Cotidiano

Meirelles diz que Lula não interferiu em regras de combate à lavagem de dinheiro

O ministro da Fazenda Henrique Meirelles prestou um depoimento de cinco minutos ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira como testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ao responder às perguntas dos advogados do petista, Meirelles disse que Lula não interferiu nas políticas do Banco Central, que ele chefiou entre 2003 e 2011, e não pediu mudanças em normas editadas pelo banco para tentar combater a lavagem de dinheiro.

— Em 2005, 2006, o Banco Central editou normas estabelecendo que deveriam ser comunicados ao COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) movimentações atípicas ou acima de determinados valores, além de comprovação de origem de recursos — afirmou o ministro. — Não me lembro de ter conversado com ele (Lula), mas certamente não houve interferência contra aplicação de atos normativos.

Meirelles foi ouvido em seu gabinete, em Brasília, por videoconferência, no processo que investiga se Lula recebeu, como propina da Odebrecht, um apartamento vizinho ao que mora atualmente, em São Bernardo do Campo (SP), e um imóvel que sediaria o Instituto Lula, em São Paulo. O ex-presidente nega as acusações. O apartamento vizinho ao seu está registrado em nome de um primo do pecuarista José Carlos Bumlai, e o Instituto Lula não foi instalado no imóvel oferecido pela Odebrecht.

Apenas o advogado Cristiano Zanin Martins fez perguntas durante a audiência de Meirelles. Depois dele, o juiz Moro ouviu o depoimento do general Marco Edson Gonçalves Dias, ex-chefe de segurança de Lula. O militar explicou porque os seguranças do presidente utilizavam o apartamento vizinho ao do petista até 2010. Segundo ele, o imóvel foi escolhido após a realização de um diagnóstico de segurança feito pelo governo federal.

— O prédio foi utilizado várias vezes pela própria segurança durante viagens do presidente a São Paulo. Depois, quando ficavam muitas pessoas andando ali, gente da própria segurança, e perturbavam o dia a dia do prédio, eu aluguei a casa do lado. Aquele apartamento ficou vazio e passou a ser utilizado posteriormente para recebimento de algumas visitas para o presidente — disse o general Dias.

Outras duas testemunhas que seriam ouvidas nesta quarta-feira, o brigadeiro Rui Chagas Mesquita e o deputado federal e ex-governador do Mato Grosso do Sul Zeca do PT, foram dispensadas pela defesa de Lula. Os depoimentos das testemunhas de defesa deste processo serão retomados nesta quinta-feira, quando devem ser ouvidos o ministro Gilberto Kassab (PSD), o deputado federal Paulo Teixeira (PT) e o ex-diretor da PF Paulo Lacerda.