ACIDENTE AÉREO

Voo 2283: Associação dos familiares será registrada e “cobrará as respostas”

Nesta segunda-feira (9) o trágico acidente aéreo do Voo 2283, em Vinhedo (SP) completou um mês e muitas dúvidas não foram esclarecidas. Foto: Divulgação
Nesta segunda-feira (9) o trágico acidente aéreo do Voo 2283, em Vinhedo (SP) completou um mês e muitas dúvidas não foram esclarecidas. Foto: Divulgação

Cascavel – Nesta segunda-feira (9) o trágico acidente aéreo do Voo 2283, em Vinhedo (SP) completou um mês e muitas dúvidas não foram esclarecidas do que aconteceu naquela sexta-feira para que causasse a queda da aeronave ATR72, que acabou tirando a vida de 62 pessoas, entre passageiros e tripulantes.

Para buscar essas respostas foi criada a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo 2283 Voepass, que nesta semana será registrada oficialmente.

Adriana Ibba é vice-presidente da associação e mãe da pequena Liz Ibba dos Santos, de três anos, uma das vítimas da tragédia. Ela relatou que a associação nasceu da necessidade de todos familiares terem acesso às informações e saberem o que é de direito que são as respostas para as perguntas do que ocorreu naquele dia que acabou causando a queda da aeronave. “Sabemos que se estivermos organizados ganhamos representatividade e acaba sendo um canal de comunicação, porque acabamos tendo muita dificuldade ao acesso às informações”, reforçou.

Ibba relatou que na última sexta-feira (6) um grupo de cerca de 70 pessoas, entre familiares e advogados, acompanhou uma reunião em Brasília, sobre a análise preliminar do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) Organização Militar da Força Aérea Brasileira (FAB).

No encontro foi repassada uma simulação de diversos ângulos que mexeu com o emocional de todos familiares que sofrem ao pensar no que sofreram os entes queridos na queda da aeronave. O relatório foi inicialmente apresentado aos familiares e, na sequência, divulgado por meio de coletiva de imprensa.

“Por duas vezes foi relatado durante a gravação da comunicação sobre o problema do degelo”, relatou a jornalista. Ela disse que foi repassado que a investigação ficará a cargo da Polícia Federal de Campinas e que, a associação fará o possível para ter acesso às informações, mesmo sabendo que grande parte delas é sigilosa. “Por isso da importância da nossa união, porque entendemos que é um direito nosso, mas as informações são bem escassas e o processo bem burocrático”, disse.

Ibba afirmou que eles não medirão esforços e que sabem que estão tratando com a maior companhia aérea da América latina, que tem um grande poder político e econômico, mas que se for comprovado que houve falhas é crucial que isso seja investigado e que as pessoas respondam pelos crimes. “Existem muitas questões a serem investigadas e isso precisa vir à tona e a associação vem para garantir o direito do esclarecimento a tudo que envolva o acidente dos nossos familiares”, frisou.

Possíveis falhas

Ibba falou que o relatório do Cenipa ficou bastante claro, já que na reunião, pelo menos duas vezes que os gravadores de voz registraram o piloto e o copiloto falando sobre gelo severo. Esse sistema chama CDR, que é o sistema de comunicação da cabine e que o piloto em comando comentou, através do CDR, que existia ali uma falha do sistema de airframe.

Outro momento também, dois minutos antes da queda, o copiloto comenta ‘bastante gelo’ e que duas vezes num voo de uma hora e dez minutos que houve essa comunicação sobre o gelo. “Entendemos que não foi apenas um erro, que foram vários fatores que levaram a esse trágico acidente, mas estamos falando de um acidente de magnitude que há 17 anos não acontecia no Brasil”, reforçou.

Sequência de eventos

De acordo com o Cenipa, o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20 (horário de Brasília). No entanto, a partir das 13h21, a aeronave deixou de responder às chamadas do Centro de Controle de Aproximação. A perda do contato radar ocorreu às 13h21, e o momento da colisão contra o solo ocorreu às 13h22.

Durante os trabalhos da coleta de dados, a comissão de investigação identificou uma sequência de eventos que antecederam a colisão da aeronave contra o solo, um trabalho realizado com base nas informações coletadas durante a ação inicial, bem como no gravador de dados de voo e no gravador de voz da cabine.

Com base nos dados obtidos por meio das gravações, das informações colhidas junto ao operador da aeronave e do seu fabricante, a investigação deverá seguir três principais linhas de ação: fatores humanos – que deverá explorar os condicionantes individuais, psicossociais e organizacionais relacionados ao desempenho da tripulação técnica; fator material – que investigará a condição de aeronavegabilidade e fator operacional – que analisará os aspectos relacionados ao desempenho técnico dos tripulantes.