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Às vésperas dos Jogos, Rio-2016 economiza em energia, alimentação e prepara novos cortes

RIO ? A cerca de 48h da Cerimônia de Abertura, o comitê organizador Rio-2016 se vê duplamente pressionado: de um lado, a promessa de não usar dinheiro público, ou seja, não deixar dívidas após os Jogos (por lei, elas serão “herdadas” pela prefeitura e governo estadual do Rio); de outro, uma série de imprevistos e atrasos que têm obrigado o Rio-2016 a gastar mais do que o previsto. A decisão está tomada: os problemas urgentes têm de ser resolvidos, mas a ordem é economizar onde for possível:

? Tudo pode ser cortado, a rigor. Só não pode cortar segurança dos atletas, qualidade da competição e “field of play” (campo de jogo) ? resumiu Mario Andrada, diretor de Comunicação do comitê.

Entre cortes já feitos nos últimos dias, como nas áreas de energia e alimentação, o Rio-2016 ainda corre em negociação com o governo federal para conseguir o patrocínio de duas estatais (Embratur e Apex), como forma de aumentar a arrecadação, e tenta lidar com dois principais problemas nestes dias de véspera dos Jogos: a mobilidade, em especial o trânsito e as longas filas para acesso ao Parque Olímpico, e o atraso na chegada do material de “look of the Games”, a ‘roupagem’ das arenas para dar a identidade visual dos Jogos do Rio.

SABATINA NO COI

Nesta quarta-feira, uma comitiva do Rio-2016 esteve no Congresso do COI para fazer uma apresentação e ser sabatinada pelos membros da entidade internacional. Após discursos nos quais o presidente do comitê Carlos Arthur Nuzman e o CEO Sydney Levy rasgaram elogios à organização dos Jogos do Rio, alguns membros do COI fizeram questionamentos firmes. Os principais pontos cobrados foram transportes e as finanças do comitê. O belga Pierre-Olivier Beckers-Vieujant chegou a citar uma “grande frustração” com a dificuldade de acesso às arenas. Aos jornalistas, Sydney Levy resumiu em três os pontos mais sensíveis no momento:

? Transportes é um, mas não preocupa tanto porque 75% das provas acontecem na Barra e em Deodoro, ligadas pela TransOlímpica. A segurança, no que diz respeito ao acesso às arenas: se você faz muito rígida, há muitas filas. Se relaxa, também não pode. Buscamos esse equilíbrio, e sábado será um dia importante, com a previsão de 140 mil pessoas irem ao Parque Olímpico. Sobre finanças, houve muitos imprevistos na última semana e aí, para manter o orçamento equilibrado, você tem que cortar ? afirmou.

Alguns imprevistos geraram aumentos de gastos: os problemas na Vila dos Atletas obrigou a contratação emergencial de trabalhadores e reforço da segurança após o princípio de incêndio no prédio da Austrália; protestos de funcionários das arenas quanto à alimentação ruim também fizeram o comitê gastar mais nesse ponto.

Para compensar, houve cortes, não especificados, na área de energia, e no serviço de alimentação em salas para a família olímpica nas arenas, onde algumas regalias foram cortadas. Além disso, foi reduzido o ritmo de contratações em quase todas as áreas. Muito mais coisa deve ser cortada

? Não sabemos o que vai ser cortado, não tem uma lista de cortes, a cada momento que os Jogos evoluem, surgem novas necessidades. Não temos vergonha de cortar. a sociedade espera da gente economia e que não deixe contas a pagar no final – frisou Mario Andrada. ? O COI deu uma mensagem clara esta semana, de que se precisar, vão ajudar (financeiramente). Mas não tratamos o COI como uma torneira de dinheiro infinita, porque não é. Nossa aposta foi fazer Jogos sustentáveis financeiramente, e assim será.

Do ponto de vista da realização dos Jogos, a preocupação com o “look of the games” é palpável. Por economia, a “roupagem” das arenas foi encomendada de uma empresa da Ucrânia e o transporte do material, de navio, atrasou. Agora a corrida é para instalar a tempo dos Jogos começarem. A arena do Vôlei de Praia, com toda a estrutura metálica à mostra, era a que mais preocupava.

? Acho que até sexta-feira estará tudo pronto ? disse Carlos Arthur Nuzman.