Cotidiano

Série lembra jornais alternativos e clandestinos que desafiaram ditadura

ColagemIMPRENSA.jpgRIO – Era 1986 quando o jornalista Ricardo Carvalho realizou o documentário ?Impressões do Brasil ? A imprensa brasileira através dos tempos?. De lá para cá, ele participou de outros projetos e abriu sua própria produtora, até que, em 2012, numa conversa com José Luiz del Roio, descobriu que esse ativista social e historiador possuía uma coleção, feita por conta própria, de inúmeros exemplares de jornais alternativos e clandestinos que circularam pelo país no período da ditadura militar.

? Quando ele me falou isso, imediatamente uma luz acendeu. Eu conhecia a imprensa alternativa, muito pouco da imprensa clandestina e nada da imprensa de exílio. E ele tinha tudo ? explica Carvalho.

Com o material em mãos, o diretor levou a ideia ao Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo, de onde saiu com uma série de dez programas de meia hora que constituem ?Resistir é preciso?, atração que estreia hoje, às 18h, no History. O programa tem narração de Othon Bastos e resgata trechos da história do país a partir de publicações e depoimentos de jornalistas, escritores e ativistas que usaram a imprensa escrita para exercer resistência ao golpe de 1964 e enfrentar a repressão policial.

A cronologia da série começa com o ?Correio Braziliense?, o primeiro jornal brasileiro, editado em Londres, já que era vetado pela Corte Portuguesa. E traz a história de publicações como ?PifPaf?, a primeira revista brasileira a circular depois do golpe, ?O pasquim?, ?Bondinho?, ?Opinião?, ?Brasil mulher?, ?Lampião?, primeiro jornal gay do país, e ?Varadouro?, um pioneiro jornal alternativo feito na Amazônia, onde foi publicada a primeira entrevista do seringueiro Chico Mendes, morto em 1988.

? O jornal sempre foi o elo das pessoas com a resistência e a liberdade. Nunca se deu muita atenção à imprensa alternativa. Interessante é o modo que as pessoas encontravam para que as publicações passassem pela censura ? observa Carvalho.

Ele entrevistou mais de 60 jornalistas e contou com uma grande equipe na pesquisa, que durou mais de um ano:

? É uma luta que, só quando a gente coloca sob a lente da História, vê como foi importante.