O primeiro turno das eleições municipais de 2024 será realizado em 6 de outubro e, apesar de o período eleitoral não ter iniciado, não há como negar que as campanhas já “estão nas ruas”, seja para prefeito, seja para vereador. E, além de garimpar votos, pré-candidatos e partidos aceleram as negociações para fechar alianças. Em Cascavel, oito nomes já anunciaram a pré-candidatura para prefeito: Edgar Bueno, Marcio Pacheco, Renato Silva, Fernando Mantovani, Henrique Mecabô, Professora Liliam, Coronel Lee e Rafael Brugnerotto.
Em maio, no aniversário de 48 anos do jornal O Paraná, preparamos material para mostrar qual o posicionamento político ideológico dos pré-candidatos. Agora, para dar sequência a esse material, produzimos entrevistas semanais com cada um deles.
O primeiro entrevistado é o mais novo entre eles Henrique Mecabô. Ele disputou sua primeira eleição em 2022, quando concorreu a uma vaga para a Câmara Federal, no entanto, não conseguiu se eleger. Agora, Mecabô já colocou seu nome à disposição do Partido Novo para disputa da Prefeitura de Cascavel. Confira a entrevista abaixo:
O Paraná: Você é um candidato jovem. Qual a sua experiência que o credencia para disputar uma prefeitura?
Mecabô: Eu não sou só o mais jovem de Cascavel, eu sou o mais jovem do Novo no Brasil inteiro. De fato, sou novo na política, novo de idade e novo no partido e isso, às vezes, gera receio no eleitor sobre como seria uma eventual gestão minha. Mas, apesar da pouca idade, eu tenho já um histórico empresarial. Nunca me envolvi nos negócios da minha família porque decidi fazer política, mas antes disso, já tendo interesse pelo setor público, eu trabalhei numa empresa que trabalhou com mais de 70 prefeituras do Brasil, digitalizando o serviço público, automatizando alguns processos, facilitando a vida não só do cidadão que espera na fila às vezes por uma licença, um alvará, também do servidor que é mais conforme seu dia a dia. E nisso, claro, dentro da empresa, aprendi sobre gestão de equipe, aprendi sobre como é enxuta a gestão do setor privado e como a gente pode trazer isso para o setor público.
Além dessa experiência empreendedora, eu tive minha própria primeira experiência empreendedora que foi com uma marca, uma fábrica de meias coloridas que, em meio à pandemia eu decidi liquidar. Mas então, de novo, apesar da pouca idade, tenho essa experiência prática empresarial, além da experiência acadêmica. Mas acho que o principal é botar a mão na massa; já tivemos, antes, prefeitos que fizeram gestões bem avaliadas, acho que é o caso do próprio Paranhos, que não tinha um super histórico empresarial de sucesso, mas que delegando as missões para os secretários corretos conseguiram entregar gestões bem avaliadas aqui em Cascavel e no Brasil todo. Acho que isso dá para se replicar numa eventual gestão minha a partir do ano que vem.
O Paraná: E você está pronto para ser prefeito de Cascavel?
Mecabô: Acredito que estou pronto para ser prefeito de Cascavel e me preparando cada vez mais.
O Paraná: Você chegou a receber convite de outros partidos e pré-candidatos para ser vice? Avalia essa possibilidade?
Mecabô: Eu recebi convites de outros partidos antes até para ser candidato a prefeito por essas outras legendas. E claro, nesse momento que nós estamos com pré-candidaturas, me parece normal que todos os pré-candidatos conversem entre si. Eu tenho conversado em especial com o Renato, com o Márcio Pacheco e com o Fernando Mantovani. Tenho boas conversas também com o Coronel Lee. Com o Márcio, o Renato e o Fernando, tenho conversado nesse sentido de eles me convidarem para eventualmente estar na chapa deles e, claro, mantenho aberto ao diálogo. É o momento de entender o que é melhor para a cidade.
Mas hoje, eu entendo que a minha candidatura, apesar dos números não dizerem isso intuitivamente, é uma candidatura viável. Eu tenho uma porcentagem, é verdade, ainda baixa nas pesquisas, mas tenho em especial um conhecimento muito baixo por parte da população. Olhando para a fatia da população que me conhece, a minha intenção de votos é, inclusive, bastante alta. Eu convenço, entre aspas, o eleitor com alguma facilidade.
O Paraná: Você disputou as eleições de 2022, teve um saldo positivo com mais de 27 mil votos. Você pretende agora disputar as eleições de 2024 e como pensa nas eleições que ocorrerão daqui a dois anos?
Mecabô: Eu pretendo não disputar porque pretendo ganhar a Prefeitura. Mas logicamente, isso não se materializando, há a possibilidade real de eu disputar de novo uma cadeira de deputado, provavelmente deputado federal, dado que já cheguei tão perto em 2022. Dependendo do partido, eu teria sido eleito, o PSD me convidou, hoje eu seria deputado federal, o Podemos também me convidou lá atrás, hoje eu seria deputado federal, mantive a palavra com o novo, fui cabeça de chapa, mas o partido não somou a cadeira. Para a prefeitura agora, nesse período pré-eleitoral, em nenhum momento me lancei formalmente pré-candidato. Não fiz um grande evento ou algo do tipo. As pesquisas me colocaram pré-candidato. É uma demanda do eleitor, do meu eleitor, que muitas vezes prefere declarar apoio a mim, sabendo da dificuldade de chegar lá, em vez de declarar apoio a um nome mais conhecido. Exatamente por esses nomes serem mais conhecidos e já terem disputado múltiplas eleições, muitas vezes de maneira sequencial.
O Paraná: O teste aplicado pelo O Paraná te posicionou como “direita liberal”, assim como o presidente da Argentina, Javier Millei e outras figuras políticas. Como construiu esse posicionamento na sua carreira política?
Mecabô: O meu público já me conhece por esse posicionamento, acho que não foi surpresa para ninguém que me segue eu ter caído ali no quadrante da direita liberal. Então, não é surpresa nenhuma, dada a carreira política curta, nova, que eu venho construindo há pouco tempo. Eu tenho esse posicionamento ideológico desde bastante cedo, acho que desde a minha adolescência já me identifico como liberal. E claro, ao longo do tempo, fui estudando mais e me formando filosófica e teoricamente para embasar melhor esse posicionamento para o qual eu já senti um chamado.
Claro que falar em ideais, em filosofia, em teoria política nem sempre parece muito aplicável à realidade de política municipal, por exemplo. Então uma coisa que eu tenho buscado fazer, em paralelo, é entender como pessoas que ocupam o Executivo, seja estadual, seja federal, seja municipal, que tem esse posicionamento liberal, que medidas elas têm implementado para fazer que o Estado seja sentido de forma mais leve pelo cidadão para que a iniciativa privada participe mais da gestão pública, como o liberalismo prega.
O Paraná: Antes do Partido Novo, você era Podemos. Quando você estava no Podemos, o seu posicionamento continuava sendo de direita liberal?
Mecabô: Eu fiquei no Podemos um período breve. Apesar de ter ascendido rapidamente ao cargo da vice-presidência estadual, fiquei ali por circunstâncias políticas, porque o meu grupo político no Paraná, que é o deputado estadual Fábio Oliveira, em especial o Deltan Dallagnol, ex-deputado federal e ex-procurador da Lava Jato, que estavam no Podemos; o Fábio inclusive segue ali, mas eu fui para o Podemos já tendo saído do Novo para ocupar espaço político e assim que pude voltei para o Novo, por sentir mais alinhamento com os ideais do Partido Novo.
O Paraná: Qual a sua avaliação e posicionamento à respeito do Governo Lula?
Mecabô: Eu me posiciono de maneira contrária ao governo, isso é notório. Eu sempre tento fazer uma fala balanceada, mas para mim é bastante difícil encontrar prós nesse governo. Acho que vai muito mal em política fiscal com déficit histórico. A política tributária é basicamente uma sanha arrecadatória, dia após dia aprovando novas taxas – agora essa é a taxa da Shein -, sempre com uma narrativa de proteger o pobre, proteger o trabalhador, mas sempre penalizando esse mesmo pobre e esse mesmo trabalhador. Porque quando taxa de maneira muito pesada o consumo, está prejudicando quem consome a maior parte da sua renda que é o pobre, não o rico, que investe inclusive em ativos que protegem da inflação e outras coisas mais. […] Não concordo com as políticas que o governo implementa e não concordo com a maneira como ele aprova elas no Congresso comprando apoio de deputados em troca de emendas que no final saem do nosso bolso e saem muito e pouco voltam. A gente está falando de R$30,00 que volta para Cascavel de cada R$100,00 que nós pagamos em imposto.