Menos de dois anos após licitação, o que era um grande problema nas rodovias federais, virou sinônimo de qualidade no Paraná. Reconhecido nacionalmente pela eficiência de seu sistema viário, o Estado demonstrou que é possível melhorar consideravelmente as condições dos pátios onde são recolhidos veículos apreendidos, mediante a parceira com a iniciativa privada.
A sensação de segurança é realidade para quem trafega pelas rodovias paranaenses. É o caso do servidor público Luis Henrique Fernandes Pereira, 31 anos, morador no interior de São Paulo. Em viagem de férias ao litoral paranaense com a família, ele passou por alguns dos principais trechos rodoviários e viu a diferença, comparando os últimos anos.
“A qualidade das pistas já é um diferencial. Mas a segurança também está melhor. A frota circulante parece bem mais conservada, e existe fiscalização. Você não vê aquele acúmulo de carros ‘entulhados’ perto das bases policiais”, disse o paulista.
RESULTADOS
De 2017 até fevereiro deste ano, mais de 20 mil veículos precisaram ser recolhidos por algum motivo nas estradas federais do Paraná. A malha rodoviária conta com cerca de quatro mil quilômetros e está servida de 38 UOPs (Unidade Operacional de Polícia), sob jurisdição da PRF (Polícia Rodoviária Federal).
Aliás, grande parte do mérito pela melhoria das condições de segurança é da Superintendência da PRF no Estado, que não se conformou com a precariedade verificada no passado e viabilizou a parceira com a iniciativa privada, por meio de licitação.
VANTAGENS
Enquanto algumas unidades da federação convivem com as sucatas e frota retirada (temporariamente) de circulação, em condições inadequadas, no Paraná as concessões transformaram um passivo econômico e social em ativo.
As empresas que operam o sistema pagam a outorga estabelecida pelo Poder Público, em benefício da União. Para o motorista que tem seu veículo apreendido, o custo é o mesmo (regulamentado pelo Denatran). A diferença é a redução do risco do patrimônio se deteriorar, em espaços improvisados à beira da rodovia, até que seja resgatado ou leiloado.
Existem ainda as vantagens sociais. Nos pátios privados, onde há sistemas de vigilância e zeladoria, há o compromisso do controle de criadouros de vetores, como o Aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya.
Em 2015, quando várias cidades do Paraná viveram grande epidemia, os pátios de veículos apreendidos foram apontados entre os “vilões”, a maioria administrados por órgãos governamentais.
FUTURO
Especialistas vêm uma tendência de fortalecimento das concessões e privatizações, com um Estado mais ágil e moderno, concentrando-se em suas atividades fins: Saúde, Educação, Segurança, entre outras essenciais.
Neste cenário, a expectativa da população é que serviços como este continuem sendo executados por empresas capacitadas, mediante regulação eficiente, transparência e concorrência pública.
Pesquisa realizada pelo Instituto Paraná, divulgada pela Gazeta do Povo, revela dados que confirmam esta tese. O levantamento apontou que 53,3% dos entrevistados apoiaram que o Poder Público deixe de agir como “empresário” e faça licitações. Entre os entrevistados com ensino superior, esse número chegou a 71,8%.
Como as empresas possuem maior capacidade que os governos para agregar Tecnologia de Comunicação e Informação, a expectativa é que, no futuro, os usuários tenham ainda mais serviços visando comodidade nas estradas.
“Quem viaja com a família sabe da importância de haver segurança, bases de polícia eficiente, comunicação e infraestrutura em geral. Toda viagem gera, também, a expectativa de voltar para casa tranquilo e seguro”, acredita o servidor público ouvido pela reportagem.