Nas eleições de outubro passado o termo “nova política” contagiou os discursos de boa parte dos candidatos. A odiada “velha política” precisava morrer e dar lugar à nova, que nos prometera um novo mundo.
O futuro chegou e a nova política quer seu espaço prometido. Mas agora veio a dúvida se estamos de fato preparados para ela.
Exemplo mais recente é a crise armada na Câmara dos Deputados que ninguém sabe exatamente por que nem quando muito menos como começou. Pelo menos não publicamente. O que se sabe é que, logo após a prisão do ex-presidente Michel Temer, Jair Bolsonaro disse que era resultado da velha política e que por isso não governaria sob esses termos.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, vestiu a carapuça na hora. E avisou que a partir de agora fará a “nova política” e que “ela se resume a não fazer nada e a esperar por aplausos das redes sociais”.
Maia alertou ainda que o governo que se vire em arrumar os votos necessários para a reforma da Previdência.
No alto do seu humor irônico e muitas vezes mal compreendido, Bolsonaro disse que Maia parecia uma namorada que quer ir embora (o que isso quer dizer?!).
Mas calma lá; a tal nova política não é essa troca de alfinetadas, ok?
De fato, o que se esperava após a maior renovação do Congresso da história, cujos parlamentares foram eleitos sob o discurso da moralidade, da ética e do combate à corrupção, era que essa nova política já viesse de casa, fosse praxe, enfim, a regra sem exceção.
Pelo que estamos vendo, não é bem assim.
Nas entrelinhas, parece cada vez mais evidente que a velha política resiste e que o jogo estava sendo jogado, mesmo que o público acreditasse que ela já havia aposentado as chuteiras.