Cotidiano

Doce amargo: Páscoa não anima empresários nem consumidores

Os estoques foram reduzidos e a procura dos clientes é pequena; só os preços estão mais altos

Doce amargo: Páscoa não anima empresários nem consumidores

Cascavel – A Páscoa sempre foi considerada uma das datas mais importantes do ano para o comércio. Neste ano, será celebrada dia 4 de abril. Mas, assim como tudo, a pandemia tem tirado o brilho da comemoração pelo segundo ano seguindo.

Apesar de alguns ovos estarem expostos nos mercados desde antes do Carnaval, nessa semana as tradicionais “parreiras” de ovos de chocolates começaram a tomar os corredores dos supermercados em Cascavel. Seguem esplendorosas, mas visivelmente em número menor que em anos anteriores.

Segundo o gerente da rede de Muffatão, Ilde Joffre, o motivo para não apostar em grandes estoques é o alto custo dos produtos repassados pelas fábricas e pelos revendedores. “Essa redução nas compras vem acontecendo há mais de dois anos porque as vendas já estavam caindo. Com a pandemia, as indústrias diminuíram a produção por falta de mão de obra e isso encareceu o produto”, explica.

Os estabelecimentos preferem comprar por consignação, ou seja, os empresários só pagam a mercadoria que venderam, e devolvem o que sobrou. “Tivemos uma redução expressiva na hora de abastecer as nossas lojas, especialmente com relação aos produtos comprados das distribuidoras que não aceitam essa devolução”, comenta o empresário Pedro Muffato Júnior.

E se os empresários não estão otimistas com a Páscoa, o consumidor não parece muito mais animado. “A procura pelos chocolates ainda é pequena. Acredito que possa aumentar, mas não muito, nas duas semanas que antecedem a Páscoa, mas, por enquanto, as vendas estão bem devagar”, relata o gerente Ilde Joffre.

Já o gerente geral de outro estabelecimento no Centro se mostra mais pessimista e acredita que a procura dos clientes pelos chocolates não deve aumentar muito. A expectativa, segundo ele, é pelo menos não ter prejuízo. “Antigamente até faltava produto, a procura era muito grande, mas, em 2020, só 70% do nosso estoque foi vendido. Levando em conta a pandemia, se atingirmos pelo menos esse percentual este ano e não tivermos prejuízos, já estaremos satisfeitos”, explica José Machado Reis.

Opções e preços

Mesmo em menor número nas gôndolas, as opções de ovos de chocolates para o consumidor vão desde os preferidos das crianças, recheados com brinquedos, até os chocolates finos tradicionais, de marcas mais conhecidas, tradicionais, até as mais populares.

O doce mesmo fica só no sabor do produto porque o valor está bem mais amargo.

A variedade não convenceu a psicóloga Mariana Aparecida Lima. “Dá vontade de comprar, a data é bem simbólica para as crianças, mas, quando você confere o preço, desiste. Tenho filhos, sobrinhos, parentes, funcionárias e, com esse valor, fica impossível comprar ovos para todos. Vou ter que encontrar outra opção mais em conta, como barras ou cestinhas, pelo menos assim ninguém fica sem”, revela.

Nesta Páscoa, o consumidor deve pagar até 30% mais caro pelos ovos de chocolate. Os preços variam de R$ 30 a R$ 95, mas algumas opções trufadas ou com chocolates importados podem passar de R$ 120.

Supermercados tentam apostar em outros produtos

A esperança então é a comercialização de outros produtos referentes a data. Além dos ovos, bombons e barras de chocolate o gerente comercial geral do Grupo Muffato Adilson Corrêa afirma que neste período aumenta também a procura de outros produtos como bacalhau e azeite de oliva. “Estimamos um crescimento de 10% na venda deste tipo de produto. Outro fator que pode ser relevante, é que as pessoas estão mais em casa, diante do cenário da pandemia”, comentou Adilson Corrêa.

Reportagem: Patrícia Cabral