Cascavel – Criado há 12 anos para atender famílias de baixa renda com o objetivo de diminuir os índices de pobreza, o Bolsa Família é responsável pelo repasse de mais de R$ 830 mil mensais a parte da população cascavelense.
No entanto, diferente do que se imagina, uma fatia desse valor não deveria ser repassado, já que algumas famílias não possuem o perfil social nem a necessidade de receber o benefício. Segundo denúncia recebida por O Paraná, não raros são os casos em que pessoas que moram em casa própria e têm uma boa renda conseguem, burlando o sistema, receber um dinheiro extra da União.
Uma fonte ligada a uma instituição onde podem ser feitos saques destes recursos, que preferiu não se identificar, diz que casos de políticos e empresários beneficiados não são raridade.
“A pessoa usa documentos de quem realmente precisaria, paga um valor ‘x’ ou consegue por meio de amizades, ganhar a quantia de R$ 100 em média”, denuncia a fonte.
O funcionário da casa lotérica, que procurou a reportagem, disse que as condições financeiras de quem chega na boca do caixa para sacar o valor não condiz com as supostas necessidades.
“Imagino que não deve haver fiscalização, porque não é apenas um ou dois casos. Já entrei em contato com os responsáveis, passei o número do benefício, mas isso continua ocorrendo”.
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Como funciona
A reportagem de O Paraná entrou em contato com a Prefeitura de Cascavel questionando a respeito de quantas pessoas são beneficiadas e de como é feita a fiscalização. Segundo a assessoria de imprensa, o município faz o Cadastro Único da família, que é autodeclaratório, e quem realiza a seleção das famílias para receber o benefício é o governo federal.
Quando a família se torna beneficiária ela passa por um período de revisão cadastral a cada 24 meses ou pela averiguação cadastral, outra ferramenta de identificação.
Essa averiguação é feita quando o governo encontra inconsistência nas informações declaradas no Cadastro Único que são cruzadas com outros sistemas. Constatada a anomalia, é encaminhada uma carta à família para regularizar a situação. Em alguns casos ainda é solicitada a atualização cadastral em visita domiciliar.
Além do Bolsa Família, os beneficiários com renda de até três salários mínimos incluídos no Cadastro Único participam de outros 27 programas. Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Social, em Cascavel, quase 9% das pessoas são beneficiadas com o programa.
Conforme o cadastro, em dezembro de 2015 eram 6.582 famílias que receberam, em média, R$ 126,33 cada. O Ministério leva em conta que cada família é composta em média, por quatro indivíduos. Ou seja, 26.328 pessoas atendidas de forma direta pelo programa em Cascavel.
De acordo com dados da Secretaria de Assistência Social, os locais onde se concentra o maior número de beneficiários são os bairros que compõe o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) do Interlagos, Periollo e Santa Cruz.
(Com informações de Tissiane Merlak)
