Foz do Iguaçu – Pesquisa realizada pelo instituto Datafolha revela que 62% dos entrevistados apoiam a tese do fechamento das fronteiras entre Brasil e Paraguai para combater o contrabando de cigarros oriundo daquele país. A pesquisa, realizada entre 5 a 8 de fevereiro com 2.081 pessoas, revela ainda que 86% dos entrevistados não votariam em um candidato a presidente que se recusasse o combater o contrabando e que 38% defendem que o presidente eleito no Brasil anuncie o rompimento das relações comerciais com o Paraguai.
Os entrevistados relacionam a violência e a insegurança no Brasil com o contrabando paraguaio: 86% concordam com a tese de que os cigarros contrabandeados incentivam o crime organizado e o tráfico de drogas e armas – dois dos principais problemas enfrentados no Rio de Janeiro, estado sob intervenção federal em função da onda de violência dos últimos meses.
A pesquisa mostra que a população brasileira reconhece a necessidade de medidas drásticas com o Paraguai, pois avalia que é de lá que chegam as armas e as drogas que estão matando nas cidades brasileiras.
As soluções para o problema, na visão dos entrevistados, passam por três medidas principais: mais investimentos nas ações de segurança nas fronteiras, indicada por 74%, adoção de penas mais duras para o crime de contrabando (64%) e mais investimentos para as ações de combate ao mercado ilegal (57%).
Sonegação fiscal
Outra questão abordada foi a consequência tributária do contrabando de cigarros. Para 86%, o produto contrabandeado reduz a arrecadação de impostos, provocando perda de oportunidades de empregos e geração de renda. Questionados sobre a área mais prejudicada pela perda de impostos, 92% dos entrevistados indicaram a saúde.
Além da defesa de que o presidente brasileiro eleito neste ano feche a fronteira com o Paraguai, 54% dos entrevistados defendem a redução de impostos para o produto no Brasil, a fim de reestabelecer a competitividade com o cigarro contrabandeado: atualmente, a carga tributária para produtos com tabaco parte de 71% no Brasil, ao passo que no Paraguai é de apenas 16%.
O atual presidente paraguaio, Horácio Cartes, é proprietário da Tabesa, maior empresa de tabaco do país, que produz hoje 30 vezes mais cigarros do que o mercado interno local absorve. Dia 22 de abril próximo o Paraguai vai às urnas para escolher um novo líder, que deverá ser confrontado com essa realidade a partir de agosto, mês da posse do futuro presidente.