Foz do Iguaçu A sessão de ontem da CPI instaurada pela Câmara de Foz do Iguaçu para investigar o esquema de propina desvendado pela Operação Pecúlio não transcorreu exatamente da forma como seus membros esperavam. Dos seis denunciados convocados para depor, quatro ficaram o tempo todo em silêncio, negando-se a responder as perguntas a eles formuladas.
A imagem que passaram foi de que precisamos ir mais a fundo nas investigações. Queríamos mais colaborações para as investigações, comentou o presidente Dilto Vitorassi (PV), ressaltando, no entanto, que os empresários Paulo Gorski e Paulo Cezar Araújo, únicos que aceitaram falar aos vereadores, foram bastante esclarecedores. Rafael Sperfeld, Vilson Sperfeld, Fernando Bijari e Edson Dutra nada disseram.
Fiquei com a impressão de que as denúncias da Polícia Federal fazem sentido. Fiquei insatisfeito com a conduta dos depoentes que ficaram calados, comentou Nilton Bobato (PCdoB). Temos que prosseguir o nosso trabalho para esclarecer os fatos à população, reforçou Edílio DallAgnol (PSC).
PRÓXIMOS PASSOS
Ao final das oitivas de ontem os vereadores que integram a CPI realizaram uma reunião para definir o aprofundamento da investigação. Eles decidiram solicitar cópias dos processos licitatórios das empresas implicadas e também convocar o superintendente do Fozhabita, Valmir Leal Griten, para depor no próximo dia 13. Para a próxima segunda-feira já estavam agendados os depoimentos e Evori Paztlaf, ex-secretário municipal de Obras, e do atual diretor de Pavimentação, Rui Alberto Huaenstein.
ATO DE DESESPERO
O advogado Maurício Defasi, responsável pela defesa dos investigados, se posicionou sobre a gravação em que o empresário cascavelense Paulo Gorski aparece supostamente falando sobre um pagamento em dinheiro ao prefeito Reni Pereira. Os áudios gravados são um ato de desespero do empresário, que realizou R$ 1 milhão em obras e recebeu apenas R$ 100 mil. Nenhuma empresa aguenta, tem fornecedores e funcionários para pagar, sustentou.
NEUTRALIZAÇÃO
A Polícia Federal sustenta que as gravações feitas com autorização da Justiça durante a investigação da Operação Pecúlio comprovam que o prefeito Reni Pereira (PSB) envidou esforços pessoais no sentido de acalmar os ânimos na Câmara Municipal durante o trabalho realizado pela CPI das Finanças, instaurada ano passado pela Câmara. Num dos trechos Reni diz a Melquizedeque Souza: “Consegui resolver metade das nomeações dos vereadores”. O ex-secretário questiona: “Conseguiu?”. O prefeito continua: “É, mas vamo ter que arrumar função para eles. Ficou tudo como assessor especial (sic)”. A conversa indicaria a nomeação de apadrinhado de alguns vereadores.