A Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) respondeu, por meio de nota, a reivindicação de oito atletas campeãs olímpicas no vôlei que demonstraram insatisfação com o sistema de ranking para a temporada 2017/2018 da Superliga Feminina. A entidade afirma que a definição do sistema de ranking é decidida em parceria com Comissão de Atletas e clubes.
Pelas regras, os times têm um limite de pontos para a composição de seus elencos e podem ter no máximo duas jogadoras com pontuação máxima, ou seja, sete pontos. Os clubes estão livres para terem quantas jogadoras de seis a um ponto quiserem, desde que cumpram o somatório de 43 pontos no máximo.
Logo após a resposta da CBV, Thaisa, que é uma das campeãs olímpicas que assinam a carta, reclamou que neste sistema atual a voz do atleta tem pouco peso.
– Não estamos discutindo a Comissão dos Atletas. É de conhecimento público que ela existe e que ela vota. Entretanto, ela tem apenas um voto diante de 10 votos dos clubes. A postura da CBV mais uma vez foi de se eximir de suas responsabilidades. Foi ela quem criou o ranking e agora quer transferir as responsabilidades para os clubes? – reclama Thaisa.
A campeã olímpica também está indignada do tratamento recebido pela entidade. Já que a carta – com as assinaturas de Dani Lins, Fabiana, Fernanda Garay, Jaqueline, Natália, Sheilla, Tandara e Gabi – foi enviada a diretoria da CBV na última semana, e não houve respostas. Segundo elas, a CBV só se posicionou sobre o assunto depois que foi procurada pela imprensa.
– Estamos indignadas com a discriminação. E não tivemos resposta para essa carta de repúdio enviada à CBV. Eles simplesmente a ignoraram. Do que adianta ser jogadora de seleção, ser top de linha no seu país, se isso só te causa desvantagem e só te atrapalha? – diz Thaisa.
Confira a nota oficial da CBV na íntegra:
A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) tem como prática dividir decisões com seus principais parceiros e isso se repetiu, na última terça-feira (14.03), em reunião realizada em São Paulo (SP), com clubes e representante da Comissão de Atletas com objetivo de definir parâmetros e traçar estratégias para a Superliga masculina 2017/2018. Na ocasião, foi decidido pela manutenção do ranking na competição feminina com sete dos nove votos a favor, demonstrando que a entidade não toma decisões unilaterais.
A Superliga é uma competição gerenciada pela CBV, mas os clubes e atletas são os protagonistas. Por isso, ficou a critério deles esta decisão, assim como o sistema de disputa da edição 16/17, que determinou séries melhor de três jogos nos playoffs do feminino, e de cinco no masculino. O ranking foi implantado na temporada 92/93, com o objetivo de gerar equilíbrio entre os times e, de forma democrática, vem sendo mantido por escolha dos clubes participantes.
Veja também a resposta completa de Thaisa à nota da CBV:
Não estamos discutindo a Comissão dos Atletas. É de conhecimento público que ela existe e que ela vota. Entretanto, ela tem apenas um voto diante de 10 votos dos clubes. A postura da CBV mais uma vez foi de se eximir de suas responsabilidades. Foi ela quem criou o ranking e agora quer transferir as responsabilidades para os clubes?
Desde a sua criação pela CBV, o ranking vem prejudicando quem mais se destaca na seleção, pois as atletas com pontuação 7 ficam sem escolha, à mercê dos clubes. A gente quer apenas o nosso direito de escolha e de trabalhar livremente. Não podemos ser punidas por nossas conquistas.
É bom lembrar que hoje quem paga o pato somos nós, as atletas que estão com 7 pontos, mas amanhã, outras atletas estarão em nosso lugar, e também serão prejudicadas.
O ranking não tem critérios. Como na seleção da Superliga há apenas uma atleta de 7 pontos? Como não há nenhuma atleta do líder do campeonato na seleção da Superliga? Está clara a contradição do ranking. Pontua com 7 pontos nove atletas e apenas uma é tida como destaque da competição.
Nessa parte da nota da CBV: ?O ranking foi implantado na temporada 92/93, com o objetivo de gerar equilíbrio entre os times e, de forma democrática, vem sendo mantido por escolha dos clubes participantes”. Eles sempre falam em clubes, clubes, clubes. Quando falam em atletas, citam a comissão, que tem um voto sem poder de mudar nada.
Por fim, o descaso da CBV para com as atletas é nítido, pois a nota agora emitida é praticamente idêntica às demais notas enviadas em outras ocasiões como essa.