Foz do Iguaçu – O deputado estadual Soldado Fruet (PROS) denunciou ao MPF (Ministério Público Federal) uma série de problemas na saúde pública de Foz do Iguaçu, entre eles a contratação de serviços médicos para o Hospital Municipal com valores milionários e a inexigibilidade de licitação. Segundo o parlamentar, “a saúde de Foz está um caos, com dezenas de milhões de reais indo pelos ralos e o povo à míngua”.
Na segunda-feira (10), em discurso na Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), o parlamentar destacou que quatro empresas foram criadas em 2019, poucos meses antes do credenciamento pela prefeitura e têm como sócios pessoas que já trabalhavam no Hospital Municipal. Além disso, chamou a atenção dele que esses quatro lotes receberão R$ 27 milhões, ou seja, 70% dos R$ 41 milhões previstos para o total de 35 lotes.
“Nos últimos meses, as reclamações que chegaram até mim referentes ao hospital são inúmeras… faltam médicos, remédios, as dificuldades em conseguir um exame, até mesmo a falta de macas”, listou.
O deputado citou ainda que um paciente foi encaminhado pelo hospital para realizar com urgência um exame do coração. “Na fila para agendar o exame, lhe disseram para que fosse embora e aguardasse porque havia 1.200 pessoas na fila. Um exame que custa R$ 150, ou seja, com menos de R$ 200 mil se resolveria essa fila”, apontou. “Eu entenderia, caso faltasse dinheiro, mas esse não é o caso de Foz de Iguaçu, cujo bilionário orçamento permitiria que sua população tivesse uma saúde pública exemplar”.
Sem licitação
Por envolver verbas do SUS, o deputado pediu ao MPF que analise com cautela o processo aberto pela Fundação Municipal de Saúde para contratação de empresas de serviços médicos, odontológicos, nutrição e fonoaudiologia para o Hospital Municipal. “Quem vê de longe pensa que o Município está investindo pesado em saúde, mas quem vê de perto descobre outra situação”, comentou.
O deputado vai protocolar uma cópia da denúncia no TCE-PR (Tribunal de Contas do Estado).
O deputado observou que os credenciamentos poderiam ter sido feitos diretamente com médicos, o que economizaria a comissão das empresas e atenderia o aspecto legal. “As quatro empresas contratadas possuem quase todos os sócios médicos que já prestam serviços no Hospital Municipal, o que seria, no mínimo, imoral, pois teriam informações que os demais concorrentes não tinham, isso se tivesse havido licitação”.
Esclarecimento
O Hospital Municipal Padre Germano Lauck, por meio da Assessoria de Comunicação, informou que “a Fundação Municipal de Saúde de Foz abre os processos de credenciamento médico atendendo todos os preceitos legais, não havendo nenhum tipo de irregularidade na contratação de serviços médicos no âmbito da unidade hospitalar”. E que a gestão “reafirma à comunidade sua cultura organizacional, visando à eficiência e à eficácia da administração pública”.