O gerenciamento, o controle e a destinação final do lixo precisam estar na lista de prioridades em uma cidade, uma vez que a preocupação com o meio ambiente é crescente. O assunto chamou a atenção do formando de Engenharia Civil Sascha Colussi e de seu orientador, professor Maycon Almeida. Os dois produziram um estudo analisando a qualidade da água subterrânea no entorno do aterro sanitário de Cascavel e encontraram concentrações de metais acima do que é permitido pelas normas.
Foram coletadas amostras de água em poços de monitoramento entre abril de 2017 e maio de 2018, obtendo-se dados para os parâmetros pH, cloreto, nitrito, chumbo total, cromo, ferro, mercúrio total e zinco. “A intenção da pesquisa foi determinar se a técnica de impermeabilização utilizada no aterro sanitário de Cascavel estava sendo realmente efetiva, uma vez que, não exercendo o papel planejado, estará afetando o meio ambiente e possivelmente a água subterrânea ali presente, o que pode causar danos à população, devido à diminuição da qualidade da água e aumento da transmissão de doenças”, detalha Sascha no trabalho.
O aterro sanitário de Cascavel recebe diariamente cerca de 250 toneladas de lixo urbano e a coleta é feita por uma empresa terceirizada. “Seu funcionamento teve início no ano de 1995, com a abertura das primeiras células localizadas ao norte, que receberam impermeabilização simples através da compactação do solo local. Após o encerramento dessas, todas as células que foram abertas na área do aterro receberam a impermeabilização composta, feita com uso da geomembrana em conjunto com o solo compactado”, complementa.
Na pesquisa, foram encontrados valores elevados de ferro e mercúrio total em três dos oito poços analisados, sendo o poço Nº 3 o mais crítico. “As possíveis origens das inconformidades encontradas podem ser problemas na impermeabilização, recobrimento das células e no sistema de coleta do chorume, que acabam facilitando a percolação (movimento descendente da água no interior do solo) de líquidos através do solo. Deve haver maior controle do recobrimento e impermeabilização das células, bem como manutenção do sistema de coleta e transporte do chorume, para que todos os líquidos produzidos nas células sejam, de fato, enviados às lagoas de tratamento. Essas concentrações, na maioria, apresentaram-se em áreas mais próximas do local aonde eram depositados os lixos antigamente (1990-2007). Agora, com essa área já encerrada, é que começamos a ver as consequências do depósito sem o devido controle e gerenciamento do lixo. Entretanto, os resultados não foram alarmantes, somente um pouco acima do permitido, sendo necessários maiores estudos para a confirmação e determinação das origens das contaminações”, esclarece Sascha.
O futuro engenheiro civil reconhece o grande aprendizado obtido com a pesquisa. “Durante a formulação de meu TCC tive que ler muitos artigos, para que pudesse entender certas áreas que não eram do meu meio durante a faculdade, com isso, atualmente acho mais fácil pegar textos e livros de áreas que não são de meu conhecimento e me aprofundar no assunto, para que possa aumentar meu currículo pessoal bem como o profissional”, finaliza.