é favorável para as brasileiras, que venceram os dois confrontos anteriores contra as jamaicanas. Com a possibilidade de entrar em campo, Marta projetou o último duelo da fase de grupos contra a Jamaica, enfatizando a importância de uma vitória para garantir a classificação para a próxima fase.
“Cada jogo é diferente, o favorito nem sempre ganha. Temos que respeitar o adversário, independentemente de quem está do outro lado. É 11 contra 11. Nunca vi ninguém jogar com 12 ou 13. Temos que fazer acontecer dentro de campo, para que a gente possa se sentir confortável nessa situação. Antes da bola rolar, é tudo igual. Quando rolar, temos que mostrar o nosso futebol. Isso vai depender do nosso desempenho, até então, não tem nada definido”, disse Marta.
“Lógico que o jogo vai ser nervoso, porque é um jogo de mata-mata. Para nós, começou antes do previsto. Temos uma equipe qualificada, mas são jogos de grandes competições. Estamos jogando uma Copa do Mundo, temos que estar preparadas para tudo. Para nós que já vivemos esse momento, temos que estar preparadas. Como a Pia falou, amanhã é um jogo decisivo, e não queremos voltar para casa cedo. Queremos continuar na competição”, completou.
Evolução e Marta em campo
Ao refletir sobre sua evolução desde 2007, Marta reconhece a experiência que acumulou ao longo dos anos e como isso tem influenciado suas escolhas dentro de campo. Ela também enfatizou que está totalmente preparada para enfrentar a Jamaica novamente, e afirmou que dará o seu máximo durante a partida.
“A Marta de 2007 era mais rápida. Hoje tenho que pensar mais em como agir dentro de campo. Com toda essa experiência e todos esses anos de carreira, vou tentar, de alguma forma, tanto dentro de campo, como fora, passar tranquilidade e mostrar que somos capazes de vencer a Jamaica novamente. Aconteceu em 2007, aconteceu em 2019 e vai acontecer amanhã, assim espero”, comentou.
“Estou preparada para jogar, não sei quantos minutos, isso é com ela (Pia), mas se tiver que jogar o tempo todo, eu vou jogar. Se tiver que jogar alguns minutos, vou jogar alguns minutos. Estou bem, treinando normal. Não tem nada que me impeça de entrar amanhã em jogo e dar o meu melhor. Não sei se consigo jogar os 90 minutos, vou lutar para jogar os 90 se ela decidir me colocar em campo para jogar. Estou bem e preparada”, enfatizou.
#Juntas
Em 2003, Marta surgiu no cenário mundial. Hoje, ela se tornou a maior referência do futebol feminino global. Como a jogadora mais experiente do elenco, a ‘Rainha’ está disputando seu último mundial. Por isso, se tornou uma fonte de motivação para suas companheiras de equipe.
“Fico feliz quando escuto isso das meninas, que elas querem ganhar essa Copa por mim, mas elas têm que ganhar por elas. Essa Copa do Mundo não é só sobre mim, é sobre o futebol feminino em geral, sobre essa geração que está surgindo e vai levar esse trabalho por muitos anos. É por todas nós. Não só sobre a Marta. Se isso as motiva um pouco mais, vamos em frente, vamos à luta.”
O legado da Rainha
Em 2023, Marta é símbolo de luta, inspiração e determinação para milhares de mulheres em todo o mundo. Quando iniciou sua jornada no futebol, era difícil encontrar referências na modalidade, o que tornava o caminho para as meninas que sonhavam em jogar futebol mais desafiador. No entanto, ao longo dos anos, a situação mudou significativamente. Atualmente, Marta e sua geração são reconhecidas como referências globais, tanto dentro quanto fora dos gramados, inspirando uma nova geração de atletas.
“ Sabe o que é legal? Quando eu comecei a jogar, eu não tinha uma ídola no futebol feminino. A imprensa não mostrava jogo do futebol feminino. Como eu ia entender que eu poderia ser uma jogadora, chegar à seleção, e me tornar uma referência? Hoje a gente sai na rua e os pais falam. “Minha filha quer ser igual a você”. Hoje temos nossas próprias referências. Isso não teria acontecido isso se nós tivéssemos parado nos obstáculos. A gente pede muito que a nossa geração continue inspirando mais meninas”.
“Há 20 anos, em 2003, ninguém conhecia a Marta. 20 anos depois, viramos referência para o mundo inteiro. Não só no futebol, mas no jornalismo também. Hoje vemos mulheres aqui, que não víamos antigamente. A gente acabou abrindo portas para a igualdade”, concluiu emocionada.
Fonte: CBF/Foto: Thais Magalhães