Cascavel – Líderes regionais estão alinhados e prometem cobrar a obra de duplicação dos seis quilômetros restantes da BR-277 em Cascavel, até o trevo de São João, prometida de novo pelo governo do Estado há pouco menos de um mês.
Em visita à cidade, o governador Beto Richa disse setembro que o Estado vai realizar a obra tirando o dinheiro dos cofres públicos, mesmo sendo em um trecho concessionado, mas que isso evitaria um degrau tarifário e que a licitação sairá do papel até o fim do ano. Ocorre que a menos de 80 dias para 2017 chegar ao fim, não há sinal de que o certame vá ocorrer.
Questionada mais uma vez sobre o assunto, a Seil (Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística) também não confirma a obra: “O DER (Departamento de Estradas de Rodagem) do Paraná informa que, após revisão do contrato com a concessionária, foi definida a duplicação de 3,2 quilômetros da rodovia BR-277 sem necessidade de alteração tarifária [trecho que está sendo duplicado pela Ecocataratas]. Estudos técnicos referentes à continuidade das obras de duplicação estão sendo realizados e, assim que estiverem prontos, um cronograma de obras será definido”.
As informações foram repassadas pela assessoria de imprensa da Secretaria em nota, mas nas informações não foram estipuladas datas para que o cronograma possa ser apresentado.
Sem esclarecer questionamentos como: de onde sairão os recursos para execução dos seis quilômetros restantes da rodovia e quais são os prazos legais para o processo, tendo em vista de 2018 será um ano eleitoral e, com isso, licitações e contratações ficam impedidas a partir da metade do ano que vem, a Secretaria denunciou em nota: “É importante ressaltar que o governo anterior adotou uma estratégia de exploração política dos contratos, que resultou em paralisação dos investimentos e judicialização, com sucessivas derrotas para o Estado e prejuízo aos cofres públicos. A gestão atual, por outro lado, estabeleceu um olhar técnico ao analisar os contratos, buscando sempre o diálogo para a resolução de impasses. Uma série de investimentos que estavam represados foram retomados (sic) e muitas obras foram adiantadas. O entendimento desta gestão é que as obras, executadas pelas concessionárias para cumprimento do contrato assinado com o Governo do Estado, por meio do DER, são uma conquista do Estado do Paraná e da população paranaense. No fim desta gestão e no término deste contrato de concessão, a obra realizada continuará beneficiando o Governo do Estado e a sociedade paranaense”.
Diante de todos esses fatos e de um histórico de perdas em infraestrutura e logística enfrentadas pelo oeste, líderes regionais prometem cobrar todo o trecho duplicado numa extensão de nove quilômetros desde o Trevo Cataratas até o trevo de acesso ao Distrito de São João do Oeste, conforme havia sido anunciado e prometido pelo próprio governador Beto Richa ano passado.
O prefeito de Cascavel, Leonaldo Paranhos, tratou o caso como “um vai e vem”. “Já tínhamos isso [a garantia de toda a obra], perdemos e parece que agora teremos novamente. É indispensável este trecho para a região e não é uma questão de orgulho ou de ego, é necessidade. Precisaríamos de mais trechos duplicados na rodovia, mas naquele trajeto até o trevo de São João do Oeste é algo indispensável. Estamos discutindo isso e colocando este assunto como prioridade absoluta. Vamos cobrar do Estado, com certeza”, afirmou Paranhos.
Obra deveria seguir com mais agressividade
Para o diretor de Agronegócio da Acic (Associação Comercial e Industrial de Cascavel) e diretor-presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, é inconcebível pensar no pagamento de um dos pedágios mais caros do País e não ter obras de contrapartida. “Vamos trabalhar com a realidade. A Ecocataratas é responsável pela administração de 241 quilômetros desde Foz do Iguaçu até Guarapuava. Ano passado ela teve um faturamento de R$ 312 milhões e o lucro líquido foi de R$ 56 milhões, ou seja, 18%. Não temos como suportar pagar uma tarifa como a que pagamos e enfrentar mais um degrau tarifário para bancar novas obras”, destacou.
Para Dilvo, não se pode esquecer que há uma duplicação de 3,2 quilômetros em curso, mas que havia uma promessa não cumprida de nove quilômetros. “A duplicação é uma promessa do governador Beto Richa, ela começou e se criou um impasse sobre sua extensão. Pois bem, os produtores do oeste pagam R$ 100 milhões por ano em pedágio. Entendemos que na sensibilidade do governador não se deva falar em novo degrau tarifário e o governo vai arcar com a obra. É uma decisão de um líder estadista com o entendimento que não pode mais sangrar a população”, acrescentou.
“A obra dos 3,2 quilômetros está andando, mas no meu entender deveria ter uma agressividade maior, ir mais rápido, mas para quem esperou até agora, vamos esperar até 2018 para ter este trecho concluído”, afirmou, ao destacar que o percurso restante será efetivamente cobrado do Estado.