Política

Estrada do Colono pode ser reaberta

Projeto parado há três anos no Senado ganha apoio popular

Capanema – Estacionado no Senado há pelo menos três anos, o projeto de lei que trata da reabertura da Estrada do Colono pode ter um desfecho nos próximos meses. O deputado federal Assis do Couto, autor do projeto, solicitou aos senadores para que ao menos apreciem a pauta independente de qual seja a votação.

O projeto de lei da estrada parque começou a tramitar em 2003. O percurso que corta o Parque Nacional do Iguaçu e liga as cidades de Capanema, no sudoeste do Estado, a Serranópolis do Iguaçu, no oeste do Paraná, foi fechado pela última vez em 2001, mas os entraves jurídicos começaram muito antes disso, ainda na década de 1980, quando o trajeto foi fechado pela primeira vez.

A alegação para interromper a passagem de pedestres, veículos e a utilização de balsa foi que essa forma de exploração do espaço traria prejuízos irremediáveis e danos insustentáveis ao meio ambiente e ao Parque Nacional do Iguaçu.

Estados Unidos, por exemplo, os parques recebem mais de 200 milhões de visitantes todos os anos e isso gera à economia turística cerca de US$ 30 milhões. “No Brasil nós temos a mesma quantidade de parques, mas parte deles, como é o exemplo da Estrada do Colono e da estrada parque, está fechada para visitação e não geraa economia às suas cidades, não atrai turistas e é errôneo falar que abrir a estrada prejudicaria a preservação ambiental e as espécies que ali vivem, pois do lado argentino onde o parque é aberto há mais espécies de animais, inclusive os que estão em extinção, do que do lado brasileiro, onde parte do acesso é restrito”, argumenta o deputado.

Debate

O Instituto Federal do Paraná foi quem trouxe o assunto à baila e realizou na tarde de ontem um evento para discutir os aspectos históricos e culturais da Estrada do Colono e do Parque Ambiental que passa pela cidade de Capanema, no sudoeste do Paraná.

O projeto de pesquisa que realiza esse resgate histórico está sendo coordenado pelo professor de História Jaci Poli e conta com o envolvimento de pelo menos oito acadêmicos.

projeto consiste em fazer um levantamento sobre tudo o que consta em publicações, resgates fotográficos de imagens e relatos de quem conhece a realidade do parque desde a abertura da estrada na década de 1930 até os dias atuais.

documentação e depoimentos que estão sendo colhidos por esse grupo de trabalho e vai compor um acervo que ficará à disposição de toda a comunidade e de livre acesso no Campus do IFPR na cidade de Capanema.

O projeto só foi tornado público agora quando dezenas de pessoas que têm conhecimento do assunto ou que reconhecem todos os processos de exploração da Estrada serão ouvidas. Seus depoimentos serão gravados e transcritos para que possam endossar a publicação a ser feita a partir desses relatos.

catálogos de ações e registros que consideram a existência da Estrada do Colono desde 1600, com trajetos jesuítas e mais tardar da própria coluna Prestes, passando por ali”, disse o historiador.

Atividades interrompidas

Para o balseiro que trabalhou no parque desde os anos de 1980 até o seu fechamento, a interrupção das atividades é um erro grotesco e que precisa ser corrigido já que as cidades da região necessitariam da Estrada tanto para o contexto histórico quanto para o cultural e econômico.

trabalhei no parque por mais de 20 anos. Tudo era feito com muita consciência. Existe limite de velocidade de modo geral, as pessoas cumpriam com a lei. Na balsa tivemos apenas um incidente e foi provocado por uma desatenção de um passageiro e aquilo tudo era extremamente movimentado. Para a nossa região, quem determinou o fechamento não conhece a realidade da estrada parque nem que não havia degradação ambiental”, confirmou o balseiro.

O encontro realizado ontem no Campus do IFPR em Capanema foi apenas o primeiro de uma série que será desenvolvida a partir de agora. “E nós esperamos ter notícias sobre o andamento do projeto de lei no Senado para repassar a comunidade local”, disse o deputado.