Brasília – Deputados paranaenses se “aliaram” com membros da chamada “esquerda nacional” para tentar acabar com a Operação Lava Jato, conhecida por colocar políticos e empresários atrás das grades. Eles assinaram projeto que cria a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Lava Jato, cuja proposta seria investigar a suposta articulação entre membros da Procuradoria da República do Paraná e o ex-juiz e hoje ministro da Justiça, Sergio Moro.
Da bancada do Paraná no Congresso Nacional votaram a favor da CPI – sem surpresas – Gleisi Hoffmann (PT), Zeca Dirceu (PT), Aliel Machado (PSB), Enio Verri (PT) e Leandre (PV).
Contudo, também constam no documento de pedido de abertura da CPI, entre as 175 assinaturas, os deputados Evandro Roman (PSD), Ricardo Barros (PP) e José Carlos Schiavinato (PP). A líder da minoria no Congresso, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), foi responsável pela coleta das assinaturas.
Criada dentre dos ritos formais da Casa, a CPI teve a retirada das assinaturas cogitada por parlamentares que contestaram o apoio, no entanto, acabou frustrada: depois de conferidas pela Secretaria-Geral da Mesa, não é mais possível retirar ou acrescentar apoios. Eram necessárias 171 assinaturas, mas 175 assinaram a favor.
A decisão dos parlamentares paranaenses gerou grande polêmica entre os eleitores e pode atingir o próprio presidente Jair Bolsonaro (PSL), já que Moro é seu ministro, ambos até então apoiados pelos três deputados paranaenses que endossaram o documento.
Diante da repercussão negativa pelas redes sociais, os parlamentares se manifestaram. Schiavinato diz que “não reconhece a assinatura no pedido de instalação de CPI para investigar Sergio Moro e membros da Lava Jato”. E disse que tomará as medidas cabíveis para providenciar a imediata retirada e apuração do fato. Afirmou que verificaria a assinatura no documento, contudo, a lista oficial no site da Câmara dos Deputados, no fim da tarde de ontem, mantinha o nome do deputado do oeste do Paraná.
A reportagem tentou insistentemente falar com Schiavinato ontem para saber se ela houve falsificação, mas ele não atendeu as ligações.
Já o deputado Evandro Roman, que também é pré-candidato a prefeito de Cascavel, reafirmou a assinatura para o prosseguimento da investigação. Em nota, após provocação popular, respondeu: “Penso que é hora de enfrentar a esquerda dentro do Parlamento e desmascarar essa gente que tanto mal fez ao País. Chega de se acovardar e ficar ouvindo discurso de que foram injustiçados e de que Lula é inocente. Vamos para a guerra. Querem CPI? Não tem problema. Vamos para luta!”
Veja o nome dos paranaenses que integram a lista de 175 assinaturas para a abertura da CPI da Lava Jato
GLEISI HOFFMANN (PT)
EVANDRO ROMAN (ex-PSD e futuro Patriotas)
ENIO VERRI (PT)
LEANDRE (PV)
RICARDO BARROS (PP)
SCHIAVINATO (PP)
ZECA DIRCEU (PT)
ALIEL MACHADO (PSB)
NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE A CPI DA LAVA JATO
Por: Deputada Leandre
Quando assinei o pedido de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito, o fiz pelo entendimento e na expectativa de que a devida apuração dos fatos envolveriam todo o caso, ou seja, o Intercpet, a Lava Jato e os Hackers, de modo amplo, imparcial e impessoal, para que, assim, tivéssemos o devido esclarecimento deste episódio que até agora causa muitas discussões e desgastes.
O objetivo da investigação deve ser apurar os fatos, colaborar para a punição dos culpados, bem como absolver e tentar reparar a reputação de inocentes.
Porém, ao tomar ciência de que o objetivo seria investigar “exclusivamente” os membros da Lava Jato e o ex-Juiz Sérgio Moro, retirei imediatamente o meu apoio (anexo), por entender que o processo fica prejudicado quando falta qualquer uma das partes, tornando-se restrito, parcial e pessoal.
Gostaria de observar, ainda, que aqueles que acompanham o meu trabalho sabem que nunca fui conivente com aquilo que não é certo. Também, nunca me conformei em conviver com a dúvida, sendo sempre favorável à livre investigação e ao amplo esclarecimento dos fatos, a exemplo dos casos Dilma, Cunha e Temer.
No mesmo sentido, nunca concordei em utilizar instrumentos legislativos com com fins políticos, a exemplo da Lei de abuso de autoridade, à qual fui contra por entender que se tratava de uma ação explícita para tentar restringir a atuação da Lava Jato. Foi exatamente pelo mesmo motivo que retirei formalmente o meu apoio a esta CPI.
Nota adicionada à matéria no dia 19/09/2019 às 18h22.