Policial

Organização criminosa movimentou R$ 6,5 bi

Oito pessoas foram presas e duas estão foragidas

Organização criminosa  movimentou R$ 6,5 bi

Foz do Iguaçu – A Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram ontem a Operação Miopia com o propósito de desarticular uma organização criminosa transnacional especializada na prática de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. As contas bancárias das empresas controladas pela organização criminosa investigada movimentaram mais de R$ 6,5 bilhões de origem ilícita somente no período de 2010 a 2018.

Oito pessoas foram presas e duas estão foragidas. Foram cumpridos 14 mandados de busca, com apreensão de dez veículos, R$ 10 mil, uma barra de ouro de um quilo e diversos documentos e mídias.

As ordens judiciais foram expedidas pela 9ª Vara Federal de Curitiba, cumpridos em Foz do Iguaçu e São Paulo (SP). Os investigados responderão pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e operação irregular de instituição financeira.

As investigações – resultados de quatro inquéritos policiais – tiveram como foco quatro grupos criminosos que atuavam de forma autônoma e/ou interdependente e utilizavam contas bancárias de pessoas física e jurídica fantasmas para receber vultosos valores de interessados em adquirir mercadorias, drogas e cigarros do exterior, especialmente do Paraguai.

O dinheiro “sujo” era creditado nas contas controladas pelos grupos investigados no Brasil e posteriormente utilizado para pagar – em reais – aqueles que disponibilizaram moeda estrangeira no Paraguai (operações dólar-cabo) e ou enviado para o exterior por intermédio de ordens de pagamento internacionais emitidas por instituições financeiras diversas. Essas ordens de pagamento eram realizadas com base em contratos de câmbio manifestamente fraudulentos, celebrados com empresas “fantasmas” que nem sequer possuíam habilitação para operar no comércio exterior.

Além de a investigação abranger os operadores financeiros e seus clientes (traficantes, empresários, cigarreiros do Brasil e os seus pares no Paraguai), foram identificadas as instituições financeiras que deixaram de cumprir regras de compliance e possibilitaram que milhões de reais de origem espúria fossem remetidos para o exterior. Os responsáveis por essas instituições financeiras fechavam operações de câmbio sem se preocupar com a origem dos valores que lhes eram remetidos, condutas essas que revelam que tinham uma visão míope do real cenário em que operavam.