Esportes

Dirigente do atletismo volta ao Quênia após denúncia de evitar testes de atletas dopados

afp.jpgRIO ? Um dirigente do atletismo queniano foi convocado de volta ao país pela federação do esporte depois que uma investigação do jornal “The Sunday Times” e da televisão alemã ARD apontou que ele cobraria propina para avisar atletas e treinadores sobre a iminência de testes antidoping.

Em nota, a federação de atletismo do Quênia informou que o retorno do dirigente, que estava no Brasil para os Jogos do Rio-2016, visava a ajudar na investigação mais profunda sobre o papel dele na denúncia, segundo a qual Michael Rotich cobrava 10 mil libras para ajudar a evitar resultados positivos de uso de substâncias proibidas.

“Estas são alegações muito sérias e nós não podemos ter alguém deste caráter como gerente do nosso time”, comunicou a federação.

Joseph Mwangi, um dos três peritos médicos presos depois de uma primeira investigação dos veículos de imprensa, teria recomendado aos repórteres investigar Rotich. Myangi foi detido ao concordar em conseguir uma substância que aprimora o transporte de oxigênio para os músculos a uma fictícia equipe britânica.

Rotich teria apresentado os repórteres, que fingiam ser técnicos e agentes de atletas, a Paul e Liz Scott, testadores oficiais antidoping no Quênia ? sobre quem não pesam acusações de má conduta na investigação. Os dois, professores aposentados, trabalham para uma empresa de base na Suécia que tem contrato com a Federação Internacional de Atletismo para testes de doping no Quênia.

O dirigente ainda teria dito que tentaria evitar que os atletas dos supostos treinadores fossem testados e que proveria justificativas possíveis para a ausência de atletas ao exame, caso os esportistas não considerassem ter tido tempo suficiente para ficarem limpos ? entre elas, ter um filho doente e ter tido que dormir no hospital ou uma doença repentina de um parente próximo.

“Nós os aconselhamos, ensinamos e pedimos que fossem cautelosos sobre doping. Queremos mostrar ao mundo que fazemos parte do esporte limpo”, teria dito Rotich ao chegar no Rio.

O Quênia sofre há meses com denúncias de doping. Na semana passada, o governo queniano aprovou uma legislação antidoping para se adequar às regras da Agência Mundial Antidoping. Em contrapartida, a nação foi retirada da lista dos países irregulares na questão.