Política

Após um ano de análise, Aeroporto Regional sai da lista de prioridades

A estrutura demandaria um grande volume de verbas, sobretudo da União, o que está longe de se tornar viável.

Após um ano de análise, Aeroporto Regional sai da lista de prioridades

Reportagem: Josimar Bagatoli

 Toledo – Na sua primeira visita ao oeste neste ano, o governador Ratinho Júnior (PSD) admitiu que, no curto e no médio prazo, o Aeroporto Regional será deixado de lado. Segundo ele, a estrutura demandaria um grande volume de verbas, sobretudo da União, o que está longe de se tornar viável.

E disse ainda que os aeroportos municipais de Cascavel e Toledo são suficientes para atender a demanda. “Confesso, de forma muito sincera, que, com o aeroporto de Toledo indo muito bem e o de Cascavel também, não vejo, a curto prazo, esses investimentos do governo federal… há muitas privatizações e concessões ocorrendo no Brasil, inclusive no Paraná serão quatro aeroportos concedidos em 2020… mas é claro que estamos acompanhando para ver de que forma esse projeto – se não a curto ou médio prazos – possa ocorrer em algum momento”, explicou.

A declaração do governador gela uma demanda de quatro décadas, que havia sido retomada no Governo Cida Borghetti, em 2018. Ela reservou R$ 10,5 milhões – depositados em uma conta própria – para custear as desapropriações. O processo emperrou porque o valor proposto não foi aceito pelos donos das áreas e o Governo Ratinho retirou o projeto para avaliação, manifestando-se agora a respeito.

A área pretendida tem 64 alqueires e fica entre Cascavel, Toledo e Tupãssi.

Ratinho diz que “o governo do Estado, legalmente, só pode fazer a desapropriação se tiver a confirmação dos investimentos, pois é um investimento alto. Se a Secretaria de Aviação Civil entender que vai fazer o investimento, vamos entrar com nossa parte”.

Contudo, ainda não houve posicionamentos da Secretaria de Aviação Civil sobre a obra. Em nota, o órgão manifesta que não há projetos nesse sentido para a região oeste do Estado. Ou seja, a demanda nem chegou até lá.

Sem o aval do governo federal, o estadual decidiu lavar as mãos definitivamente. “É algo muito importante, mas passa por uma decisão do governo federal. O governo do Estado fará sua parte no sentido de colocar toda energia à disposição para a infraestrutura que necessária, agora, o investimento do governo federal tem que passar automaticamente por ele por se tratar de um complexo grande ou iniciativa privada”, diz Ratinho.

 Movimentos mantêm luta

A sociedade civil organizada não se dá por vencida e pretende manter de pé a cobrança pela estrutura aeroportuária regional. O POD (Programa Oeste em Desenvolvimento) argumenta que há a necessidade de se custear um Eveteia (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental): esse seria o primeiro passo para estimular a União a investir os recursos, nem que precisasse de uma PPP (Parceria Público-Privada), e comprovar a viabilidade do Aeroporto Regional. A apuração custaria entorno de R$ 15 milhões. “Pelas características da nossa região, temos condições de manter uma estrutura maior. Entendemos que há grandes investimentos no aeroporto de Cascavel, mas a médio e a longo prazo não podemos abrir mão do Aeroporto Regional. Em 15 anos a evolução exigirá essa estrutura”, afirma o presidente do POD, Danilo Vendruscullo.

A garantia de que a área seja preservada para construção do Aeroporto Regional é a grande cobrança atual, medida que só seria possível por meio das indenizações pagas aos proprietários das áreas. Formado por mais de 70 entidades da classe empresarial, o conselho administrativo do POD não abre mão dessa prioridade, mesmo que ela não seja do governo estadual. “Buscaremos que sejam pagas as indenizações da área. Por enquanto, é isso que precisamos até que os recursos sejam destinados para a implantação da estrutura”, ressalta Vendruscullo.

Política X sociedade

Vendruscullo aponta um conflito de interesses entre a sociedade civil organizada e os políticos. As gestões planejam ações de quatro em quatro anos, enquanto as entidades devem planejar as regiões para períodos de 30 anos. Ele alega que, em virtude de interesses políticos, investimentos foram aplicados nas estruturas aeroportuárias de Toledo e Cascavel, tornando mais distante o investimento do Aeroporto Regional: “São decisões de governo e nem sempre elas são corretas. É uma falha nossa, da sociedade, não termos nos envolvido nisso. E agora estamos nos envolvendo, dizendo o que precisamos. Os governos precisam ter bom senso e atender nossas demandas”.