Casos de feminicídios dobraram nos primeiros nove meses em Cascavel

Cascavel e Paraná - Cascavel – A violência contra a vida que em diversos casos chocam a sociedade são uma das principais preocupações dos órgãos de segurança, que trabalham na prevenção, atendimento e após o fato consumado, na elucidação dos casos. Nesta semana, vários casos de homicídios chamaram a atenção pela forma violenta de execução. No domingo (12), um jovem foi morto à pedrada ao tentar separar uma briga e no dia seguinte, um idoso, morador de rua foi agredido até a morte por outros moradores. 

Para fazer um panorama da situação de homicídios na cidade, a reportagem do O Paraná conversou com o delegado de homicídios, Fabiano Moza, que falou sobre números, casos e fez um diagnóstico da real situação dos crimes. Moza disse que os casos se resumem em três vertentes: briga de território por tráfico de drogas, casos envolvendo moradores de rua e por últimos os homicídios momentâneos, que são aqueles decorrentes de brigas e onde se encaixam os casos de feminicídios.

Segundo dados da DH (Delegacia de Homicídios de Cascavel), a cidade tem 40 mortes de janeiro a setembro deste ano, número abaixo do mesmo período do ano passado que estava em 51 casos. O que chama mais atenção são os casos de feminicídio que dobraram, passando de dois casos no ano passado para quatro neste ano. Homicídios em geral são 35 casos e ainda tem a morte de uma criança por maus tratos, que ainda está sendo investigada.

2024

No mesmo período do ano passado foram registradas 49 mortes, ou seja, em comparação a este ano a cidade tem uma queda de 28,75%. Segundo Moza, o ano passado foi atípico já que havia uma disputa de território por tráfico de drogas de dois grupos da Região Norte, mais precisamente do Clarito e do Abelha, que desencadeou uma série de mortes que chamaram a atenção pela audácia dos bandidos, como o crime dentro de uma igreja e de um outro indivíduo no fim da tarde em frente a uma escola, o crime planejado para mostrar força. “Após um trabalho intenso de operações policiais, conseguimos resolver esta situação ainda no ano passado”, disse.

Homicídios e Moradores de Rua em Cascavel

Moradores de rua

Já este ano, o delegado explicou que a preocupação é com os casos envolvendo os moradores de rua, problema que ficou ainda mais latente após a morte de Luiz Lourenço, na manhã do dia 25 de março, nas proximidades do Parque Vitória. Ele foi morto por um morador de rua que desferiu diversos golpes de um pedaço de concreto envolto a um cano de PVC. “Temos hoje um panorama de que 10% dos casos de homicídios envolvem os moradores de rua que, em regra, todos têm algum tipo de objeto, principalmente faca”, relatou.

O delegado mostrou à reportagem alguns itens que haviam sido apreendidos um dia antes em operações – facas de serra pequenas, mas que acabam sendo grandes armas – mas lembrou de que neste ano até um vaso de planta foi o objeto escolhido para ser uma arma que matou outro morador, em um posto de combustível. “Estamos trabalhando nestas linhas em parceria com a Polícia Militar para tentar coibir este tipo de situação e tirar de circulação objetos que podem ser utilizados nos crimes, em casos de desavença entre os próprios moradores”, descreveu.

Elucidação de Crimes e Violência Doméstica

Elucidações

Além disso, Moza falou ainda que existe um aumento de casos de mortes por violência doméstica, que é uma preocupação assim como os casos em geral e ainda de situação envolvendo nordestinos e estrangeiros, que estão aumentando nos últimos meses, entre eles, o caso de infanticídio que é de um casal de venezuelanos. Mesmo assim, a DH tem um índice de elucidação de 70% dos casos neste ano. Dados da Delegacia da Mulher apontam 1344 procedimentos de janeiro a setembro, 957 medidas protetivas, 1087 inquéritos, 1011 relatados e ainda 560 flagrantes de violência.

“Estamos mantendo um bom trabalho e a média de casos e esperamos que também a gente receba mais profissionais que estão passando pela a nova escola de polícia”, concluiu o delegado. Além destes homicídios, a cidade teve ainda mais três casos que foram declinados para latrocínio – roubo seguido de morte – que acabaram sendo encaminhados ao GDE (Grupo de Diligências Especiais).

Paraná

No Paraná, dados da Sesp (Secretaria da Segurança Pública do Paraná) apontam que os registros de homicídios dolosos caíram 31,3% nos primeiros oito meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que estão caindo em relação a 2024 que foi o menor já registrado na série histórica. Foram 1.112 ocorrências de homicídio doloso, quando há a intenção de matar, de janeiro a agosto do ano passado contra 764 no mesmo período de 2025. 

“Reduzir os homicídios e garantir mais segurança à população paranaense é resultado de planejamento, integração e da aplicação correta de recursos. Essa queda expressiva demonstra que nossas estratégias estão funcionando e que as forças policiais do Paraná atuam de forma coordenada, com tecnologia e inteligência, para proteger vidas”, afirmou o secretário da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.

Segundo Teixeira, a diminuição dos índices de criminalidade é fruto de um trabalho unificado entre a inteligência, policiamento ostensivo e preparo tecnológico das forças policiais do Paraná. Além de um investimento maciço na política de segurança pública. No mês passado, por exemplo, o governador Carlos Massa Ratinho Junior entregou cinco helicópteros, fuzis, viaturas Dodge Rams e binóculos noturnos para as forças de segurança, em um investimento de R$ 116 milhões.