Cotidiano

Setembro Amarelo: Dialogar, acolher e amar são a base para manter o “equilíbrio” do corpo e da alma

Depressão, suicidio
Depressão, suicidio

Uma boa estratégia para chamar a atenção da sociedade para problemas que precisam de um cuidado mais especial, é atribuir “cores” aos meses do ano, intensificando ações de prevenção e conscientização sobre o tema proposto. Neste sábado, 10 de setembro, é o “Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio”, que traz a cor amarela ao mês de setembro, quando diversas ações realizadas durante todo o mês, abordando um tema considerado “problema de saúde pública”.

Os índices de suicídio no Brasil são bastante preocupantes e também presente de forma crescente em todos países do mundo. Uma das principais causas, que levam uma pessoa a tirar a própria vida é a depressão, considerada como a “doença do século”. Depressão, automutilação e o suicídio, infelizmente, passaram a atingir públicos que antes não apareciam nos índices, entre eles, crianças e adolescentes. Por isso, é importante falar e alertar a sociedade para debater do problema, oferecendo ajuda para quem precisa.

 

Setembro Amarelo

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, organiza então em território nacional, a campanha “Setembro Amarelo”, maior ação anti-estigma do mundo que neste ano traz o tema “A vida é a melhor escolha!”.

No Brasil, são registrados cerca de 14 mil casos por ano, e essa é a quarta causa de morte entre os jovens de 15 a 29 anos, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), ou seja, em média 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Praticamente, 100% de todos os casos de suicídio estão relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Dessa forma, a maioria dos casos poderia ter sido evitada se esses pacientes tivessem acesso ao tratamento psiquiátrico e informações de qualidade.

 

Importância do tratamento

Para falar sobre o assunto, a reportagem do Jornal O Paraná conversou com a terapeuta e pastora Débora Dal Molin de Souza. “Saúde mental é a doença da alma e isso deve ser tratado e visto de uma forma bastante séria. O Brasil é o país mais ansioso do mundo e depois da pandemia, o problema se agravou ainda mais. O suicídio deve ser falado, tratado e prevenido”, disse.

Para a terapeuta, no caso das crianças, é importante observar que muitos estão muito expostas as telas (celulares, computadores, TVs e tablets) e, por isso, os pais e responsáveis devem manter os olhos atentos aos relacionamentos e aos conteúdos. Debora de Souza, observa ainda que quando o extremo acontece – o suicídio, ele não tem apenas um fator ou problema único, mas é fruto do conjunto de diversos fatores. “A correria do dia a dia acaba piorando isso; é a troca do importante pelo urgente”, alerta.

E neste contexto, a terapeuta reforça que terapia tem que ser encarada como um investimento do ser humano e não num custo, já que a alma – ou emoção – precisa, sim, de muitos cuidados. “É preciso entender que quando falamos de alma, estamos falando das nossas emoções. O ser humano é trino: tem corpo, alma e espírito”.

É na terapia que a pessoa vai poder relatar todos os seus problemas e suas angústias, sem ser julgada, mas acolhida pelo profissional. A partir disso, então, inicia a busca da solução para os conflitos pessoais, familiares ou de qualquer outra natureza. “É durante este momento que a pessoa será acolhida de uma forma empática, com uma escuta qualificada, sendo orientada com técnicas apropriadas, já que está recorrendo a um profissional”, salientou Débora de Souza, reforçando que o profissional devidamente preparado, além de ter a “escuta qualifica” para identificar os pontos principais que necessitam de uma intervenção, pode orientar também o acompanhamento de um psiquiatra, completando o ciclo do tratamento.

“Cuidamos do corpo, mas quando são doenças das emoções, muitas pessoas acabam tendo resistência a isso. É importante ter uma rede de apoio com a família e amigos”, complementou.

 

Quebra de preconceitos

Outro importante ponto citado pela profissional, é que alguns preconceitos que ainda resistem nos dias atuais precisam ser quebrados. Ela cita como exemplo o próprio dito popular de que “homem não chora”. Debora ressalta, entre os homens, o índice é bastante alto e alarmante. “Temos que deixar de lado alguns jargões, entre eles, de que homem não chora, porque toda pessoa tem sentimentos e precisa construir um emocional sólido”, reforçou.

E mais uma vez lembrou que é preciso buscar ajuda, acreditar no tratamento, inclusive quando há indicação do acompanhamento pelo psiquiatra e fazer o caminho inverso ao isolamento. “Problemas existem sim e, muitas vezes sozinho ou apenas a família não dá conta: é preciso buscar um profissional que está preparado e vai saber como ajudar”.

 

Fé é a base de tudo

Débora de Souza, que além de terapeuta também é pastora, reforça que todo ser humano é composto de corpo, alma e de espírito e que, por isso, um dos principais caminhos para uma vida saudável é manter o equilíbrio. Manter a fé viva é um bom caminho para percorrer. “Dificuldades todos têm; não existem relações perfeitas, o que muda é a forma que cada um administra isso”, pontuou, lembrando que “manter viva suas crenças e sua fé em Deus é parte importante do processo”.

Pela importância desse equilíbrio, a terapeuta destaca ainda que, quando existe um problema com um dos membros da família, é sempre importante primeiro dialogar, criar uma rede de apoio, quebrando os paradigmas, amando e respeitando o próximo, unindo as pessoas para ajudar a quem precisa.

 

CVV presta apoio 24 horas

O CVV Centro de Valorização da Vida) é uma rede de apoio para aqueles que precisam de ajuda e que está ativa 24 horas por dia. Fundado em São Paulo, em 1962, é uma associação civil sem fins lucrativos, filantrópica, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973. O CVV Presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato.

A instituição é associada ao Befrienders Worldwide, que congrega entidades congêneres de todo o mundo, e participou da força tarefa que elaborou a Política Nacional de Prevenção do Suicídio, do Ministério da Saúde, com quem mantém, desde 2015, um termo de cooperação para a implantação de uma linha gratuita nacional de prevenção do suicídio.

A linha 188 começou a funcionar no Rio Grande do Sul e, em setembro de 2017, iniciou sua expansão para todo o Brasil, que foi concluída em 30/06/2018, com a integração de todos os estados.

Os contatos com o CVV são feitos pelos telefones 188, durante 24 horas por dia e sem custo de ligação, pessoalmente em mais de 120 postos de atendimento ou pelo site, por chat e e-mail. Nestes canais, são realizados mais de 3 milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 4000 voluntários, localizados em todo o país.