Policial

Fronteira: Ciof terá foco no crime organizado

A unidade é formada por forças nacionais e estaduais, que trabalharão integradas em ações estratégicas

 Foto: Geraldo Bubniak/AEN
Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Foz do Iguaçu – O Paraná ganhou mais um reforço no combate ao tráfico e ao crime organizado, o Ciof (Centro Integrado de Operações de Fronteira), inaugurado ontem (16) em Foz do Iguaçu com a presença do governador Carlos Massa Ratinho Junior e do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

A unidade é formada por forças nacionais e estaduais, que trabalharão integradas em ações estratégicas. O centro atuará prioritariamente em três frentes: operações ostensivas, auxílio das investigações e combate às facções criminosas. A estrutura física fica no Parque Tecnológico Itaipu.

Os policiais vão trabalhar para conter o tráfico de armas e drogas e em crimes cibernéticos. Também farão monitoramento de movimentações financeiras ilegais, em parceria com a UIF (Unidade de Inteligência Financeira), antiga Coaf (Centro de Operações Financeiras).

O Paraná se destaca como referência nacional em controle, fiscalização e integração das forças de segurança em todas as esferas, uma vez que é sede do Ciof e do CIISP-Sul (Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública da Região Sul) e é parte do projeto-piloto Em Frente, Brasil.

O governador Ratinho Junior destacou que a unidade ajudará todo o País no combate ao crime organizado: “O Centro Integrado vai ajudar não só o Paraná, mas todo o Brasil, trazendo uma nova dinâmica para as forças de segurança, para Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e a Polícia Civil”.

Mesmo teto

A ideia é reunir sob um mesmo teto os representantes de várias agências encarregadas da aplicação da lei. A iniciativa é inspirada em uma experiência norte-americana chamada de Fusion Center, instalada após os ataques de 11 de setembro de 2001. “Criamos este primeiro no Brasil para que as forças policiais e de inteligência trabalhem juntas. Os bancos de dados de todas essas instituições estarão disponíveis para as investigações, para compartilhar experiências”, disse o ministro Moro. “É como se tivéssemos uma força-tarefa permanente, com o objetivo de prevenir e reprimir crimes de fronteira, contrabando, tráfico de drogas e de armas, financiamento ao terrorismo e também proteção de estruturas críticas do País. Por isso a localização em Itaipu”.

O Parque Tecnológico Itaipu foi escolhido como sede pela proximidade com a fronteira e pela infraestrutura. De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, imagens de satélite serão usadas no trabalho de identificação das rotas do crime e haverá comunicação integrada entre as forças de segurança.

Como vai funcionar

O coordenador-geral de Combate ao Crime Organizado da Seopi (Secretária de Operações Integradas) do Ministério da Justiça, Wagner Mesquita, explicou que o Ciof vai atuar em duas frentes paralelas: comando e controle de operações ostensivas, abrangendo uma área do Mato Grosso do Sul à fronteira com a Argentina e o Paraguai, e apoio a investigações em todo o País.

“As organizações criminosas se fortaleceram e passaram a utilizar recursos logísticos modernos e, agora, o Ministério da Justiça e a Segurança Pública investem na adoção de novas metodologias de trabalho, principalmente nos quesitos de ações integradas e compartilhamento de informações.”

Mesquita acrescentou que as forças de segurança da região já têm um histórico de cooperação na tríplice fronteira, que será intensificado a partir de agora.

O Ciof será coordenado pelo delegado da Polícia Federal Emerson Antônio Rodrigues e reunirá, inicialmente, dez instituições, entre elas, PRF (Polícia Rodoviária Federal), Abin (Agência Nacional de Inteligência), Ministério da Defesa, UIF (Unidade de Inteligência Financeira – antigo Coaf), Receita Federal, Depen (Departamento Nacional Penitenciário) e polícias estaduais.

Emerson Fontana Rodrigues, delegado da Polícia Federal e coordenador designado para o Ciof (Centro Integrado de Operações de Fronteira), disse que o centro vai desequilibrar a relação de forças contra o crime organizado.

Ponte terá monitoramento inteligente

A Ponte da Amizade, ligação do Brasil e Paraguai, em Foz do Iguaçu, fronteira mais movimentada do Brasil, ganhou mais tecnologia para o controle aduaneiro com intuito de inibir crimes. Em evento com a presença do governador Ratinho Junior e do ministro Sergio Moro, foi lançado ontem um pacote de segurança com 70 câmeras com capacidade de reconhecimento facial e identificação de placas de veículos, e softwares de inteligência artificial (para ampliar o controle) e big data (para armazenar informações). Passam pelo local, diariamente, cerca de 100 mil pessoas e 40 mil veículos.

Na primeira fase, ainda neste ano, serão instaladas 36 câmeras.

“O projeto não é meu, é do Ministério da Economia, mas tem tudo a ver com o Ciof. Não é meu, mas já vou querer ‘roubar informação’. Foz do Iguaçu é uma região importante para o País, é uma caixa de ressonância, então temos como intenção gerar valor para a região”, disse o ministro Moro.

O Fronteira Tech envolve uma rede de iluminação pública inteligente, com duas câmeras em cada um dos 33 postes nas entradas e saídas da Aduana; quatro câmeras fixas em pontos estratégicos; 11 sensores de tiro, que captam o áudio de disparos e a partir disso calculam a localização do tiro; sistema de identificação facial e reconhecimento de padrões, softwares e big data. Além disso, serão 15 luminárias de LED com telegestão – sobre as quais o operador recebe informações em tempo real – e GPS.

O investimento na aquisição, na instalação e na operação dos equipamentos e softwares na Ponte da Amizade foi de R$ 5 milhões.