Reportagem: Josimar Bagatoli
Após intervenção da Arquidiocese de Cascavel, vereadores estão reconsiderando a posição contrária à implantação da Apac (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados) na cidade. O documento assinado pelo arcebispo Dom Mauro Aparecido dos Santos, pelo vigário-geral da Arquidiocese, monsenhor Reginei José Módolo (Padre Zico) e pelo assessor da Pastoral Carcerária, padre Gustavo Luis Marmentini, manifesta total apoio à obra “por entender que é a única maneira de nossos irmãos e irmãs que cometeram algum tipo de delito cuja pena seja prisão possam cumpri-la com dignidade e voltar ao convívio social em pleno estado de ressocialização”.
Os membros da Arquidiocese dizem que conheceram a primeira unidade da Apac instalada no Paraná, em Barracão, e enalteceram a “organização, a limpeza, a disciplina, a espiritualidade e a humanidade com que os presos se comportam”. Na nota, lembram que no atual sistema carcerário a recuperação é ineficaz por “não ter nenhum ou quase nenhum projeto de ressocialização”.
Mas a construção da Apac virou uma incerteza. A área de 48,4 mil metros quadrados doada para a construção fica na zona rural, sentido a Corbélia, mas um grupo se organizou contrário à construção no local e parlamentares se sentiram “pressionados” a ir contra a obra. A intervenção do arcebispo parece ter aliviado o “peso” deles. “Tenho entendimento de que a Apac faz um trabalho de recuperação. Ficamos pressionados… com posicionamento da Igreja temos uma posição mais firme para poder explicar à população, esclarecer o sentido de recuperação da Apac”, disse Sidnei Mazzuti.
Elaborado pelo Executivo municipal, o projeto de doação da área foi aprovado pela Câmara, mas o prefeito Leonaldo Paranhos não o sancionou e coube ao presidente do Legislativo, Alécio Espínola, promulgá-lo. O vereador Olavo Santos (PHS) cobrou explicações: “Chama a atenção: quem envia o projeto espera pela aprovação. O Executivo precisa se posicionar sobre essa obra. Se também está sofrendo pressões, estamos abertos para defender a comunidade”.
A Presidência também se manifestou e citou um “movimento político contrário” à construção que estaria ameaçando a obra. Publicamente, o deputado estadual Coronel Lee (PSL) tem sido contra a Apac. “Obtive informação de lobby [no governo] para não construir a Apac em Cascavel”.
Do governo federal ao Paraná estariam previstos R$ 30 milhões para projetos com esse mesmo propósito, sendo R$ 10 milhões para Cascavel. Com risco de o projeto não seguir adiante, os parlamentares pediram que “as vaidades sejam deixadas de lado”.
O advogado e vereador Rafael Brugnerotto (PSB) defendeu a obra. “Devemos quebrar esse preconceito e que se efetive esse modelo de reclusão para recuperação digna”.