Palotina – Em tempo de estiagem, a irrigação por pivô central vem sendo a alternativa encontrada por vários agricultores para minimizar os impactos das intempéries climáticas nas lavouras. A região oeste do Paraná caminha para se consolidar como um dos polos no Paraná. O sistema é observado com maior intensidade nos campos de Terra Roxa e Palotina.
Há três anos, o agricultor Ricardo De Carli, de Esquina Progresso, em Palotina, decidiu investir na compra do sistema e diz não ter se arrependido. “Em situação de veranico, como essa em que estamos enfrentando, a irrigação é o que me salva dos prejuízos causados pela falta de chuva”, resumiu. Ele conta com três pivôs centrais em sua propriedade que são utilizados em sistema de rodízio.
Em uma área total de 130 alqueires, Ricardo De Carli dedicou 105 alqueires para soja e o restante para a cultura do feijão. “Tenho usado a irrigação todos os dias com a certeza de que os resultados serão satisfatórios”.
Ele iniciou o plantio de soja na área no dia 12 de setembro e as plantas já se desenvolveram. A expectativa – sem arriscar prognósticos em relação ao número de sacas que pretende colher -, é iniciar a colheita na segunda quinzena de janeiro. Em relação ao feijão, Ricardo realizou o plantio em 5 de setembro e já espera colher a partir de novembro.
O investimento é compensado com os resultados obtidos na produção, de acordo com o agricultor. “Financiamos em 12 anos um aparelho que tem vida útil de no mínimo 25 anos”, calculou. O sistema de irrigação é apropriado para a região, por ela apresentar como característica a instabilidade climática. “Enquanto em minha lavoura a soja já evoluiu, nas propriedades vizinhas o produtor precisa torcer pela ocorrência de precipitações de chuva mais intensas no fim de semana”.
Na região de Palotina, há 45 equipamentos em atividade nas lavouras e 70 projetos encaminhados para o financiamento destes equipamentos, segundo o produtor, que é referência em irrigação naquela região.
Sistema apresenta expansão
O técnico do Deral (Departamento de Economia Rural), núcleo da Seab (Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento) de Toledo, Paulo Oliva, disse que a nebulosidade dos últimos dias não foi suficiente para animar o produtor. Mesmo assim, muitos estão nas lavouras nesta semana plantando com a expectativa de chuvas para o fim de semana.
Sobre os sistemas de irrigação, Paulo Oliva cita que a adesão ainda é tímida nos municípios cobertos pelo núcleo, mas essa consciência pode estar mudando. “A irrigação é um sistema que acaba dando retorno ao produtor”. A área de cultivo no núcleo de Toledo é de 470 mil hectares, boa parte dedicados à cultura de grãos.
O engenheiro agrônomo Tiago Paslauski, do entreposto da C-Vale, em Terra Roxa, comenta que o sistema presente foi adquirido por produtores mais antigos e que agora, começa a despertar maior interesse, principalmente por conta do veranico. “Para nossa região onde há transição de clima, é um recurso bastante importante”, avalia.
Brasil tem maior área irrigada do planeta
Com cerca de 20 mil pivôs centrais irrigando uma área de 1,275 milhão de hectares, o Brasil está entre os dez países com maior área irrigada no planeta. Mesmo assim, o País tem potencial para aumentar em cinco vezes as lavouras com essa tecnologia de irrigação. Foi o que mostrou estudo feito pela Embrapa e pela Agência Nacional de Águas (ANA). O relatório revela um aumento de 43% no uso de pivôs desde 2006.
O trabalho identificou uma forte concentração na adoção de pivôs: os 100 maiores municípios concentram 70% da área total brasileira irrigada. O levantamento foi realizado por meio de imagens de satélite em todo o território nacional. Foram identificados pivôs em 22 unidades da federação, todavia 80% da área irrigada encontram-se em quatro estados: Minas Gerais, Goiás, Bahia e São Paulo. O estudo também registrou uma forte expansão da atividade nos últimos anos em Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná.
A irrigação de culturas agrícolas é uma prática utilizada para complementar a disponibilidade da água provida naturalmente pela chuva, proporcionando ao solo teor de umidade suficiente para suprir as necessidades hídricas das culturas, favorecendo a obtenção de aumentos de produtividade e contribuindo para reduzir a expansão de plantios em áreas com cobertura vegetal natural. No caso das culturas irrigadas de soja, milho, café, feijão e outras, o sistema de irrigação mais utilizado é o pivô central.