É ‘mania’ do bom brasileiro deixar a saúde para depois. Só que falando em SUS, ‘esquecer’ da saúde gera um desperdício, porque uma consulta ou exame têm custo aos cofres públicos. Em Cascavel, R$ 1.105.200 por ano são ‘desperdiçados’ em exames que a população não busca.
A conta é simples. Em exames anatomopatológicos, que são aqueles usados para biópsia – saber se a pessoa tem câncer, o Município paga R$ 16 mil reais por mês. Com os laboratórios particulares contratados pelo Município – Biovel, Álvaro, Parzianello e Verônica – são R$ 106 mil investidos por mês. Com o Laboratório Municipal, são R$ 185 mil por mês. Isso totaliza, por ano, um investimento em Cascavel de R$ 3.684.000.
De acordo com a Secretaria de Saúde, são 850 mil exames realizados por ano somados todos esses laboratórios. E 30% deles não são retirados pelos pacientes. Isso quer dizer que 30% do dinheiro gastos com exames são ‘jogados pela janela’.
“Se a gente for avaliar o que a gente perde em exame, que é feito e não é retirado, e em consultas especializadas que as pessoas simplesmente não vão, chega a uma quantia assustadora”, ressalta o secretário de Saúde Rubens Griep.
E sim, o fator consulta também é um problema. De acordo com o secretário, são marcadas em Cascavel 8.500 consultas especializadas por mês via Cisop (Consórcio Intermunicipal de Saúde). E o índice de faltas é de 25%. “Temos que lembrar que essa consulta é paga. A gente não deixa de pagar porque o paciente não vai”, lamenta. “Para ultrassom, são 5 mil pessoas esperando na fila. 35% disso faltam na consulta”, complementa.
Medidas
Há aproximadamente dois meses, o Conselho de Saúde de Cascavel definiu por algumas medidas para tentar fazer com que os faltosos se conscientizem. “Com relação às consultas e aos exames, o que ocorria antes era a pessoa marcar e não ir, e aí ela remarcava na frente de alguém que estava esperando. Isso é injusto. Então, a não ser que a pessoa dê uma justificativa plausível, ela perde o direito e tem de começar o processo todo novamente no posto de Saúde”, conta Rubens Griep, secretário de Saúde.
Vantagens do prontuário
Com o prontuário eletrônico o gasto com exames ficou menor e o acesso melhor. Mesmo que o paciente não vá buscar o exame, o resultado fica registrado. Em caso de um diagnóstico que comprometa muito, o paciente é avisado, mesmo se não for buscar. Mas esse registro é ainda mais importante porque, em caso de um paciente não buscar seu exame e for a uma UPA, por exemplo, procurar atendimento, o médico tem acesso ao histórico dele, e não precisa repetir os exames se eles forem recentes. “Antes não funcionava assim. Uma mulher, por exemplo, fazia o exame preventivo em uma unidade, mas quando ia a outra unidade o médico não sabia que ela tinha feito, e às vezes ela não informava, e aí o profissional pedia novamente. Gerando um gasto a mais desnecessário”, explica.
24 carros parados
O que chama a atenção na Secretaria de Saúde é a quantidade de carros estacionados no prédio. São 124 e desses 24 estão parados por falta de manutenção. A maioria criando camada de poeira. É que a antiga gestão não deixou processo de licitação em andamento para consertar os veículos. O processo foi demorado e burocrático e terminou há cerca de um mês. A partir de agora é que os veículos começarão a ser consertados. “É uma licitação que atrai múltiplos interesses, e as oficinas que concorrem disputam muito e embargam o processo. Tende a atrasar mais do que um processo normal”. O Hoje já mostrou a situação de ambulâncias paradas sem uso da Secretaria. E com o processo começando agora, devem ficar assim por mais um tempo. “Temos um grande prejuízo porque precisamos revezar principalmente as ambulâncias. Fazemos o transporte de pacientes intermunicipal quando precisa, e estamos nos virando com vários veículos a menos”, ressalta.