RIO ? O Brasil não conquistou medalhas, mas a torcida teve um dia emocionante. O público vibrou com a suada vitória da seleção brasileira de basquete sobre a Espanha; sofreu com Mariana Silva, derrotada na semifinal do judô; se encantou com os ágeis movimentos de Simone Biles na ginástica artística; ressuscitou cânticos de MMA na disputa do boxe, e testemunhou mais conquistas de Michael Phelps nas piscinas. Nas últimas horas do dia, os Estados Unidos voltavam a superar a China no quadro de medalhas, com o Brasil ocupando a 14ª posição.
TORCIDA FEZ A DIFERENÇA
Após uma derrota para a Lituânia na estreia, a equipe brasileira de basquete tinha pela frente a poderosa seleção espanhola, medalha de prata nos jogos de Londres. Diferentemente do que aconteceu na partida inicial, o Brasil começou a todo vapor e teve o apoio de uma barulhenta torcida na Arena Carioca 1, que vibrou, vaiou os espanhóis e incentivou o time, que fechou o primeiro tempo ganhando por 34 a 31.
Na etapa final, o Brasil começou ampliando a vantagem, mas novamente a equipe espanhola empatou o jogo. A torcida voltou a empurrar o time brasileiro, que engrenou e chegou ao último período com oito pontos de vantagem. Apesar de começar o último quarto ampliando a vantagem, o Brasil deixou que a Espanha equilibrasse a partida, virando o placar a 1 minuto e 44 segundos do fim. A 23 segundos do fim, o astro do Chicago Bulls Pau Gasol teve dois lances livres a seu favor e, muito pressionado, errou os dois. Na sequência, Marcelinho Huertas arremessou e, com um toquinho, Marquinhos fez Brasil 66 a 65 a cinco segundos do fim. Com a bola, Sergio Llull tentou, mas não conseguiu dar a vitória para os espanhóis. Festa para os 16 mil torcedores que lotaram a arena. Basquete masculino: Brasil 66 x 65 Espanha
Após a partida, Nenê e o astro Oscar Schmidt ? crítico à postura de jogadores da seleção que atuam na NBA e por vezes pedem dispensa da seleção ? se encontraram na quadra e se cumprimentaram. O pivô dos Houston Rockets, que foi vaiado durante uma partida de exibição no Rio em 2013, elogiou o comportamento da torcida brasileira, e garantiu que o episódio das vaias e o desentendimento com Oscar ficaram no passado.
? Quem anda para trás é caranguejo ? respondeu Nenê.
Já no basquete feminino, nem mesmo o apoio da torcida foi capaz de empurrar a equipe brasileira que sofreu sua terceira derrota, desta vez para a Bielorrússia. As brasileiras, que queriam evitar a classificação na quarta posição para evitar o provável confronto contra os Estados Unidos nas quartas de final, agora precisam fazer contas para não serem eliminadas na primeira fase. O time joga quinta-feira contra a França, às 15h30 (de Brasília), e no sábado contra a Turquia, no mesmo horário. Duas vitórias provavelmente garantiriam a vaga, mas dificilmente entre as três primeiras.
? É muito triste, pois toda a partida que perdemos, tínhamos o sentimento de que poderíamos ganhar ? lamentou Iziane, sem segurar as lágrimas. ? Tivemos momentos bons e outros muito ruins. Eu sei que a última bola não caiu, mas eu tentei dar o meu melhor.
BRASIL SAI DOS TATAMES SEM MEDALHAS
Um dia após o ouro de Rafaela Silva, outra judoca brasileira empolgou a torcida na Arena Carioca 2. Mariana Silva teve um início surpreendente, vencendo a ganesa Szandra Szögedi, a alemã Martyna Trajdos, número 4 do ranking mundial, e a israelense Yarden Gerbi, garantindo presença nas semifinais. No entanto, o talento da paulista não foi suficiente para superar a eslovena Tina Trstenjak, número 1 do ranking e considerada a melhor judoca do mundo em todas as categorias, que conquistou um ippon ao imobilizar a brasileira, e levou a medalha de ouro ao derrotar a francesa Clarisse Agbegnenou.

? Gostei muito da minha participação, mas infelizmente não foi dessa vez ? afirmou a judoca. ? Fiquei feliz com a torcida, por poder ter um bom desempenho com minha família e meus amigos aqui.
Na competição masculina, Victor Penalber conquistou uma vitória sobre o moçambicano Marlon Acácio na luta inicial, mas foi derrotado na segunda rodada por Sergiu Toma, dos Emirados Árabes, que ficou com uma das medalhas de bronze. A Rússia conquistou seu segundo ouro na modalidade com a vitória de Khasan Khalmurzaev, que derrotou o americano Travis Stevens, e o japonês Takanori Nagase ficou com o bronze.
Outro brasileiro também marcou o quarto dia de competições do judô. Naturalizado libanês, o capixaba Nacif Elias foi desclassificado em sua primeira luta, contra o argentino Emmanuel Lucenti, por uma entrada de golpe proibida. O juiz considerou que Nacif encaixou uma chave de braço quando estava de pé e encerrou o combate. Inconformado, o judoca se negou a sair do tatame da Arena Carioca 2, discutindo com mesários. Após alguns minutos, o vice-campeão asiático deixou a área de luta.

Após conversar com a Federação Internacional de Judô, Nacif retornou para fazer a saudação final e pediu desculpas aos juízes, público e tatame, sob aplausos da torcida.
? Eu vim para ser campeão. Dentro do meu coração estava o espírito de vitória e batalha. Apesar de ter me naturalizado libanês, senti o carinho do povo brasileiro. Entraram comigo e fizeram barulho, senti o carinho do povo brasileiro. Não vou desistir e ainda vou trazer essa medalha para o Espírito Santo. Vou para Tóquio buscar essa medalha ? afirmou o judoca. ? Melhor cair de ippon do que ser desclassificado assim.
NO VÔLEI DE PRAIA, LARISSA E TALITA AVANÇAM
Na Arena de Copacabana, sob os atentos olhares do oscarizado ator Matthew McConaughey, o Brasil, maior medalhista olímpico do vôlei de praia deu mais um importante passo para manter a escrita. Em sua segunda partida, Larissa e Talita derrotaram as americanas Lauren Fendrick e Brooke Sweat, e lideram o Grupo A da competição, assegurando a vaga nas quartas de final. Na disputa masculina, Evandro e Pedro Solberg foram derrotados pelos canadenses Ben Saxton e Chaim Schalk, e agora precisam vencer os letões Aleksandrs Samoilovs e Janis Smedins na quinta-feira, e torcer por uma combinação de resultados para seguirem vivos na disputa.

O SHOW DE BILES
Na ginástica artística, a equipe brasileira formada por Jade Barbosa, Rebeca Andrade, Daniele Hipolyto, Flavia Saraiva e Lorrane Oliveira, participou da final por equipes e ficou com a 8ª posição. O Brasil ainda disputa três medalhas na ginástica feminina: Rebeca Andrade e Flávia Saraiva se classificaram para as finais da trave e do individual geral.
? Acho que essa foi uma Olimpíada muito boa para a gente. Tivemos alguns erros, mas mesmo com isso tudo, amei a competição. Acho que ficar entre as oito melhores do mundo já é uma honra ? disse Lorrane.
Aos 31 anos, Daniele Hipolyto deixou em aberto seu destino no esporte. Ela continuará a treinar e competir por pelo menos mais um ano.
? Não sei (se é a última Olimpíada). Acredito que, no momento, até agora, essa é a última Olimpíada, mas a gente nunca sabe o que acontece ? afirmou Daniele, que participa pela quinta vez dos jogos.

QUEBRADA A MALDIÇÃO DA ESTREIA
Depois de ser eliminado por atletas locais nas lutas de abertura em Pequim e Londres, o boxeador Robson Conceição finalmente reverteu a maldição da estreia e derrotou o tadjique Anvar Yunusov por nocaute técnico, avançando às quartas de final. O pugilista baiano enfrentará o uzbeque Hurshid Tojibaev na tarde de sexta-feira, no Pavilhão 6 do Riocentro.
? Quero ganhar uma medalha para homenagear a minha filha, Sofia, que faz dois anos no próximo dia 19. Me inspiro muito nela ? comentou Robson.
Popularizado pela torcida nos combates de MMA, o grito de ?Uh, vai morrer? se espalhou pela torcida no Riocentro. Robson não aprovou. Boxe: Robson Conceição vence luta contra Anvar Yunusov do Tadjiquistão
? Não acho favorável fazer isso com o adversário. Ele treinou, se sacrificou bastante para estar na Olimpíada. Não podia fazer isso. No meu ver, não gostaria de ver zoada nenhuma ? afirmou o boxeador. ? Mas é bom ter a torcida a favor.
A TARDE DO ?GORDINHO?
O físico destoa dos atléticos nadadores e seus músculos desenvolvidos. O tempo também não foi suficiente para levá-lo a uma final nos 100m. livres. Mas o etíope Robel Kiros Habte não apenas realizou seu sonho de disputar uma Olimpíada, como também ganhou a torcida e foi ovacionado ao terminar, em último lugar, a etapa classificatória.

? Estou muito feliz porque é a minha primeira Olimpíada. Queria fazer algo diferente para o meu país. É por isso que eu escolhi a natação ? contou. ? Todo mundo na Etiópia corre. Não nada. Mas eu não queria correr. Eu queria ser um nadador.

O brasileiro Marcelo Chierighini vai disputar a final dos 100m livre. O nadador se classificou para a decisão na segunda semifinal na noite desta terça-feira. Marcelo foi o quinto em sua bateria e fez o oitavo tempo geral com 48s23. A final será disputada nesta quarta-feira no Parque Aquático.
CLIMA TENSO
Dois episódios contrastaram com o espírito de harmonia dos Jogos Olímpicos. Na estreia do polo aquático, o Brasil foi derrotado pela seleção italiana ? medalha de ouro em Atenas-2004 e de bronze no Mundial do ano passado ? por 9 a 3. Durante a partida, a brasileira Gabriela Mantellato foi expulsa após dar dois socos na cabeça da italiana Roberta Bianconi. A imprensa italiana citou o episódio, mas preferiu se concentrar no bela estreia da setterosa, nome dado à seleção feminina.
Se os socos no polo aquático lembraram a batalha entre húngaros e soviéticos nos jogos de Melbourne, em 1956, no vôlei, Irã e Polônia quase brigaram em quadra, numa cena que trouxe lembranças do confronto entre brasileiras e cubanas na semifinal do vôlei feminino em Atlanta, 1996. Os capitães Michal Kubiak e Saeid Marouf se estranharam. Embora Kubiak tenha dito que não queria briga, o iraniano se despediu dizendo que os dois ?voltariam a se encontrar?.

Os poloneses ganharam por 3 a 2 (25/17, 25/23, 23/25, 20/25 e 18/16).
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