A família de Luís Pereira de Abreu, de 58 anos, viveu dias de muita dor, tristeza e revolta. O drama começou na última quinta-feira (1º), quando ele foi atropelado e levado à UPA pelo Siate, mas liberado pouco depois. No dia seguinte, passou mal e o Samu o levou para a UPA, que o transferiu para o HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), onde ficou até segunda-feira. Menos de 24 horas depois da alta, ele morreu, em casa. Mesmo assim, o drama ainda estava longe do fim.
Luís começou a passar mal às 6h de ontem, quando a família chamou novamente o Samu, mas ele não resistiu e faleceu. A família não sabia ainda que teria de travar uma briga para que o corpo fosse recolhido e pudesse velá-lo e sepultá-lo.
O filho Mauri conta que “o Samu prestou atendimento, mas não deu atestado de óbito nem outro papel que daria aval para a Acesc retirar o corpo e que o IML também disse que não poderia retirar o corpo”. Resultado: o corpo de Luís ficou seis horas na casa e só foi recolhido depois de a Polícia Civil ser acionada.
Devido ao recente acidente, a direção do Consamu informou que, “nesses casos, a avaliação do médico legal para a identificação da causa da morte é feita pelo médico perito do IML”. Como ele já estava em casa, a Acesc e o IML não assumiam ser responsáveis pelo recolhimento do corpo.
Segundo o superintendente da Acesc, José Roberto Guilherme, quando o Samu atesta a morte, o médico autoriza a Acesc a retirar o corpo. “Nesse caso, a Acesc não teve autorização, pois o paciente sofreu um trauma, recebeu alta e faleceu em casa, portanto, o corpo tem que passar por exames no IML ou pelo SVO [Serviço de Verificação de Óbito] do HUOP”, explica.
Já a assessoria do HUOP informou que “óbitos por causa externa são competência do IML, óbitos por causas naturais em decorrência da evolução de doenças são competência do SVO, caso seja acionado pela família”.
Por se tratar de causa externa (acidente de trânsito), a Delegacia de Homicídios e a Polícia Militar foram acionadas para providências. A equipe do Samu deixou a cena às 7h20, deixando o local sob cuidados de uma guarnição da PM.
A PM informou que quem faz o acionamento do IML é a Delegacia de Homicídios, da Polícia Civil.
Consternado com a situação e sem saber a quem recorrer, o filho da vítima foi até a Delegacia da Polícia Civil e registrou um Boletim de Ocorrência e só então o corpo foi recolhido e encaminhado ao IML, onde passou por exames, seis horas depois do falecimento.
Tratamento conservador
Pela manhã, o HUOP divulgou nota explicando a razão da alta médica um dia antes do óbito: “No hospital, a equipe da neurocirurgia constatou hemorragia intracraniana frontal, porém, sem indicação de cirurgia e sim tratamento conservador. Após a observação, foi constatado que o paciente se manteve estável clinicamente e neurologicamente. A nova tomografia realizada no dia 05/07 demonstrou reabsorção da hemorragia intracraniana, confirmando a evolução através do tratamento conservador. Sendo assim, o paciente recebeu alta para recuperação domiciliar e estava com retorno agendado no ambulatório de neurocirurgia”, e conclui dizendo que os familiares foram orientados sobre o tratamento e que equipe do Pronto-Socorro estaria disponível para atendimento caso houvesse complicação.
Foto: Sidney Trindade/RPC