As férias de julho marcam a metade do ano e, com o fim do primeiro semestre, é chegada a hora de avaliarmos como o mercado de trabalho se comportou nos últimos meses, bem como refletirmos sobre quais são as metas e expectativas para o restante de 2019.
O ano começou com o otimismo em alta. A troca de governo deu ânimo e energia para a maioria dos mercados, fazendo com que as expectativas de crescimento e retomada econômica fossem altas. No entanto, poucos avanços foram feitos. Os investimentos continuaram congelados e a recuperação econômica se manteve lenta.
O crescimento do desemprego – Como reflexo dessa estagnação nos investimentos, o desemprego também cresceu, principalmente entre a faixa da população com maior grau de escolaridade. De acordo com o IBGE, cerca de 1,4 milhão de brasileiros, que possuem ensino superior completo estão desempregados. Isso representa uma alta de 13% em apenas um ano, já que na mesma pesquisa, feita no início de 2018, o número era de 1,23 milhão. Os dados do IBGE reforçam a percepção que temos do mercado.
O congelamento de alguns investimentos em mão de obra – Podemos notar que existe muita demanda por mão de obra que continua represada, aguardando a recuperação econômica. É fácil entender. Em momentos de instabilidade econômica e pouca confiança, os investimentos ficam congelados.
Nesse cenário de insegurança, mesmo quando a empresa precisa contratar um candidato para a alta gestão, a contratação é adiada com medo de que uma grande mudança na equipe cause ainda mais instabilidade. É melhor manter as coisas como estão, esperar por um momento com menos risco para realizar contratações estratégicas.
Os impactos nas áreas de Vendas & Marketing – Nesse mesmo cenário, podemos observar algumas vagas de meio e base de pirâmide sendo anunciadas. Essas contratações de mão de obra menos qualificada são mais fáceis de serem aprovadas, uma vez que apresentam menor risco para a empresa.
A área de marketing acaba sendo um setor de alta vulnerabilidade, já que se trata de investimento puro, destinado única e exclusivamente para crescimento, expansão e fortalecimento da empresa. Em momentos de crise, com pouco dinheiro circulando, inevitavelmente essa acaba sendo muitas vezes uma das primeiras áreas impactadas, já que, muitas vezes, não faz parte do core business da empresa. É por isso que no primeiro semestre desse ano, o mercado experimentou poucas contratações estratégicas para essa área.
Por outro lado, a área de vendas está intrinsecamente ligada ao core da empresa, uma vez que vender faz parte de qualquer negócio. Mesmo quando o caixa está baixo, é quase impossível uma empresa abrir mão de investir na área de vendas e reprimir uma demanda que esteja latente. Apesar de nos momentos de crise também acabar por contratar menos, a área de vendas continua sendo uma das áreas que mais abrem vagas, mesmo em tempos difíceis.
Empresas de tecnologia como os unicórnios do mercado de trabalho – Se por um lado as empresas tradicionais, indústrias de bens e serviços, estão passando por uma longa crise, as startups estão vivenciando um mercado muito aquecido. Com o real desvalorizado diante do dólar, investir no Brasil se tornou barato e, com isso, as empresas de tecnologia estão atraindo investimentos estrangeiro com mais facilidade. Por terem estruturas enxutas e culturas dinâmicas, as vagas acontecem e são fechadas mais facilmente. Não fosse pela falta de mão de obra qualificada em algumas áreas, estaríamos vendo muito mais vagas abertas nos últimos tempos.
O que esperar do próximo semestre – É difícil prever o que está por vir no segundo semestre. Acredito que, com a aprovação da Reforma da Previdência, alguns mercados irão começar a reagir, liberando investimento e aumentando o nível e segurança. Uma vez que o mercado começar a dar sinais claros de recuperação, a demanda reprimida em cadeiras de alta gestão será liberada e aí começaremos a ver mais o que chamamos de dança das cadeiras. Os executivos vão se movimentar no mercado, indo de uma empresa para a outra. De modo que toda mudança na alta gestão acaba gerando um efeito em cascata nas contratações, uma vez que esses diretores, gerentes e coordenadores abrem novas vagas para formar suas equipes em outras estruturas.
Acredito que estamos prestes a virar essa chave e ver o mercado de trabalho voltar a contratar com vigor. Sendo assim, fica aqui meu alerta para os candidatos que ainda não estão preparados. Uma vez que as empresas retomarem os investimentos e as contratações começarem a acontecer, é preciso estar atualizado, antenado as tendências crescentes advindas das novas necessidades de mercado e da transformações digitais que as organizações estão vivendo, para assim estarem prontos para preencherem as oportunidades que virão.
Marcelo Olivieri é bacharel em psicologia e possui MBA em Gestão Estratégica
O ano começou com o otimismo em alta. A troca de governo deu ânimo e energia para a maioria dos mercados (…) No entanto, poucos avanços foram feitos
É difícil prever o que está por vir no segundo semestre. Acredito que, com a aprovação da Reforma da Previdência, alguns mercados irão começar a reagir, liberando investimento e aumentando o nível e segurança