Cascavel – Em maio, no aniversário de 48 anos do jornal O Paraná, preparamos material para mostrar qual o posicionamento político ideológico dos pré-candidatos. Agora, para dar sequência a esse material, produzimos entrevistas semanais com cada um deles. Na sequência d série de entrevistas, apresentamos nesta edição a conversa com Edgar Bueno, que já foi prefeito de Cascavel por três oportunidades, sendo o mais experiente entre os pré-candidatos apresentados até agora, e que decidiu buscar o seu quarto mandato. Bueno está filiado no PSDB. Confira a entrevista abaixo:
O Paraná: Na pesquisa que realizamos você se classificou como centro-direita, um posicionamento semelhante ao do ex-governador Alvaro Dias. Você sempre teve esse posicionamento político?
Edgar Bueno: Você pega o meu histórico de vida, comecei lá como pacoteirinho das Pernambucanas, com meio salário mínimo; Cascavel me abriu as oportunidades, eu fui crescendo com muito trabalho, então eu vim da miséria. E depois, ao montar o meu pequeno negócio, enfim, tocar o meu pequeno negócio, comecei a me relacionar com as empresas, todas de direita, em Cascavel. Então, logicamente que eu tenho um viés social muito grande, por isso eu me chamo de centro, pelas minhas atitudes, mas eu sou um centro-direita liberal. Então, o Edgar Bueno, que enfrentou o PT em 2012, Levei uma saraivada de cacete; vieram sete ministros para Cascavel para ajudar o professor Lemos a ganhar no segundo turno. E Cascavel me deu essa vitória extraordinária, maravilhosa. Se não, nós já tínhamos entregue o município para o PT em 2012. Então, estou me sentindo bem como centro-direita-liberal.
O Paraná: O Edgar Bueno, prefeito de três mandatos, uma vasta experiência, o que tem de novo pra trazer pra Cascavel hoje?
Edgar Bueno: Algumas pessoas me perguntam: Por que a quarta vez? Porque é bom para Cascavel. Porque eu não quero mais fama política, eu não quero mais poder; eu quero trabalhar, trabalhar pelas pessoas. Eu não tenho aquele “grupão” em roda de mim, me cercando, pedindo cargo, pedindo espaço no governo. Eu não tenho isso. Eu vou dedicar a minha força, vou dedicar aquilo que eu já aprendi para poder transformar, para poder crescer, para poder buscar as novas tecnologias, os novos avanços. Então o Edgar do quarto mandato, é muito melhor que o legado do primeiro, que do segundo e do que do terceiro. E olha que nós já deixamos um legado bom. Hoje quando eu saio por aí, as pessoas vêm me agradecer por obras que eu fiz, por ações da sociedade que eu fiz, por tanta coisa, por planejamento, por eu ter deixado um governo com R$ 106 milhões em caixa. Eu deixei o município a todo vapor. Eu deixei o município muito bem organizado, todos os departamentos funcionando, nada de falta, nada de carência, nem de pneu para ambulância, nem de merenda escolar, nem de material para os postos como remédio e equipamentos, tudo tinha em estoque regulador. O novo prefeito podia dormir seis meses, não precisava nem levantar da cama, que a coisa estava tudo andando sozinha e com condição. Eu gostaria de ganhar a eleição – e se bobear vou ganhar a eleição mesmo. Mas eu gostaria de pegar uma prefeitura do jeito que eu entreguei para poder voar, para poder fazer mais bem feito, muito mais diferenciado.
O Paraná: Você tem conversado com os demais pré-candidatos?
Edgar Bueno: O que eu estou falando, é quando me encontro eventualmente. Eu estou falando com aqueles que a gente pode ter um diálogo aberto para a gente trabalhar nos projetos, para parar com esses ataques, essas coisas que o povo não gosta mais. Eu quero, assim, uma discussão muito aberta e voltada para o desenvolvimento de Cascavel, para projetos de Cascavel, inovações de Cascavel. O que Cascavel precisa mudar? Nós temos que estudar isso. Nós temos que, depois que chegar lá, seja quem for, vai ter que dar resposta para a população. E nós temos muitos problemas para arrumar e vamos arrumar. Então, por isso, se puder, às vezes não [se] tem o controle da campanha, mas eu, da minha parte, vou contribuir para fazer uma campanha educada.
O Paraná: O que esse período pré-eleitoral e essa disputa têm de diferente das outras que você já participou?
Edgar Bueno: Eu não digo que é diferente para todo mundo, mas para mim é muito diferente. Eu vou te dizer: eu ganhei três eleições {para prefeito], perdi duas. Ganhei três para deputado, não perdi nenhuma. Então, o diferente para mim é que as pessoas estão vindo, estão perguntando qual é o projeto, estou tendo mais acessibilidade com eles, muito contato pessoal e totalmente diferente das outras campanhas, que eu tinha que batalhar, que eu tinha que sofrer, que eu tinha que convencer. Hoje, eu não tenho nada para dar para os eleitores, absolutamente nada e eles estão vindo, eles estão falando comigo e estão firmando o seu ‘pré-voto’ para esse humilde pré-candidato aqui. E não tenha dúvida nenhuma; Eu me preparei, eu sou o novo de Cascavel. Se você botar tudo junto aí, o caboclo das ideias novas sou eu, não serão eles. Então, você não tenha dúvida nenhuma que essa eleição para mim ela é mais leve.
O Paraná: Você iniciou a sua pré-campanha sem partido. Você se filiou no PSDB e hoje vocês já está com sete partidos. Pode vir mais algum partido para compor essa coligação?
Edgar Bueno: Olha, nem precisa mais. Pode ser que aconteça, eventualmente, mas não precisa mais. Eu nem sonhava com isso, eu só queria um. Eu falei o seguinte, esse ano é uma eleição totalmente diferente, eu vou ser candidato com um partido só. Se me sobrar um partido, eu serei candidato por um partido só. E daí, fizeram apostas, disseram que eu não teria mais que dois partidos. E aí foi subindo naturalmente. Foi um crescimento orgânico, foi um crescimento de adesão, de conversa. Porque eles não esperam nada de mim, porque eu não tenho nada para oferecer, estrutura eu não tenho. Então eles estão vindo e, logicamente, que eu estou agradecido. Esse número de sete nunca foi sonhado por mim, nem pela minha equipe. Eu me lembro de que o próprio Renato Silva tinha no começo um domínio de dez partidos. Hoje eles estão com dois só. Então você veja que política, você não coloca o cara na gaiola ali e tranca a porta, não. Política é diferente daquilo que imaginava que estaria com eles e hoje não está. Eu estava com outros candidatos e ele está comigo. Então, esse poder, às vezes, demasiado, acaba trazendo um certo prejuízo na agregação, porque aí os caras se sentem muito robustos, se acham que são donos, aí é que começa a cair do cavalo. E é assim que eu estou vendo essa aglomeração e os movimentos partidários. Mas é possível, sim, a gente não fecha as portas para ninguém que queira vir.
O Paraná: Existe a possibilidade do Edgar Bueno compor candidatura com o PT?
Edgar Bueno: O PT tem candidato. O PT acredita que vai para o segundo turno. Eles estão acreditando piamente que eles têm um número de votos suficiente e que eles vão ter um desempenho para vir para o segundo turno. O PT poderá ser o meu principal adversário se vier para o segundo turno. Aí, caso isso, caso aquilo… Eu tenho que me agarrar para ir para o segundo turno. Nas pesquisas hoje, qualquer uma diz que eu já estou no segundo turno e eu sinto também que estou no segundo turno. Não é só dizer por que disseram, porque eu também tenho as minhas pesquisas internas. E, nas minhas pesquisas internas, mostra que eu estarei, eu serei um dos candidatos do segundo turno.
O Paraná: E como está a negociação para o candidato a vice-prefeito?
Edgar Bueno: Eu estou com vontade de definir o vice na segunda quinzena de julho. Isso é apenas uma vontade. Um dia mais, uma semana mais, não quer dizer muito. Mas, por enquanto, a gente não vai anunciar vice. Eu tenho conversado com as pessoas que eu não posso engolir que um partido que vai dizer: “ó, fulano de tal é vice”. Isso não dá casamento. O vice e o prefeito tem que dar casamento. Lembra do Maurício Teodoro? Lembra do Jadir? Quantas vezes assumiram a Prefeitura? O Maurício Teodoro assumiu nove vezes a Prefeitura. O Maurício Teodoro, ele assumiu duas secretarias, uma de obra e outra de agricultura, quer dizer, então passou por uma questão muito importante da participação do vice. Tem gente que diz que vice não tem cargo nenhum, não faz nada, os meus faziam. Mostramos que o vice é algo muito importante. Então, tenho que ter muito da minha vontade, da minha sensibilidade pessoal para trazer um vice que ajude, um vice que não me traga rejeição, um vice que possa ter capacidade administrativa para dar uma função para ele ou assumindo a prefeitura, se preciso, ou quando eu der uma função de qualquer secretaria, eu tenho um vice.
O Paraná: Você acredita que os nomes de Lula e Bolsonaro terão interferência nessas eleições?
Edgar Bueno: Em determinados lugares, sim. Por exemplo, São Paulo. São Paulo vai ser uma guerra entre os dois, porque o Bolsonaro tem estrutura de governador e a popularidade, e o Lula também tem estrutura de ser presidente da República. E, além disso, o Lula foi criado ali em São Bernardo, ali nos sindicatos. Então eu acredito que São Paulo vai ter uma proporção muito alta da participação dos dois nas eleições, que não é o caso de Cascavel. Não vejo Cascavel que, olha, o fulano de tal vem para Cascavel e vai salvar o candidato. Quem tem que salvar o candidato é ele mesmo. Quem tem que ter um desempenho para ganhar a confiança da população é o candidato. Não adianta você estar pintado de ouro se você não tem o que dizer, se você não tem proposta, se você não tem confiança de entregar na mão dele determinada situação. […] E se ele não sente confiança, não adianta vir Bolsonaro, não adianta vir Lula, não adianta vir ninguém aqui que não vai resolver o problema. O que nós vamos resolver é entre nós mesmos. É eu, o meu concorrente e o povo. É o povo vai decidir.