RIO – Os mais de 9.500 km² estimados para a área de recifes de corais descritos por cientistas brasileiros em 2016 na Foz do Rio Amazonas surpreenderam pelas condições adversas para este tipo de formação. Mas, provavelmente, o ecossistema revelará uma nova surpresa: cientistas envolvidos em uma expedição realizada pela ONG Greenpeace estimam que a área dos corais seja de pelo menos duas a três vezes maior do que o previsto inicialmente. A expedição, cujo principal objetivo é revelar imagens nunca feitas dos corais com o auxílio de submarinos, tem duração prevista de 23 dias, até 15 de fevereiro. Links meio ambiente
Segundo o biólogo Fabiano Thompson, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)? um dos participantes da expedição e um dos autores do primeiro estudo que descreveu os corais amazônicos, no periódico “Science Advances” ?, além de uma área maior, a expedição indica também a presença de espécies nunca descritas.

Inicialmente, o conjunto de esponjas documentadas no local, a partir de três expedições anteriores, somou 61 espécies. Peixes, foram 73. Os recifes se estendem da fronteira da Guiana Francesa com o Brasil ao Maranhão, a cerca de 110 km da costa.

? A região tem forte presença de rodolitos [algas calcárias], esponjas e corais, e tem uma importância altíssima na ligação entre o Brasil e o Caribe. É um corredor de biodiversidade, mas ainda precisamos entender as conexões com manguezais do Amapá e do Pará, com o Rio Amazonas… É um mega, ultra bioma, uma região conectada que a gente não entende ainda ? conta o biológo, lamentando a falta de financiamento para as ciências do mar no Brasil.
O bioma surpreendeu por condições a princípio adversas para a formação de um recife: as águas lamacentas descarregadas pelo Rio Amazonas no mar alteram a salinidade, o pH e penetração da luz, dificultando a formação de corais. O ecossistema encontrado na Foz do Rio Amazonas difere dos corais como os usualmente conhecidos, em águas rasas e quentes.

O Greenpeace alocou, para a viagem, o seu maior navio, o Esperanza. A ONG está fazendo uma campanha pedindo o fim das explorações de petróleo na região ? em 2013, um consórcio das empresas Total, Petrobras e BP arrematou cinco blocos de exploração de petróleo e gás na Foz do Rio Amazonas.
