Gustavo Livina, 19 anos, ganhou a liberdade na tarde de ontem (30) após cinco meses e cinco dias preso na PEC (Penitenciária Estadual de Cascavel). Ele era acusado do latrocínio de Sônia Massae Togutti, 47 anos, mas foi absolvido da acusação após o laudo de DNA das amostras coletadas do corpo da vítima não ser compatível com o de Gustavo. Foram colhidas quatro amostras e nenhuma delas é de Gustavo.
Após análise do exame, a absolvição e o alvará de soltura foram expedidos pela Justiça.
O crime
Sônia Massae Toguti, de 47 anos, foi encontrada morta no apartamento onde morava no Bairro Cancelli em fevereiro deste ano. Ela tinha ferimentos de faca. O caso foi tratado como latrocínio, roubo seguido de morte. Antes de sair do local, o autor colocou fogo em um colchão.
E agora?
A Polícia Civil informa que o inquérito foi encerrado e todas as provas colhidas foram enviadas ao Ministério Público e que a ele decidir se reabre o caso, uma vez que não há autor do crime. A promotora responsável pelo caso está de férias e deve retornar em agosto, quando o caso deve ser analisado.
“Só confessei pra pararem de me bater”
Após deixar a PEC, Gustavo Livina conversou com a reportagem do Jornal HojeNews. Ele disse que estava na região em que Sônia Massae Togutti morava no dia do crime. Ele, inclusive, aparece em imagens de câmeras de segurança. Contudo, negou o crime: “Não fui eu quem matou ela. Eu nunca a vi nem ninguém da família… nem sei quem ela é. Eu só confessei porque tinha usado drogas e quando a polícia me pegou, eu fui agredido e disse que tinha sido eu pra pararem de me bater… Quando foram fazer a reconstituição [do crime], foi a mesma coisa… eu só fazia o que me mandavam”, desabafou Gustavo.
O rapaz tem outras passagens policiais por roubo e assume ser usuário de drogas: “Eu já fiz algumas coisas erradas, mas agora quero seguir a vida, trabalhar e cuidar da minha mãe, que é acamada”.
Gustavo relatou abuso de autoridade e agressões por partes de agentes da PEC: “Os agentes fazem uso de drogas e depois jogam bomba de efeito moral e spray de pimenta nos presos… É muita opressão que a gente sofre lá dentro e sem ter feito nada”. Gustavo disse que pretende acionar o Estado e pedir indenização por danos morais.
Família se mudou
Após sair da PEC, Gustavo foi até a casa onde a mãe e a avó moravam, mas foi informado de que elas se mudaram para Corbélia. Ele iria procurar uma tia que ainda mora em Cascavel.
Denúncias
Sobre as denúncias de violência de policiais, a Polícia Civil afirma que não tem conhecimento dos fatos.
Já o Depen (Departamento Penitenciário) esclarece que não recebeu nenhuma denúncia oficial sobre o caso e que os presos custodiados nas unidades de todo o Estado são submetidos ao mesmo tratamento, previsto na Lei de Execução Penal. O Departamento informou ainda que constantemente passa por fiscalização de órgãos independentes para garantir a transparência dos trabalhos realizados.
O Depen emitiu na tarde dessa terça-feira (30), uma nota sobre a soltura do acusado do assassinato de Sônia Massae. Leia a nota na íntegra:
Sobre as declarações feitas por um rapaz logo após o cumprimento de alvará de soltura, na tarde desta terça-feira (30), em frente à Penitenciária Estadual de Cascavel, o Depen – Departamento Penitenciário do Paraná – esclarece que até o momento não recebeu nenhuma denúncia oficial sobre o caso.
Os presos custodiados nas unidades de todo o Estado são submetidos ao mesmo tratamento, previsto na Lei de Execução Penal.
Todos os procedimentos realizados com os internos obedecem às diretrizes do Caderno de Segurança – documento fundamental que orienta o trabalho dos Agentes Penitenciários do Depen.
O Depen informa ainda que constantemente passa por fiscalização de órgãos independentes, justamente com o objetivo da transparência dos trabalhos realizados.
As unidades da regional de Cascavel estão de “portas abertas” à sociedade, à imprensa e a quem quiser conhecer o trabalho realizado e desenvolvido com os internos.
Matéria atualizada às 12h11 do dia 31 de julho de 2019