Cascavel – O governo do Estado abriu cerca de 300 leitos para pacientes com covid-19 nas últimas semanas, mas parece longe de atender a demanda. Apenas nos últimos dias, foram abertos 148 leitos, só que ontem o Estado tinha 699 pacientes à espera de internamento, conforme a Sesa (Secretaria de Estado de Saúde), aumento de 13,5% em relação ao dia anterior.
Em Cascavel, a situação é tão crítica que o prefeito Leonaldo Paranhos emitiu ofício no fim da tarde pedindo apoio da Sesa e do Ministério da Saúde para a transferência “urgentíssima” de pacientes a outras regiões e até estados. O documento cita que na Macrorregional Oeste havia 160 pacientes aguardando por leitos de UTI ou enfermaria para covid-19, sem vagas. Paranhos disse que aguarda a vinda do ministro Eduardo Pazuello a Cascavel nesta quinta-feira (4), e solicitou mais 15 respiradores e uma cota extra de vacina contra a covid-19, devido ao colapso da saúde.
Conforme a Sesa, dos pacientes à espera de leitos, 265 precisam ir para a UTI. “As ampliações de atendimento são finitas e não devem, de forma alguma, servir como argumento para deixar de se cuidar. As medidas de prevenção devem continuar sendo seguidas, estamos chegando cada vez mais no limite”, afirmou a secretaria, por meio de nota.
A secretaria disse também que o Estado está “utilizando toda a capacidade hospitalar para evitar filas e risco à vida de pacientes”.
Sobre o pedido de Cascavel, a Sesa informou que está pedindo aos hospitais da região a possibilidade de receber esses pacientes o quanto antes.
Segundo o secretário da Saúde, Beto Preto, o momento é dramático da falta de leitos. “Ainda não passamos o pior da covid-19. Temos cepas diferentes chegando ao Paraná. Precisamos neste momento, mais do que nunca, da união de todos”.
Taxa de ocupação
Apesar do aumento de leitos, o Estado mantém a taxa de 92% de ocupação de leitos de UTI do SUS exclusivos para pacientes com covid-19. Ontem, em todo o Paraná, havia 112 leitos de UTI vagos. No total, pelo SUS, são 1.389 leitos de UTI adulta e 2.047 de enfermaria adulta.
Colapso
Em todo o Estado, hospitais extrapolaram a capacidade. Em Cascavel, o Hospital da Retaguarda fechou o ambulatório e só recebe pacientes por meio da Central de Regulação. No local, o número de pacientes é o dobro do total de leitos, com os corredores cheios.
O mesmo aconteceu em Londrina, onde o Hospital Universitário restringiu o atendimento e exames ambulatoriais apenas para casos essenciais. Além disso, servidores administrativos e assistenciais do setor ambulatorial serão remanejados para o hospital, e férias e licenças estão suspensas até 8 de março.
Em Ponta Grossa, o Hospital Universitário está com 100% das UTIs de covid-19 e de atendimento geral ocupadas, e a ala emergencial atingiu 650% de lotação na segunda-feira.
Aumento de casos
O Paraná tem 651.751 casos confirmados do novo coronavírus e 11.776 mortes registradas pela doença, conforme boletim divulgado pela Sesa, nessa terça. Ontem, foram informadas 178 mortes, o maior registro diário do ano. São 78 mulheres e 100 homens, com idades que variam de 19 a 98 anos. Dezesseis óbitos ocorreram em 2020 e os demais entre 5 de janeiro a 2 de março de 2021.
Foz do Iguaçu registrou sete mortes, totalizando 416 óbitos desde o início da pandemia, e Cascavel, seis, chegando a 336 vítimas do novo coronavírus.
Confira a fila de espera, conforme dados da Sesa:
Curitiba e Região Metropolitana 246 pacientes, sendo 81 para UTI e 165 para enfermaria
Macroleste 142 pacientes, sendo 51 de UTI e 91 para enfermaria
Macro-Oeste 160 pacientes, sendo 81 de UTI e 79 para enfermaria
Macronorte 53 pacientes, sendo 30 de UTI e 23 para enfermaria
Macronoroeste 98 pacientes, sendo 22 de UTI e 76 para enfermaria
Conta-gotas: Paraná vai receber mais 146.800 vacinas
O Ministério da Saúde confirmou ao governo do Paraná nessa terça-feira (2) o envio de mais 146.800 doses de vacinas contra o novo coronavírus. O novo lote é da CovonaVac e faz parte de uma nova remessa de 1,9 milhão de doses encaminhadas pelo Butatan ao governo federal.
As novas doses chegarão às 8h30 desta quarta no Aeroporto Internacional Afonso Pena.
O Paraná recebeu até o momento 706.200 doses de vacinas contra o novo coronavírus, sendo 517.200 da Coronavac (para duas doses) e 189.000 da AstraZeneca (uma dose).
O Paraná atingiu nessa terça 317 mil pessoas vacinadas com as duas doses, menos de 8% dos grupos prioritários.
As novas doses continuarão a ser aplicadas nos públicos prioritários, de acordo com o Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19: profissionais da saúde que atuam na linha de frente de atendimento aos doentes e idosos com mais de 80 anos.
Ontem, o secretário de Saúde, Beto Preto, disse que o ministério prometeu repassar 1,6 milhão de doses ao Paraná em março, da Coronavac, suficientes para imunizar cerca de 800 mil pessoas.
Média móvel de casos cresce 48,5% em duas semanas
Em duas semanas, a média móvel de casos confirmados de covid-19 teve aumento de 48,5% no Paraná. Em 28 de fevereiro, a média móvel era de 3.724 novos diagnósticos por dia, calculada por um período de sete dias.
O aumento no número de diagnósticos é observado desde o início do mês. Na semana epidemiológica 5 (de 31 de janeiro a 6 de fevereiro), foram confirmados 17.651 casos, com leve aumento na seguinte (7 a 13 de fevereiro), com 17.686 confirmações. Na semana epidemiológica 7 (14 a 20 de fevereiro), o número de casos saltou para 21.612 e, na última semana fechada (21 a 27 de fevereiro), já eram 27.090 casos.
Com apenas dois meses completos, o ano de 2021 já concentra um quarto de todas as mortes da pandemia. Até 1º de março, o Paraná somava 645.621 casos e 11.598 mortes. Dessas, 3.005 morreram neste ano.
A escalada nos diagnósticos e a ocupação dos leitos foram os motivos que levaram o governo do Estado a ampliar as medidas restritivas para reduzir os contágios. Também houve aumento na média móvel de óbitos no mesmo período, chegando a 38 mortes diárias na semana encerrada em 28 de fevereiro e 29 mortes por dia, duas semanas antes. Os dados são atualizados constantemente pela Secretaria da Saúde.
Perfil
Enquanto mais pessoas jovens se contaminam, as mais velhas são as principais vítimas fatais. Também há mais casos de mulheres que tiveram a doença, mas é maior o número de homens que morrem por causa da covid-19. Em cada seis idosos com mais de 70 anos que se contaminaram, um morreu por causa da doença. Já na faixa etária entre os 30 e os 39 anos, que concentra o maior número de casos, foi um óbito para cada 450 infectados.
A média de idade entre os confirmados é de 39,56 anos, enquanto as pessoas que morreram tinham em média 68,92 anos de idade. As mulheres respondem por 53% dos casos (344.805) e por 41% dos óbitos (4.791). Já os homens são 47% dos contaminados (300.816) e 59% dos mortos (6.807).
A faixa etária que concentra o maior número de casos é a dos 30 aos 39 anos de idade, com 144.435 diagnósticos positivos. Entre os óbitos, a maior média é entre os idosos na faixa dos 70 aos 79 anos, com 3.166 mortes.