Sentimentos, emoções, desejos, ações e reações. Esses e outros fatores englobam o conceito de sexualidade que, ao contrário do que se entende no senso comum, é amplo e não deve ser associado apenas às relações sexuais. A questão é dinâmica, mutável e está presente em todas as fases da vida humana.
Abordar questões como ejaculação precoce, ou prazer feminino ainda é um desafio, inclusive para alguns médicos quando não atuam em áreas diretamente relacionadas aos temas, com isso, a AMSS (Associação Mundial para a Saúde Sexual) instituiu o Dia Mundial da Saúde Sexual, celebrado dia 4 de setembro, com o objetivo de conscientizar a população e promover debates diversos sobre o tema.
Questões morais e tabus sociais dificultam o diálogo a respeito da sexualidade. “É necessário que tenhamos uma maior abertura e promoção de debates na sociedade. Os jovens precisam ser alertados sobre situações de abuso sexual e prevenção de doenças sexuais”, opina a ginecologista Dulce Henriques, membro da plataforma Doctoralia.
Nesse aspecto, a esfera familiar é o primeiro ambiente de diálogo. “A educação e a orientação em casa são fundamentais a fim de estabelecer desde a infância um diálogo esclarecedor e preventivo. Família, professores, educadores, todos devem estar preparados para o debate franco, aberto, inovador”.
Preconceitos
Para as mulheres, o assunto é ainda mais delicado uma vez que existem preconceitos e estereótipos atribuídos à liberdade sexual feminina que muitas vezes as inibem e afetam diretamente a busca pelo próprio prazer. “Meninas não são estimuladas a pensar ou a falar sobre sexo tão abertamente quanto os meninos e isso pode acarretar uma série de questões e travas psicológicas. A desinformação é um prato cheio para esquecermos de DSTs como o HPV de alto risco, que é o responsável pela maioria dos casos de câncer de colo de útero”, alerta a médica.
Segundo levantamento da Organização Mundial de Saúde, 1 milhão de pessoas contraem DSTs tratáveis por dia, isso equivale a 376 milhões de novos casos anuais de doenças como clamídia, gonorreia e sífilis, em todo o mundo.
Estímulos prejudiciais
Os estímulos excessivos sobre sexo, aos quais os homens são submetidos desde cedo, também não são saudáveis. “A pressão sobre o desempenho sexual masculino pode fazer com que eles se forcem a encarar situações não desejadas apenas com o intuito de se afirmarem perante o outro ou a si mesmo”, conta a psicóloga Melina Lopes Ferreira Brandão, membro da plataforma Doctoralia.
A disfunção erétil e a ejaculação precoce também são questões que perturbam os homens em todas as idades, e não falar sobre o assunto pode piorar o quadro. “Estresse, ansiedade e depressão são fatores que contribuem para que, cada vez mais, a população jovem esteja sofrendo com esses problemas. Nesses casos, a psicoterapia pode ser uma grande aliada para solucioná-los, sendo um espaço confiável para que o homem possa expor seus sentimentos, pensamentos e principalmente sem julgamentos e cobranças”, explica a especialista.
Debates servem para enriquecer e esclarecer nossas concepções sobre qualquer assunto. “Precisamos falar sobre sexualidade para romper tabus e estimular o autoconhecimento mental e físico, afinal, essa é uma parte essencial da vida, que não pode ser subestimada e muito menos ignorada”, ressalta Melina.